"Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido" Malcom X

quinta-feira, 2 de março de 2006

Aos chargistas dinamarqueses

Matéria publicada no site do IESB:
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Por Rodrigo Araújo

A ARTE DE INFORMAR E DIVERTIR
Charge traduz, nas páginas dos jornais, a irreverência da notícia

Kácio, 43 anos, chargista do Correio Braziliense, acha que a profissão nos grandes veículos é razoável. “O desenhista tem de ir atrás de divulgar o seu trabalho, vender seu peixe, se expor. Particularmente não conheço nada que seja fácil, tem que ralar muito, tem que aprender a negociar, mostrar qualidade no trabalho”, diz.

Em relação à tecnologia empregada para fazer uma charge, Kácio compara o computador à máquina de escrever. “É outra ferramenta, se você não dominar você está fora. Tem que aprender o que aparece de novo”, explica.

Desenhar é o ato que geralmente todas as crianças fazem. Umas continuam, outras não. Kácio começou a desenhar com 14 anos e trabalha para o Correio Braziliense há cerca de 23 anos. O primeiro trabalho foi para o tio funcionário de uma agência de publicidade, a Propeg, do Rio de Janeiro.

Para ele o humor é facilmente assimilado pelas pessoas. “Ainda mais na nossa cultura, fazer piadinhas, brincar com o outro sempre é engraçado. E esse é o tipo de humor que informa. É uma crítica dentro do real que acontece. Acho que nunca acabará”, comenta Kácio.

Enquanto o texto se aprofunda em determinados assuntos, a charge faz uma crítica bem humorada e um balanço da opinião. Às vezes é objetiva e punitiva.

Oscar, 43 anos, também é chargista do Correio. Trabalhou para vários jornais de Brasília. Ultimamente, desenha para o site Charge Online. Foi afastado, há dois anos, do Correio por ter desenhado sobre o conflito Israel x Palestina. “Existe todo um poder econômico por trás. Determinados assuntos não podem ser tocados. A charge é a parte mais vista em um jornal. Ela é muito visada. Ela toca na ferida”, diz Oscar. Caso semelhante ocorreu no folhetim Pasquim, um jornal de críticas e charges bem humoradas, fundado em junho de 1969. Foi punido por fazer uma piada sobre a Independência do Brasil. Os desenhistas Jaguar e Ziraldo foram presos.

Para quem quiser entrar no mundo da charge, aí vai uma dica. O desenho jornalístico se divide em três áreas: A charge, que é imediata, mostra a notícia do momento político. O cartum, que são assuntos mais abrangentes que não precisam ser necessariamente sobre a atualidade política. E a caricatura, que é o retrato da pessoa deformada, destorcida.

Na opinião de Oscar, a pessoa que quiser ser chargista não precisa saber desenhar. “Tem que ter humor na veia, porque o desenho é apenas uma parte da charge. Tem que ter um pouco de senso crítico, senso de humor e acompanhar os fatos e acontecimentos”, comenta.

Charge no Brasil tem história

O Brasil tem grandes chargistas, entre eles, a turma do Pasquim, Ziraldo, Jaguar, Millôr Fernandes, Henfil, entre outros. Aspiravam por uma publicação que satirizasse o opressivo e desconjuntado dia-a-dia nacional. No passado, brilhou o cartunista Péricles, que fez história com seu personagem Amigo da Onça. Estreou nas páginas da revista O Cruzeiro, em 1944.
Nos anos 80, uma nova turma de desenhistas e jornalistas coloriram as páginas das revistas brasileiras de humor satírico. O Chiclete com Banana, casseta & planeta, Bob cuspe, Rê Bordosa, Piratas do Tietê, foram exemplos de publicações que fizeram a cabeça dos jovens. A maioria desses desenhistas foram trabalhar na TV. Entre eles, Laerte (Piratas do Tietê), Glauco (Geraldão) e Angeli (Chiclete com Banana). Juntos criaram a TV Colosso, um programa infantil que era transmitido pela Rede Globo. Em Brasília sugiram nomes como Kácio, Oscar, Guito, Kleber, Lane, Lopes, Giacomo, entre outros.

http://www.iesb.br/grad/jornalismo/na_pratica/noticias_detalhes.asp?id_artigo=509

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