"Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido" Malcom X

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Violência contra homossexuais

Do Com Texto Livre:



Por Dráuzio Varella


A homossexualidade é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados. Nesse sentido, não existe aspecto do comportamento humano que se lhe compare.
Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência à existência de mulheres e homens homossexuais. Apesar dessa constatação, ainda hoje esse tipo de comportamento é chamado de antinatural.
Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (ou Deus) criou órgãos sexuais para que os seres humanos procriassem; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela (ou Ele).
Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais? E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?
Se a homossexualidade fosse apenas perversão humana, não seria encontrada em outros animais. Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de espécies de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.
Em virtualmente todas as espécies de pássaros, em alguma fase da vida, ocorrem interações homossexuais que envolvem contato genital, que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.
Comportamento homossexual envolvendo fêmeas e machos foi documentado em pelo menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.
Relacionamento homossexual entre primatas não humanos está fartamente documentado na literatura científica. Já em 1914, Hamilton publicou no Journal of Animal Behaviour um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre machos dessas espécies. Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.
Masturbação mútua e penetração anal fazem parte do repertório sexual de todos os primatas não humanos já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.
Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas rigorosas.
Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela simples existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por capricho individual. Quer dizer, num belo dia pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas como sou sem vergonha prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.
Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante? Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.
A sexualidade não admite opções, simplesmente é. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.
Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade. Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países fazem com o racismo.
Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais na vizinhança, que procurem dentro das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje. Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal costumam aceitar a alheia com respeito e naturalidade.
Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.
Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser fascistas a ponto de pretender impor sua vontade aos que não pensam como eles.
Afinal, caro leitor, a menos que seus dias sejam atormentados por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher? Se o vizinho dorme com outro homem? Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu trinta anos?

* Dráuzio Varella é médico.

sábado, 25 de junho de 2011

Anisitia não encontra evidências sobre as acusações de abusos cometidos por apoiadores de Gaddafi

Desde que a Anistia Internacional recebeu as primeiras denúncias de violações na Líbia, ainda em fevereiro (procurem no Google), declarações de seus representantes dizendo que "iniciariam imediatamente investigações na região" ou de que "estavam encontrando evidências de que as tropas líbias usavam o estupro como arma" correram mundo afora em todos os canais midiáticos.

Agora, que o relatório com o resultado das investigações da mesma entidade foi divulgado, praticamente não vi notícias sobre ele com exceção de um ou outro comentário breve que, ou tenta desqualificá-lo ou destaca apenas os dados que refletem "dúvidas" sobre as informações coletadas. 

Essa "estranha coincidência" pode ser compreendida com vídeos (disponíveis aos montes na internet) como o que oferece  uma detalhada descrição de como as grandes redes de TV legendam as cenas de ataque de rebeldes contra o povo líbio (claramente identificados pelas bandeiras verdes dos apoiadores do governo) como sendo o oposto, ou seja, "ataques das forças pró-governo contra os rebeldes". Um vídeo mostra um menino recebendo atendimento médico (imagens fortes), capturado por forças rebeldes de Misurata e empalado com a haste da bandeira verde (pró-governo) que carregava. Não há imagens semelhantes de tais práticas por parte das tropas líbias. Mesmo assim, violações cometidas pela oposição, muitas postadas na internet com "orgulho" pelos próprios rebeldes, não são consideradas pautas relevantes para a maior parte da imprensa.

Esta mesma "linha editorial" que distorce os fatos ao invés de apenas narrá-los como deveria, é a que ajuda a produzir outras atrocidades pelo mundo como as que vem ocorrendo em Gaza. O governo israelense declarou hoje que os jornalistas que pretendem participar da próxima flotilha humanitária ficarão dez anos sem permissão para entrar em Israel. Sobre o fato do maior aliado do projeto americano ameaçar toda a imprensa internacional, também não há muita repercussão.


Anisitia não encontra evidências sobre as acusações de abusos cometidos por apoiadores de Gaddafi


Fonte: http://www.independent.co.uk/news/world/africa/amnesty-questions-cl...

Por Patrick Cockburn

Organizações de direitos humanos lançaram dúvidas sobre as alegações de violações em massa e outros abusos cometidos por forças leais ao coronel Muammar Gaddafi, que têm sido amplamente utilizados para justificar a guerra da Otan na Líbia.

Os líderes da Otan, os grupos de oposição e da mídia produziram um fluxo de histórias desde o início da insurreição em 15 de Fevereiro, alegando dentre outras coisas que o governo líbio havia ordenado estupros em massa utilizando mercenários estrangeiros e empregando helicópteros contra manifestantes civis.

Mas a investigação da Anistia Internacional não conseguiu encontrar provas para essas acusações de violação dos direitos humanos e na maioria dos casos lançou dúvidas sobre elesA anistia encontrou também indícios de que em várias ocasiões, os rebeldes em Benghazi parecem ter deliberadamente feito declarações falsas ou manipulado as evidências.

As descobertas pelos investigadores parecem estar em desacordo com o parecer do procurador do Tribunal Penal Internacional, Luis Moreno-Ocampo, que há duas semanas, disse em uma coletiva de imprensa que "nós temos a informação de que havia uma política de estupro na Líbia contra os que eram contrários ao governo. Aparentemente, ele [o coronel Gaddafi] usou os estupros para punir o povo."

A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton disse na semana passada que estava "profundamente preocupada" com o fato de que as tropas de Gaddafi estavam participando de estupros na Líbia.

Donatella Rovera, conselheira sênior de crise da Anistia Internacional, que estava na Líbia nos últimos três meses desde o início do levante, disse que "nós não encontramos qualquer evidência ou uma única vítima de estupro ou um médico que tenha informações a respeito de alguém que fora estuprada".

Liesel Gerntholtz, chefe dos direitos da mulher da Human Rights Watch, que também investigou a acusação de estupro em massa, disse: "Nós não fomos capazes de encontrar provas".

Em um exemplo, dois soldados pró-Gaddafi capturados pelos rebeldes e apresentados à imprensa internacional, acusaram seus oficiais, e mais tarde se reconheceram culpados, de terem estuprado uma família com quatro filhas. Ms Rovera diz que quando ela e um colega, ambos fluentes em árabe, entrevistaram os dois detidos, um de 17 anos e um 21, sozinho e em quartos separados, eles mudaram suas histórias e deram diferentes versões do que tinha acontecido. "Os dois disseram que não haviam participado do estupro e apenas ouviram falar sobre isso", disse ela.

Aparentemente a mais forte evidência de estupros em massa parecia vir de um psicólogo, líbio, Dr Seham Sergewa, que diz que distribuiu 70 mil questionários em áreas controladas pelos rebeldes e ao longo da fronteira da Tunísia. 259 mulheres voluntariamente declararam que haviam sido estupradas. Mas perguntado por Diana Eltahawy, especialista da Anistia Internacional para a Líbia, se seria possível encontrar qualquer uma dessas mulheres, Dr Sergewa respondeu que "tinha perdido o contato com elas" e foi incapaz de fornecer provas documentais.

As acusações que o remédio Viagra foi distribuído às tropas Gaddafi para incentivá-los a estuprar mulheres em áreas rebeldes surgiu pela primeira vez em março, depois que a Otan destruiu tanques avançando sobre Benghazi. Ms Rovera afirmou que rebeldes falando com a imprensa estrangeira em Benghazi, começaram a mostrar aos jornalistas pacotes de Viagra, alegando que eles foram obtidos nos tanques queimados, embora não esteja claro por que os pacotes não estavam carbonizados.

Rebeldes têm repetidamente acusado de que tropas mercenárias da África Central e Ocidental têm sido usadas contra eles. A investigação da Anistia também descobriu que não havia evidências para isso. "Aqueles apresentados para jornalistas estrangeiros como mercenários foram mais tarde libertados discretamente", diz Ms Rovera. "A maioria era de sub-saarianos que trabalhavam na Líbia sem documentos". Outros não tiveram tanta sorte e foram linchados ou executados. A Anistia Internacional encontrou corpos de migrantes no necrotério de Benghazi e outros  jogados na periferia da cidade. Nenhum deles trabalhava para as tropas do governo.

A intervenção da Otan se iniciou em 19 de Março com ataques aéreos para proteger as pessoas em Benghazi de um massacre das tropas pro-Gaddafi. Não há dúvida de que muitos civis esperavam serem mortos. "Mas não há nenhuma prova de assassinato em massa de civis na escala do que acontece no Iêmen, por exemplo".

A maioria dos combates durante os primeiros dias da revolta estava em Benghazi, onde de 100 a 110 pessoas foram mortas em conflitos diretos com as tropas, e na cidade de Baida, para o leste, onde 59-64 foram mortos, diz a Anistia. A maioria deles eram manifestantes armados.

Vídeos amadores mostram soldados líbios capturados sendo mortos e esfolados. Oito corpos carbonizados foram encontrados nas ruínas do quartel-general militar em Benghazi, podendo alguns serem de meninos que desapareceram naquela época. O que reforça as denúncias de moradores das regiões em conflito que alegam que os rebeldes  ameaçavam as famílias da região caso demonstrassem apoio ao coronel Gaddafi.

Não há nenhuma evidência de que aeronaves ou pesadas armas anti-aéreas foram utilizadas contra a multidão. Cartuchos encontrados por manifestantes eram de de Kalashnikovs ou armas de calibre similar. 



O relatório da Anistia Internacional acrescenta que "a maior parte da cobertura da mídia ocidental, desde o início apresentou uma visão unilateral na lógica dos eventos, retratando o movimento de protesto como inteiramente pacífico e repetidamente sugerindo que as forças do regime de segurança inexplicavelmente massacravam manifestantes desarmados".

domingo, 12 de junho de 2011

2º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas


A programação oficial do II Encontro Nacional dos Progressistas (BlogProg), construída de forma coletiva e democrática, tem como eixo principal a luta pela democratização dos meios de comunicação, por um novo marco regulatório para o setor e pela implantação e aperfeiçoamento do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Além disso, ela contempla, em várias oficinas, inúmeros temas de interesse da blogosfera. A programação ainda poderá sofrer alguns ajustes. Um deles é a inclusão de uma palestra do ex-presidente Lula, que já confirmou a presença no encontro, mas ainda não formalizou sua participação.
Data: 17, 18 e 19 de junho
Local: Centro de Convenção da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC)
SGAS. Avenida W-5, Quadra 902, Bloco C – Telefone: (61) 3214-8000

Dia 17 de junho, sexta-feira
17 horas – Início do credenciamento.
19 horas – Palestra do ministro Paulo Bernardo sobre os desafios da comunicação no governo Dilma Rousseff;
21 horas – Festa de confraternização.

Dia 18 de junho, sábado
9 horas – A luta por um novo marco regulatório da comunicação.
- Deputada Luiza Erundina – coordenadora da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão;
- Jurista Fábio Konder Comparato – autor da Ação de Omissão (ADO) do Congresso Nacional na regulamentação da comunicação;
- Professor Venício Lima – autor do livro recém-lançado “Regulação das comunicações”.
14 horas – Oficinas autogestionadas e simultâneas.
1- Os partidos e a luta pela democratização da comunicação.
- José Dirceu (PT), João Arruda (PMDB), Brizola Neto (PDT), Renato Rabelo (PCdoB), Randolfe Rodrigues (PSOL) – mediação: José Augusto Valente;
2- O sindicalismo na era da internet.
- Artur Henrique (CUT), Luis Carlos Mota (FS), Nivaldo Santana (CTB), Ricardo Patah (UGT), Ubiraci Dantas (CGTB) e Toninho (Diap) – mediação: Rita Casaro;
3- A política da internet, tecnologias e a neutralidade na rede.
- Sérgio Amadeu, Marcelo Branco, José Carlos Caribé, Tatiane Pires – mediação: Ricardo Poppi
4- “Arte, humor, militância e compromisso: agora por nós mesmos. Compartilhando experiências”.
- Mediação: Sérgio Teles e Paula Marcondes;
5- Reforma agrária e as perspectivas na comunicação.
- Gilmar Mauro, Rodrigo Vianna, Letícia Silva, Sergio Sauer – mediação: Igor Felippe;
6- Mulheres na blogosfera.
- Luka da Rosa, Amanda Vieira, Bia Cardoso – mediação: Niara de Oliveira;
7- Perseguição e censura contra a blogosfera.
- Paulo Henrique Amorim, Esmael Morais e Lino Bocchini – mediação: Altamiro Borges.
8- A militância digital e as redes sociais
- Eduardo Guimarães, Luis Carlos Azenha, Conceição Oliveira (Maria Frô) – mediação: Conceição Lemes.
• Oficina sobre ferramentas do blog – mesa: Marcos Lemos;

Dia 19 de junho, domingo
9 horas – reuniões em grupo: troca de experiência, balanço e desafios da blogosfera progressista;
14 horas – Plenária final: aprovação da carta dos blogueiros e constituição da nova comissão nacional organizadora.

Informações: Barão de Itararé

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Governo do Equador nacionaliza petrolífera estadunidense

Do blog Com Texto Livre:



O Estado equatoriano fechou por 74 milhões de dólares o acordo com a empresa estadunidense para sua saída do país, ao não se chegar a um acordo sob as condições estabelecidas pela nova lei de hidrocarburantes impulsionada pelo governo em finais de 2010.
A nova norma converte os contratos petrolíferos em contratos de prestação de serviço, e com o novo vínculo, o governo paga una tarifa fixa por cada barril extraído, considerando seus gastos de operação e uma margem razoável de lucros.
A empresa EDC se dedicava à exploração de gás no Golfo de Guayaquil, que servia para a geração de eletricidade de usina elétrica Machala Power, da qual era concessionária.
Agora ambas estarão sob o controle da Empresa Pública Petroequador e da Corporação Elétrica do Equador (Celec), e o pagamento se fez como reconhecimento aos trabalhos executados pela empresa depois da finalização do contrato em novembro passado.
Dos 74 milhões de dólares, 45 correspondem à plataforma de gás natural localizada a 65 quilômetros de Puerto Bolívar, e o restante à empresa energética Machala Power, que também passou às mãos do Estado equatoriano.
Essa soma será recuperada em 365 dias com a economia que gerará a não importação de diesel para a termoelétrica Machala Power que começará a operar com gás, segundo o anunciado por Correa.
"Aqui não estamos vivendo uma época de mudança, mas uma mudança de época, algumas vezes criando e outras recuperando o que sempre foi nosso", destacou o chefe de Estado.
"O gás no Golfo sempre foi nosso e devido a contratos mal desenhados e um mal entendido investimento estrangeiro, passou muito tempo em poder de uma empresa que não era equatoriana sem que tenha existido aumento da produção", enfatizou.
A falta de produção e seu não incremento, disse Correa, se deveu ao desenho "leonino" do contrato, ao estipular que se aumentasse o nível da produção tinha que aumentar a participação do Estado, pelo que a EDC manteve por uma década níveis baixos de produção.
Nacionalizando Machala Power agora poderemos, em curto prazo, incrementar a produção de gás, otimizar a geração utilizando esse combustível e criar excedentes para alimentar as indústrias, comentou Correa.
By: Prensa Latina

segunda-feira, 6 de junho de 2011

'Capitalismo não é a única opção para a humanidade'

Fonte: Pragmatismo Político

O professor e filósofo Slavoj Zizek
Em um determinado momento da Primeira Guerra Mundial, em uma trincheira, um soldado alemão envia uma mensagem informando que a situação por lá “era catastrófica, mas não era grave”. Em seguida, recebeu a resposta dos aliados austríacos afirmando que a situação deles era “grave, mas não catastrófica”.
Essa anedota é representada pelo filósofo Slavoj Zizek para explicar a atual falta de equilíbrio nas discussões sobre as crises mundiais e nas possíveis alternativas para solucioná-las. “Uns acham que vivemos uma situação catastrófica, mas que não é grave. Outros que a situação é grave, mas não catastrófica”, expôs o professor nascido na Eslovênia. 
Neste fim de semana, Zizek participou da conferência “Revoluções, uma política do sensível”, promovida pelo Instituto de Tecnologia Social, pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, pelo SESC-SP e pela Boitempo Editorial. Com bom humor e comentários ácidos e perspicazes, ele defendeu a importância de um debate alternativo à imposição do capitalismo como única lógica possível de organização. Também criticou a forma como as mídias e os governos pautam a discussão ambiental.
Durante o encontro, o professor explicou que a importância do trabalho filosófico está na prática de “destruição do pensamento dominante”. Ele alertou que é preciso colocar um fim à predominância da ideologia capitalista, já que a maioria das pessoas age como se não houvesse outra alternativa.
Comunismo como opção
“Os problemas que enfrentamos são comuns a todos nós, por isso o comunismo é uma alternativa. A utopia que temos hoje é acreditar que soluções isoladas é que vão resolver os problemas mundiais”, argumenta Zizek.
Para o filósofo, devemos pensar em uma forma de organização política que “esteja fora da lógica e das regras do mercado”. A República Democrática do Congo, segundo o professor, é um sintoma do capitalismo global. “É um Estado que simplesmente não funciona como Estado. Trata-se de uma série de áreas controladas por generais locais que mantêm contratos com grandes empresas internacionais”. 
Ele afirma que, a todo momento, dizem que comunismo é algo impossível. “Cientistas discutem aperfeiçoamentos genéticos que podem nos dar a imortalidade. Outros falam do uso da telepatia para operar aparelhos. Não podemos deixar que nos digam que o queremos é impossível!”, diz.
Capitalismo ético-social?
O capitalismo tem um enorme poder de absolver as críticas que recebe e de transformá-las em novas fontes de lucro, explica Zizek. “Hoje há uma espécie de capitalismo ‘ético-social’. Para você ficar com a consciência mais tranqüila, as grandes marcas dizem que 1% do valor do produto vai para crianças que passam fome ou para plantar mudas de árvores”, diz.
Ele esclarece que essa lógica é própria da filosofia norte-americana, que vende a ideia de que, assim, “estamos salvando o mundo”. E nos sentimos bem com isso.   
Os problemas capitalistas estão sendo vistos como problemas morais, esclarece Zizek. Para ele, o problema disso é que, a partir desta visão, as pessoas comecem a acreditar que punições ou soluções morais são suficientes para resolver os problemas provocados pelo capitalismo.
“Vejam como o presidente (dos EUA, Barack) Obama tratou a questão do vazamento de petróleo no México. Um problema ambiental foi transformado em um problema legal. Discutiu-se o se a empresa teria de recompensar e de quanto seria essa multa. É ridículo tratar um caso desses como uma simples questão legal”, exemplifica.
A crise ambiental
Quando a preocupação com a degradação ambiental ganhou força, a mídia dizia que isso era coisa de comunista que estava arrumando uma desculpa para criticar o capitalismo, conta o filósofo. “Agora há um discurso mais ambíguo, os canais de comunicação dizem, por exemplo, que quando as camadas de gelo derreterem, vai ficar mais barato comprar os produtos chineses”, ironiza Zizek.
Para ele, há um “mecanismo de negação” em torno da questão ambiental. “Fala-se tanto da gravidade da natureza, de que o mundo pode acabar em um, dois anos, que isso amortiza a consciências das pessoas. Elas pensam: ‘Se eu falar muito nisso, talvez nada aconteça!’” ilustra o professor.
De acordo com Zizek, a ideia de sustentabilidade é um mito e não há “equilíbrio ideal com a natureza para o qual podemos retornar”. Uma das ideia mais difundidas é que devemos buscar pequenas soluções para o meio ambiente. “Vocês gostam de torcer no futebol, não? Quando vão ao estádio e ficam gritando e pulando, acham que isso faz o seu time vencer. A reciclagem é igual a essa torcida”, brinca Zizek.
Oriente Médio e África
Zizek aponta que as recentes manifestações no Oriente Médio e na África mostram, ao contrário do que o Ocidente afirmava, que eles são capazes de se organizar por questões que vão além do fundamentalismo ou do anti-ceticismo.
Para os padrões ocidentais, a liberdade em um país é medida, principalmente, na existência ou não de mecanismos eleitorais e no respeito aos direitos humanos. “A liberdade, como já dizia Marx, deve ser vista em como se dão as relações sociais. É preciso ver se as pessoas possuem liberdade dentro dos mecanismos sociais”.
Segundo o filósofo, o momento mais importante destas revoluções é o “dia seguinte”. “Estamos muito animados com estes recentes acontecimentos. Mas a verdadeira revolução precisa acontecer agora”.
Garantia Acme
Slavoj Zizek concluiu a palestra com a previsão de que, ainda que demore mais um tempo, o sistema global vai revelar como é frágil, apesar de aparentar ser invencível. “O capitalismo está na mesma situação do Coiote perseguindo o Papa-léguas. Ela já passou a linha do abismo, só falta ele olhar para baixo e ver que não está mais pisando no chão!”. 

domingo, 5 de junho de 2011

ONU que dá na Líbia não dá em Israel

Do Tijolaço:


Em 1967 – há mais de 40 anos, portanto – o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução – a de número 242 - que determinava a retirada de Israel dos territórios tomados à Síria e ao Egito na Guerra dos Seis Dias, ocorrida em junho daquele ano.

Hoje, milhares de palestinos tentaram cruzar a fronteira de volta naquele território, ilegalmente ocupado por forças israelenses.

Não tiveram aopio aéreo da Otan, nem mísseis ocidentais para protegê-los, como outros áreabes, os rebeldes líbios, têm.

Não tinham nada, nem mesmo armas precárias.

Foram recebidos a bala pelos soldados israelenses, que dispararam rajadas de metralhadoras sobre a multidão.

23 palestinos morreram e 350 estão feridos.

Teremos alguns discursos na ONU, lamentando a perda de vidas. E o debate logo irá para como dividir o butim do petróleo líbio.

sábado, 4 de junho de 2011

OTAN bombardeia sede do Parlamento, estação de rádio e televisão da Líbia



Aviões da OTAN destruíram com bombas a sede do Congresso Geral do Povo (Parlamento) da Líbia na manhã de segunda-feira. No mesmo dia foram atacados os escritórios das estações de rádio e de televisão na capital Trípoli, segundo informações da agência AFP.
O prédio do Parlamento líbio já havia sido parcialmente destruído pelas bombas da OTAN há três semanas. Neste mesmo complexo se encontram a Procuradoria Geral e outros dois prédios onde funcionam organizações não-governamentais que prestam assistência à crianças.
Os edifícios atingidos encontram-se cerca de dois quilômetros a leste da Praça Verde no centro de Trípoli, o que reforça as suspeitas de que os ataques aéreos não pretendem somente enfraquecer militarmente o país, mas também amedrontar a população civil.
A força aérea britânica distribuiu comunicado em que afirma ter bombardeado, também na manhã da segunda-feira, um suposto quartel general de serviços de inteligência líbio em Trípoli, sem dar detalhes. Esses edifícios bombardeados pela OTAN fazem parte do patrimônio histórico da Líbia, inscrito na UNESCO, conforme informação do vice-ministro de Relações Exteriores, JaledKaaim, que informou ainda que áreas civis na região de Brega – no leste – também foram alvo de ataques da OTAN no domingo à noite.
Os ataques da Otan contra a Líbia, sob o pretexto de “proteger civis”, já causaram a morte de 718 cidadãos líbios e deixaram mais de 4.000 mil feridos, dos quais, 433 em estado grave, conforme dados divulgados na terça-feira, dia 31, pelo porta-voz do governo, Mussa Ibrahim.

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