"Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido" Malcom X
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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Onde a Globo quer chegar?

por André Araújo

O jornalista Roberto Marinho construiu seu império de comunicações errando pouco e acertando muito. Soube sempre colocar suas fichas nos cavalos certos, poucas vezes apostou mal, por exemplo apoiando a Revolta Paulista de 1932 e desembarcando tardiamente do Governo Militar de 1964 e do Governo Collor.

Roberto Marinho passou a integrar a direção de O GLOBO pela morte do pai em 1925.

Seu período no jornal atravessou as presidências de Arthur Bernardes, Washington Luis, Getulio Vargas (Governo Provisório de 1930, Governo Constitucional de 1934 e Estado Novo de 1937), Eurico Dutra, Getulio novamente, Jango, Governo Parlamentarista de Santiago Dantas e Hermes Lima, Castello Branco, Costa Silva, Junta Militar, Médici, Geisel, Figueiredo, Sarney, Collor e Lula, portanto 18 períodos ou regimes presidenciais, fato raro em qualquer parte do mundo para um dono de jornal.

Apoiou Getulio em 1930, uma jogada arriscada, apoiou o Estado Novo varguista a ponto de fazer parte do Conselho Nacional de Imprensa, órgão do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Conseguiu em 1944 sua primeira rádio comprada da RCA Victor. Nas eleições de 1945 e 1950 apoiou a UDN e seu candidato Eduardo Gomes mas se compôs com Dutra e Getulio, este até 1953, quando desembarcou do varguismo. No Governo JK estava discretamente na oposição, posição moderada por ter Juscelino lhe autorizado a primeira TV Globo, campo até então dominado pela TV Tupi de seu inimigo visceral, Assis Chateaubriand, Embaixador de JK em Londres e introdutor da televisão no Brasil.

Errou em dois timings, no desembarque do governo militar e no desembarque do governo Collor.

Com FHC estava às mil maravilhas, com Lula se compôs sem gostar.

A partir das apostas políticas certas, o Sistema GLOBO saiu de um jornal de cidade do terceiro mundo para um dos maiores grupos de mídia do planeta, mas sempre cresceu a partir do timoneiro Roberto Marinho. Sem ele, o jogo mudou e a travessia não é tão segura.

A GLOBO de hoje não tem linha política minimamente definida, parece biruta de aeroporto.

Nos tempos do dr Roberto grandes cérebros ajudavam a dar a linha, amigos pessoais como Roberto Campos e Jorge Serpa, este último conselheiro por 50 anos. Serpa era o Talleyrand brasileiro, redigia os discursos de Goulart (inclusive o fatídico de 13 de março), preso pelos militares conseguiu se passar para o lado deles e tornou-se próximo do regime, redigia muitos editoriais políticos do jornal. Serpa era muito mais que um simples formulador de ideias, era amigo pessoal de Marinho, um dos poucos que era habitué de sua casa de praia nos fins de semana.

Hoje analiso os programas políticos da GLOBONEWS (não vejo a Globo aberta há décadas) e vejo uma parcialidade tosca, banal, caipira, que não havia nos tempos do dr Roberto. Desapareceu completamente a sutileza, a finesse, a sofisticação das análises.

Exemplos: Como a GLOBONEWS apóia cegamente a Lava Jato e todas suas ramificações NÃO há um único contraponto de opiniões. Malham o Congresso de manhã, tarde e noite, especialmente Renan, sem se avergonhar da parcialidade. Hoje no ESTÚDIO I, a frenética Maria Beltrão, a mesma que várias vezes malhou o regime militar do qual seu pai foi importante Ministro, leu e-mails das "redes sociais", todos lidos, sem nenhuma exceção, malhavam Renan. Será que não havia uma ou outra opinião divergente? Não é normal todos os espectadores pensarem igual.

A "tropa de choque" da onipresente Lo Prete, a que horas será que ela dorme e faz refeições?, tem a linha: malhar sem dó o Congresso, elogiar sem nenhum reparo juízes e promotores, aqueles "que fazem a diferença", tudo isso avalizado pelo oráculo Merval Pereira, um personagem de Lima Barreto do começo do século até no bigode português, para o qual o jogo político sob o qual a Globo nasceu e cresceu sempre foi limpo. Daí o espanto com a corrupção de hoje, ele sempre se choca com " isto é um absurdo", tudo que não bate com a visão de mundo dele é um absurdo mas a Globo poupa cuidadosamente o BNDES porque lá tem operações, assim como seus maiores clientes, então deixa quieto.

Quando a Lo Prete deixa o Merval falar, desfila obviedades, platitudes e lugares comuns sempre na linha a favor do Judiciário e contra os políticos, aos quais ele tapa o nariz. Parece que o sonho da Globo é uma Presidência asséptica, descontaminada de políticos, classe pela qual Lo Prete and friends têm horror.

Quanto à economia, a GLOBO apostou desde o inicio na dupla Meirelles-Goldfajn, seus porta vozes (fraquíssimos), Sardenberg e João Borges, desde o início dessa equipe, se postaram avalizando a política a la grega que através da austeridade vai "restabelecer a confiança e fazer voltar os investimentos". Uma imensa asneira cuja ficha só caiu nos últimos quinze dias, deixando Sardenberg, Borges e até a simpática Juliana Rosa no meio da escada.

Porque a GLOBONEWS com todos seus imensos recursos de correspondentes (em geral muito bons) mundo afora não entrevista Joseph Stiglitz, Dani Rodrick, Paul Krugman ouvindo o que eles têm a dizer sobre a crise econômica brasileira? Porque avalizar dois medíocres que não têm três ideias na cabeça e estão levando o país ao fundo do abismo? Afinal, crise derruba o faturamento até das redes de televisão, penso eu. Até agora a GLOBO referendou a recessão, com a fala de Goldfajn de ontem "a fraqueza da economia ajuda a combater a inflação", assim como a morte de pacientes em um hospital público ajuda a economizar na comida dos doentes. Um dito imbecil desses não mereceu o mínimo reparo dos assustados Sardenberg e Borges, sequer comentaram e muito menos fizeram algum reparo, tal qual no cemitério da Consolação depois que fecham os portões não tem inflação.

O maior sábio de economia da GLOBONEWS é Ricardo Amorim, "garoto de mercado" raso como um pires de café expresso, admirador sem reservas da política Meirelles-Goldfajn de austeridade e que escreveu livro mostrando a maravilha que será o Brasil com a nova política econômica da PEC 55. O livro tem um nome sugestivo, APÓS A CRISE. O sarcástico Lucas Mendes, em tom de galhofa lhe cobrou, no último Globonews um "e então nada do que você previu está acontecendo", para profunda irritação de Amorim que disse "acertei todas", por exemplo acertei que Dilma perderia o impeachment.

É esse o nível do jornalismo econômico da Globo. Com todo dinheiro que tem não podiam achar bons cérebros? O Brasil é uma fábrica de bons pensadores econômicos e não precisa ser um fixo, o melhor são comentaristas rotativos como na TV européia ou na TV pública americana. Mas não vi em nenhum programa MANHATTAN CONNECTION um economista de primeira linha dando sua opinião sobre a crise brasileira, por exemplo do Institute for New Economic Thinking, que fica lá mesmo em Nova York e que tem nomes mundiais, Prêmios Nobel como Krugman e Stiglitzs. Se convidados eles irão com o maior prazer. Conversei com alguns deles sobre isso, o programa nem sabe que existe o INET, fórum hoje universalmente conhecido, fundado em 2008 por causa do fracasso das fórmulas monetaristas causadoras da crise, as mesmas fórmulas da dupla Meirelles Goldfajn, a turma do zurro.

Já a inacreditável Mara Luquet tem boas soluções, para os que estão com dívidas nos bancos "você precisa negociar, se o gerente não baixar os juros você atravessa a rua e vá para outro banco". Os aposentados não conseguem manter seus orçamentos? Vá morar na Costa Rica, lá você vive bem com mil dólares por mês, esquecendo que também se vive bem com mil dólares em Caratinga, cidade mineira da Zona da Mata. Fico imaginando um metalúrgico aposentado do ABC, com cinco filhos e nove netos, a sogra, quatro irmãos e cinco cunhadas fazendo mudança para a Costa Rica, seguindo os conselhos da Luquet, afinal lá se vive bem (será numa cabana?).

A última da Luquet é para o imortal Chico Anysio: o desemprego não é culpa da crise, é que o trabalho mudou e você não sabe. Você não precisa mais de emprego, por exemplo, eu tomo muita água de coco, então eu descobri pela internet uma moça que entrega coco em casa, esse vai ser o novo trabalho do mundo, você se vira pela internet, o emprego comum acabou, você em casa pode fabricar aço, pneu, automóvel, inseticida e sair vendendo pela internet, sacou?

Até o razoável programa Painel, o carro chefe de grandes questões da GLOBONEWS não consegue sair de um carnet de vinte nomes repetidos à exaustão. Mas com exceções, como Carlos Mello e Murilo Aragão, muito bons, os outros são todas da mesma linha conservadora moralista, não há a pimenta do debate, parece que a discussão não interessa, só o reforço do que a GLOBO já pensa.

Uma ressalva para a jornalista Monica Waldvogel. Seu programa ENTRE ASPAS tem mantido um nutrido debate sobre os tópicos levados à discussão. No último, com o dinossauro da PUC Rio José Marcio Camargo e um jovem economista da Unicamp, quase se pegaram. Isso tem acontecido em vários programas da Monica, outros programas quase sempre com debatedores com linhas opostas sobre o tema, é preciso elogiar quando é o caso.

Já a lendária Miriam Leitão é um caso a parte. Depois de ouvi-la atentamente por 30 anos não descobri o que ela pensa da vida, da política e da economia. Não tem uma linha conservadora ou contestadora, pode ser uma coisa de manhã e outra à noite. Em política está à esquerda de Frei Betto, em economia está à direita de Milton Friedman, mas às vezes mistura o baralho. Não sei realmente o ponto de vista que ela representa, além do fato de se mostrar sabichona em qualquer assunto.

Uma coisa todos, os e as globetes, têm em comum: o profundo desprezo pelo Brasil, como País, povo, sociedade, política e economia. O sonho global está fora do Brasil, se pudessem se mudariam para Miami. Diego Mainardi é uma espécie de síntese dos globetes, do seu horror pelo País, de sua admiração rastaquera pelo exterior, levaram uma sova, todos, na eleição do Trump, nunca esperavam um tipo desses ser Presidente da adorada terra, agora não sabem como digerir, Trump faz os EUA se parecerem com o Brasil, como fazer?

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Realismo Fantástico

Foto: Jorge William/AgGlobo
Se um petista tivesse dado um tiro na frente do Congresso, seria manchete na mídia nos próximos meses. Como não é, nem o nome dele foi mencionado.

Ontem eu acompanhava, no Congresso, a pauta dos vetos e da Comissão de Ética, por isso não estava no gramado quando a confusão começou. Assim que soube (via whatsapp), tentei correr para lá mas com o bloqueio da entrada principal, precisei dar a volta pelo anexo, ou seja, quando finalmente cheguei ao gramado a confusão já tinha se dissipado. Só soube exatamente o que ocorreu mais tarde, conversando com quem esteve, acompanhando relatos na internet ou nas poucas notícias que saíram na TV.
Se alguém do PT, da esquerda, da CUT, do MST, do PSOL ou UM NEGRO tivesse puxado uma arma e dado um tiro na frente do Congresso Nacional brasileiro, essa pessoa seria personagem das mais variadas reportagens. Para começar, ele seria o grande destaque da edição de ontem do "maior" telejornal, com aquele colega na bancada fazendo a abertura com uma expressão grave no rosto. Traçariam o perfil do sujeito, iriam atrás da ficha criminal, tentariam ligá-lo ao uso de drogas ou qualquer coisa ilícita que "justificasse" o ato impensado, tentando ainda "demonstrar" que essa é uma atitude esperada "daquele pessoal da esquerda".
E vejam, não importa que ele seja (se for mesmo) um policial, já que ele estava ali na condição de manifestante, acampado. Mesmo tendo o direito de estar armado (se é que tem mesmo) ele deveria ter tido o equilíbrio de não sacar uma arma no meio da multidão. Se ele fosse da esquerda (ainda que um policial), estaria em todos os jornais, sua cara estampada com a foto do documento, entrevista com os vizinhos/parentes dizendo que ele ultimamente tem estado "meio perturbado", haveria painel na GNews com especialistas comentando o ato de intolerância, o Datena faria um daqueles editoriais bem baixo nível, todo o roteiro de realismo fantástico da imprensa brasileira, como já o conhecemos.
No entanto, quando cheguei em casa, assisti à TODOS os principais noticiários, de TODOS os canais da TV aberta e fechada. NENHUM deles disse o nome do sujeito e, pelo contrário, a notícia não foi destaque. Em meio ao assunto do dia no Congresso, o fato de um homem ter sacado uma arma e disparado à esmo em frente a uma ÁREA DE SEGURANÇA NACIONAL e próximo a uma manifestação de mulheres contra o racismo, não teve qualquer importância para quem decide o que é notícia no Brasil.
E aí me lembro que "nossos" representantes, que fazem parte da (já famosa) bancada 'BBB', estão lutando para que os "cidadãos de bem" também possam portar armas. Em uma cena como a de ontem, no meio da confusão, com a polícia despreparada que temos - que atira para todo lado sob pressão - teríamos visto um bang bang em plena Capital do país. No primeiro tiro os cidadãos de bem, armados e assustados, passariam a disparar também, a polícia revidaria sem saber bem em qual direção. Teria sido uma carnificina, com muita carne NEGRA estirada em frente ao símbolo da nossa representação popular.
Mas um tiro na frente do Congresso Nacional em meio à uma manifestação de mulheres, não é algo que mereça importância, principalmente vindo de quem pede o "impeachment" ou a "intervenção militar". Não fosse a internet, teríamos passado por esse fato como se ele não fosse importante. Isso não pode ser real.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Fórum Brasil de Comunicação Pública






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Será realizado nesta semana o Fórum Brasil de Comunicação Pública. O evento ocorrerá nos dias 13 e 14 de novembro, na Câmara dos Deputados, e discutirá temas como universalização do acesso, convergência de linguagens e conteúdo interativo, formas de financiamento do sistema público de radiodifusão e políticas de fomento para o segmento audiovisual. Promovido pela Secretaria de Comunicação da Câmara dos Deputados em parceria com a Frente Parlamentar pela Liberdade e o Direito à Comunicação com Participação Popular (FrenteCom), esse evento dará sequência aos dois primeiros fóruns de TVs Públicas e ao Seminário Internacional da Comunicação Pública, realizados em 2006, 2009 e 2012, respectivamente. Ao final do Fórum, as organizações participantes entregarão a plataforma consolidada de demandas para a comunicação pública ao/à Presidente da República eleito. Inscrições aqui.  
Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3215 5620 

Confira a programação:  

13/11/2014
09:00 às 18:00 - Auditório Nereu Ramos. Fórum Brasil de Comunicação Pública 
09:00 - Abertura 
10:30 - Painel 1 - Regulação do Campo Público 
Presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informação da Câmara dos Deputados - deputado Ricardo TripoliPresidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado Federal - senador Zeze Perrella Representante da Associação de Rádios Públicas do Brasil (ARPUB) - Orlando GuilhonMinistro de Estado da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República - Thomas Traumann Professor da Universidade de Brasília (UnB) - Murilo César Ramos Mediação: deputada Luiza Erundina (Presidente da FrenteCom) 
12:30 - Intervalo para o almoço  
14:00 - Painel 2 - Tecnologia e Infraestrutura do Sistema Público 
Ministro de Estado das Comunicações - Paulo Bernardo Representante da Associação Brasileira de Televisões e Rádios Legislativas (Astral)Representante da Empresa Brasil de Comunicação (EBC)Representante da Frente Nacional pela Valorização das TVs Comunitárias do Campo (Frenavatec)Mediação: Fernando Moreira - Associação Brasileira da Televisão Universitárias (ABTU) 
16:30 - Grupos de discussão - Plenários das Comissões
1. Gestão e Participação (autonomia e mecanismos de participação social: conselhos, ombudsmen, ouvidorias, direito de resposta, conselhos comunitários e outros mecanismos)
Mediação – Conselho Curador da EBC
2. As rádios comunitárias no campo público da radiodifusão (criminalização, anistia e reparação; mudanças necessárias na legislação, impactos da mudança do rádio AM para o FM, definição de comunitária (o fenômeno das rádios religiosas) Mediação – AMARC/MNRC 
3. Canal da CidadaniaMediação – Frenavatec/ ABCCOM 
4. Rede de Comunicação Pública Mediação - ABEPEC  

14/11/2014
09:00 às 19:00 - Auditório Nereu Ramos. Fórum Brasil de Comunicação Pública 
09:00 - Painel 4 - Convergências de Linguagem e Conteúdo 
Ministra de Estado da Cultura - Marta Suplicy
Presidente da TV Cultura de São Paulo - Marcos Mendonça
Mediação: deputada Luciana Santos
 11:00 - Painel 5 - Financiamento do Sistema Público e Políticas de Fomento para o Audiovisual 
Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República - Aloizio Mercadante Presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine) - Manoel Rangel Representante da Associação Brasileira de Canais Comunitários (ABCCOM)Representante do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação Mediação: Ana Fleck – Presidenta do Conselho Curador da EBC
13:00 - Intervalo para almoço 
14:00 às 16:00 - Gabinetes. Fórum Brasil de Comunicação Pública
14:00 - Grupos de discussão - Plenários das Comissões 
1. Financiamento do Campo Público (publicidade governamental, fundos de financiamento, Lei do Seac, sustentabilidade das emissoras)- Mediação: Intervozes
2. A situação dos trabalhadores do campo público - Mediação: Sindicato dos Jornalistas/Fitert 
3. Conteúdo e diversidade (produção independente e regional, cotas, representação, publicidade infantil)- Mediação: Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores
16:00 - Plenária final Apresentação dos resultados dos Grupos de Trabalho
18:30 - Entrega do documento final Apresentação da plataforma dos movimentos para as políticas de comunicação do campo público ao/à Presidente da República eleito(a). 

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Recordar é viver: a Revolução não será televisionada

Por Raphael Sanz

Quando se fala em Venezuela, Hugo Chávez, bolivarianismo e afins no Brasil, o assunto sempre descamba para uma discussão sobre liberdade de expressão. Folha, Abril, Globo e outros veículos de mídia corporativa bradaram, rosnaram e ameaçaram morder Hugo Chávez desde 1999 quando ele assumiu a presidência do seu país. Chávez teve um papel fundamental no processo que garantiu a democratização dos lucros da exploração de petróleo venezuelano. Ou seja, a grana do petróleo era utilizada para investir em educação (tanto que o analfabetismo foi praticamente erradicado do país), em saúde e nas organizações populares de bairros e vilarejos, chamados de círculos bolivarianos, que serviram para popularizar o poder de decisão, do povo, em relação às políticas que seriam tomadas por todas as esferas de governo. Os círculos bolivarianos organizam assembleias e entidades comunitárias, estimuladas pela revolução, e cuidam de questões internas da comunidade, de educação popular e de reivindicação junto ao governo.


Mas que contradição. Chávez exerceu um papel desses e o acusam de ser um ditador e de cercear a liberdade de expressão. Muito estranho mesmo. Pouco antes de morrer, Chávez foi incisivo nessa questão com um jornalista da Globo, durante entrevista coletiva (http://www.youtube.com/watch?v=JUsVSargH-Y). Teceu críticas à emissora e à visão neoliberal de liberdade de imprensa. “Se você escrever algo que seu editor não queira, uma vez é bronca, duas é advertência, na terceira vez é rua”. Com um discurso mais ou menos assim, Chávez foi explicando que a censura corporativa é cruel. Que interesses de patrões e anunciantes são sagrados na mídia neoliberal e que, no Brasil ou na Venezuela, são esses fatores que ditam a censura nos meios de comunicação.

A morte de Chávez, no último dia 5 de março, gerou uma onda agressiva de discussões nas praças reais e virtuais a respeito desses temas, o que me fez resgatar um documentário de 2003 que, em minha opinião, explica muito bem a relação entre a revolução bolivariana e os meios de comunicação corporativos que levam dinheiro estadunidense (Venevision e RCTV, assim como a Globo no Brasil). A Revolução não será televisionada, além de traçar um perfil do caráter golpista das grandes televisões venezuelanas, que efetivamente protagonizaram junto à burguesia do país um verdadeiro golpe de Estado em abril de 2002, ainda narra o dia-a-dia desse golpe, farsa a farsa, mentira a mentira.

O filme começa com o presidente Chávez discursando contra o neoliberalismo, segue com chamadas jornalísticas em inglês atacando-o e fecha com outra chamada dizendo que “o novo governo da Venezuela vai estabilizar a produção e o comércio de petróleo no país”. E nessa toada vai alternando dados a respeito do presidente, do povo pobre que o apoia, com tomadas das televisões venezuelanas pegando pesado com Chávez nos seus noticiários: desde dizer que Chávez tem um relacionamento freudiano com Fidel Castro, até afirmar que o presidente é retardado mental e exigindo que o melhor para a Venezuela seria uma transição sem Chávez. Transição do quê? Dos círculos bolivarianos para o capitalismo selvagem.

Outro fator que contribuiu para a antipatia a Chávez da mídia corporativa são suas duras críticas às políticas estadunidenses. “Não se pode responder ao terror com mais terror” disse em 2001. Assim, jornalistas ianques rebatem dizendo que Chávez faz negócios com narcotraficantes colombianos e que o presidente pode ser um agente cubano na Venezuela. Sem comentários.

“Agora eu gosto da política, porque agora tenho uma vida democrática e participativa”, diz uma moça, em completa consonância com um rapaz que afirma que, pela primeira vez na Venezuela, há um governo democrático, que é do povo. Em contrapartida, oposicionistas de classe média e alta aparecem reclamando que, na Venezuela, antes não havia medo, e denunciam um projeto continental de insurreição comunista em toda a América Latina. Chávez rebate: “A riqueza da Venezuela é de todos, e não de uma minoria”.

Canais privados acusam o governo de usar a violência, como Hitler e Mussolini, ao supostamente perder popularidade, enquanto Pedro Carmona, presidente da RCTV, uma das maiores empresas venezuelanas, e Carlos Ortega vão à Washington para uma reunião a respeito do presidente Chávez. George Tenet, da CIA, afirma que a Venezuela é importante por ter reservas de petróleo. Carmona e Ortega chamam uma marcha oposicionista em frente à companhia nacional de petróleo, onde é possível ver manifestantes portando bandeiras dos EUA.

Uma marcha pró-Chávez é convocada para o mesmo local. Os grupos se encontram em frente ao palácio presidencial e, enquanto o exército tenta se colocar entre ambos, é possível escutar tiros. Pessoas vão caindo e mais tarde descobre-se que os tiros vieram de franco-atiradores (snipers) de cima de alguns prédios. Pessoas estavam sendo visadas na cabeça. As portas do palácio se abrem para os feridos e alguns apoiadores de Chávez começam a atirar na direção de onde vinham os disparos dos snipers. Assim, uma câmera da Venevision estava posicionada acima da ponte onde os chavistas estavam atirando e capturou uma imagem que dava a entender que disparavam em direção à marcha oposicionista. Repetiram inúmeras vezes a imagem para culpar o chavismo pelo massacre de Caracas. O que as televisões não mostraram é que a direção para onde os chavistas atiravam estava vazia e a marcha oposicionista nunca havia passado por ali. Assim se manipulou o conflito a fim de fortalecer o tal golpe de Estado.

Após alguns discursos da imprensa privada e o pronunciamento dos militares golpistas, aparece a informação de que um regimento rebelde da guarda nacional toma de assalto o canal 8, da TV pública, e impede o governo de se defender publicamente das acusações, uma vez que toda a mídia privada é propriedade da oposição. Chávez e seus ministros veem pela TV que o palácio Miraflores está cercado por tanques de militares rebelados e recebe a ordem de rendição dos golpistas. Estes pedem uma entrega pacífica, sem resistência do governo. Caso contrário, o palácio Miraflores seria bombardeado.

Políticos celebram o golpe agradecendo aos meios de comunicação pelo serviço prestado. E enquanto se destituía oficialmente todo o executivo, o povo se revoltava com a falta de democracia. “Eu votei no Chávez e quero que ele cumpra o mandato”, diz uma senhora. Nesse dia, ficou proibido mostrar chavistas na TV. O povo saiu de foco.

No sábado, aproximadamente 24 horas após o golpe, o povo venezuelano saiu às ruas para pedir a volta de Chávez. Milhões de manifestantes cercaram o palácio presidencial. As tropas do palácio que seguiam leais a Chávez abriram as portas do palácio Miraflores aos manifestantes. Carmona saiu pela porta de trás. O povo comemorou a tomada do palácio. Alguns ministros, escondidos nos últimos dias nas entranhas de Caracas, entram no palácio carregados pelo povo.

Enquanto isso, a mídia privada se recusava a dar a notícia de que o palácio estava de volta nas mãos dos chavistas. Por volta das 3h da manhã do domingo, 14 de abril de 2002, Hugo Chávez volta ao palácio presidencial de helicóptero e declara: “este povo fez história (...) agora, não se deixem mais envenenar por tantas mentiras”.

Para assistir: http://vimeo.com/6626091

sexta-feira, 22 de março de 2013

Muito além do peso

Esse filme é um alerta. Ele mostra que, dentre outras coisas, é muito, muito difícil lutar contra a propaganda que bombardeia as crianças diariamente. As que dizem coisas como "amo muito tudo isso" e imprimem em seus cérebros um valor completamente contrário a qualquer hábito mínimo de saúde. Muitas vezes o comportamento é apoiado por adultos que dizem "ah, deixa, o que é que tem?", prq eles também não percebem o quanto estão dominados pela propaganda subliminar embutida nos comerciais que vendem, na verdade, obesidade, colesterol, diabetes e pressão alta, dentre outros.  Para os que tiverem preguiça em ver o filme inteiro, procurem por trechos no youtube. Há vários. Para mim, são todos chocantes. Eu me sinto, pessoalmente, absolutamente impotente e entristecida e o filme vem nos alertar mas também nos joga na incerteza de que talvez, impedir mesmo toda essa pressão, seja quase impossível.





Entrevista de Estela Renner e Marcos Nisti no "Agora é Tarde" do Danilo Gentilli



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Dossier Yoani Sánchez (Para uso de la prensa)

Fonte: Midiacrucis


Verdades irrefutables de los vínculos de Yoani Sánchez con los servicios de inteligencia norteamericanos
Recientes:


De los archivos:
Otos:
Videos de Cubainformación TV sobre Yoani Sánchez:
Descargue los cables de Wikileaks (originales en inglés) y la “entrevista” de Barack Obama:
  • 09HAVANA527: Preguntas (y respuestas redactadas por la SINA) de Yoani Sánchez a Obama (PDF,  98Kb)
  • 09HAVANA695: Bloguera emocionada por respuestas de Obama (redactadas por la SINA) (PDF, 90Kb)
  • Las “respuestas de Obama”, en inglés (PDF, 582 Kb )
    Denuncias falsas
    Yoani Sánchez ha protagonizado, además, numerosos casos de denuncias probadamente falsas. Su denuncia, en 2009, de un secuestro de veinte minutos, en el que habría sido golpeada por desconocidos, se demostró una completa farsa. En 2010, denunció el bloqueo por parte del Gobierno cubano de sus mensajes a Twitter, cuando había sido esta empresa estadounidense la responsable del corte del servicio. En septiembre de 2011, un cable revelado por Wikileaks demostró que su entrevista al presidente Barack Obama, publicada dos años antes en su blog, y que supuso un gran espaldarazo mediático para la bloguera, fue en realidad cocinada en la oficina diplomática de EEUU en La Habana. Recientemente, la bloguera cubana, financiada por Estados Unidos, encabezó una campaña contra Cuba “denunciando” la muerte de un reo por huelga de hambre. El propio Fidel Castro desmintió esa manipulación en una reflexión que recibió amplia repercusión de la prensa internacional.
Conclusión
Conclusiones a las que llegó Salim Lamrani, periodista que investigó las relaciones de Yoani Sánchez con Washington.
Casi medio siglo después de su elaboración, la política estadounidense que consiste en crear y apoyar a una oposición interna en cuba sigue vigente. Esta estrategia, clandestina durante cerca de treinta años, es ahora reivindicada y pública, aunque el derecho internacional la considera ilegal. Así, la financiación de la oposición cubana por parte de Estados Unidos alcanza varios millones de dólares al año. Frente a la erosión de la disidencia tradicional que representan Oswaldo Payá, Elizardo Sánchez, Vladimiro Roca, Marta Beatriz Roque, Guillermo Fariñas y las Damas de Blanco, Washington apuesto ahora por la nueva generación de opositores cuya figura emblemática es la bloguera cubana Yoani Sánchez.
Los contactos diplomáticos de la bloguera disidente le permiten llegar hasta la Casa Blanca y se reúne regularmente con los altos funcionarios estadounidenses tales como Bisa Williams. Para evitar las críticas, Estados Unidos diversifica su apoyo a la oposición cubana. Además de la ayuda financiera directa que propone ha elaborado, gracias a la poderosa red política y mediática de la que dispone, un sistema de financiación “legal” que consisten en recompensar la oposición al gobierno de La Habana mediante premios dotados de varias decenas de miles de dólares, como lo ilustra la avalancha de distinciones que ha recibido Sánchez, la nueva ninfa Egeria de Washington, en el espacio de algunos meses.
El objetivo de Washington ya no es federar a la población cubana alrededor de estas personas que preconizan un cambio de sistema en Cuba, pues sabe que su discurso no es audible entre los habitantes de la isla, cuya mayoría permanece fiel al proceso revolucionario a pesar de las dificultades y vicisitudes cotidianas. La oposición aliada a Estados Unidos, en el mejor de los casos, suscita la indiferencia entre los cubanos, y muchas veces el rechazo. La guerra es más bien de orden mediático. Al mantener la presencia de una oposición interna, incluso sin envergadura y carente de toda base popular, permite justificar su política de aislamiento y de sanciones contra el gobierno de La Habana en nombre de la lucha por “los derechos humanos y la democracia”.
Yohandry Fontana
La Habana
Nota:
Los textos y fuentes aquí citadas pueden ser utilizados por la prensa nacional e internacional; y los amigos de Cuba que deseen difundir estas verdades irrefutables de los vínculos de Yoani Sánchez con los servicios de inteligencia norteamericanos.
Para cualquier otra información escribir a yohandry8780@gmail.com
Fonte: Yohandry

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Unión de Periodistas de Cuba condecora Beto Almeida

Do BlogueDoSouza:



El destacado periodista brasileño, Carlos Alberto Almeida (Beto), en acto solemne en la sede de la Unión de Periodistas de Cuba (UPEC), fue condecorado con la Distinción Félix Elmuza. La medalla que otorga el Consejo de Estado, le fue entregado por Tubal Páez, presidente de esa organización.

La vicepresidenta de la UPEC, Aixa Hevia, destacó la trayectoria del analista brasileño dentro del movimiento de solidaridad con Cuba y su permanente acción en favor del periodismo revolucionario y contra el terrorismo mediático.

Visiblemente emocionado, el homenajeado agradeció el gesto, el cual dijo aceptar como parte de su compromiso irreductible por divulgar la verdad de la patria de José Martí, en un contexto internacional en el que los grandes medios pretenden imponer una visión distorsionada de la realidad.

Beto Almeida es invitado permanente de la Junta Directiva de Telesur, presidente de Televisión Ciudad Libre en Brasil, y de TV comunitaria de Brasilia, corresponsal de Radio de Madres Plaza de Mayo de Argentina, y miembro del Consejo Editorial del “Jornal Brasil de Fato”.

Se encontraban presentes diversas personalidades de la prensa y amigos del galardonado, entre ellos Luis Acosta, vicepresidente primero del Instituto Cubano de Radio y Televisión (ICRT).

quinta-feira, 24 de maio de 2012

De belas e feras

O texto abaixo, da jornalista Jaciara Santos, me parece a melhor análise do caso que movimentou as redes sociais esta semana. Como jornalista (e mulher) me sinto exatamente da maneira que ela descreve, ao cobrir um tema espinhoso como os que recheiam a pauta da editoria de cidades. Mas é importante que todos nós, enquanto sociedade, façamos a reflexão sobre a parte que cabe a cada um nesse latifúndio.
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De belas e feras


Nunca me senti confortável fazendo matéria sobre violência sexual. Pessoalmente, tenho dificuldade em lidar com suspeitos de estupro, principalmente quando a vítima é uma criança. Lembro de uma vez, há pouco mais de cinco anos, em que entrevistei um pedreiro preso por estupro continuado à filha de onze anos. E não era estreante: durante anos, abusara sexualmente da menina mais velha que, ao atingir a adolescência, saiu de casa para escapar às sevícias.
Depois de ouvir o relato oficial da titular da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes contra a Criança e o Adolescente (Derca), fui até o suspeito. Como se nada soubesse do caso, lhe indaguei o porquê da prisão. Sem se abalar, ele me respondeu que tinha feito “umas coisas com a menina”. Tentando aparentar uma empatia que não sentia, insisti com um “que tipo de coisas?”. Ele não respondeu. Foi aí que arrisquei: “A delegada disse que o senhor abusou da sua filha, eu não acreditei e por isso queria saber se é verdade…”.  Olhando diretamente pra mim, mas sem deixar transparecer qualquer emoção, o custodiado disse: “Eu só estava ensinando as coisas da vida a ela”. Gelei, enquanto ele completava que “é melhor ela aprender comigo do que com um estranho, não é?”.
Não respondi à pergunta, obviamente de caráter retórico. Optei por me concentrar nas suas respostas, enquanto sentia o estômago revirar. Acabei tomando conhecimento do histórico de vida dos personagens daquele drama, que tinha como pano de fundo a miséria quase absoluta. A família vivia em um barraco toscamente plantado numa favela às margens da Avenida Ogunjá, em Salvador, em condições francamente subumanas. Dos quatro filhos do casal, três moravam ali (eram duas meninas e um menino) e todos dormiam num mesmo cômodo junto com os pais, circunstância que, segundo alguns especialistas, facilita o abuso sexual intrafamiliar. E foi nesse cenário, com a muda cumplicidade da companheira, que o pedreiro estuprara as duas filhas mais velhas e poderia vir a seguir o mesmo script em relação à caçula, então com oito anos.
Saí da delegacia arrasada. Mesmo hoje, decorridos mais de cinco anos desse episódio, ainda me sinto tocada pela história. O que teria acontecido com a menina abusada? E a menorzinha, agora adolescente, teria também se tornado vítima do pai? E quanto a ele, será que, após enfrentar os horrores da cadeia na condição de estuprador, teria mantido a conduta criminosa?…
Corte para o presente.
Essas lembranças me ocorreram nos últimos dias a propósito do caso Mirella Cunha, a repórter que humilhou um preso suspeito de estupro dentro de uma delegacia. Não pretendo engrossar o coro de juízes da jornalista. Aprendi muito cedo que – com o perdão da expressão grosseira – não se deve chutar cachorro morto. Até porque, contrariando o senso comum, a cena, bizarra em si, não me causou nojo, revolta ou raiva, como à maioria dos internautas. Na verdade, o único sentimento que o vídeo me despertou foi pena. Da entrevistadora, do entrevistado e, sobretudo, do telespectador.
E por que pena? Porque trata-se de um caso explícito de ignorância em série. A jovem Mirella, usada como massa de manobra, não se percebe enquanto produto de consumo de uma engrenagem tão bruta quanto o sistema que ela retroalimenta. Paulo Sérgio, assaltante confesso, menino que nunca teve infância, faz parte da legião de pretos pobres da periferia (os chamados PPPs) que nascem, crescem e morrem ignorantes de seus direitos e deveres.  Nessa cadeia de ignorância, o público figura como elo mais forte: se não houvesse público, para quem essas mocinhas bonitas de cabeça oca e seus partners truculentos iriam se exibir?
E o que minha entrevista com aquele estuprador confesso tem a ver com Mirella e Paulo Sérgio? É simples. O fato de aquele homem ter me deixado abalada demonstra que o repórter tem emoções e elas podem aflorar em meio a uma reportagem. Já chorei diante de corpos jovens abatidos na guerra do tráfico e perdi o sono após entrevistar meninas vítimas de exploração sexual. Não me envergonho disso. Antes de ser jornalista sou um ser humano com emoções e fraquezas. Mas, como diz o amigo Erival Miranda, ex-colega de Correio da Bahia e atual assessor de comunicação da SSP-BA, isso deve ser coisa de jornalista das antigas. Jornalista que, mesmo conhecendo a versão oficial sobre determinada prisão, faz questão de chegar até o preso para ouvi-lo.  Sim, é obrigação do jornalista dar voz e vez a quem tem a palavra cerceada momentaneamente.
Afinal, quando o jornalista se contenta com o boletim de ocorrência e trata o preso como bandido, ignora o postulado constitucional da presunção da inocência. É também como se atirasse a primeira pedra num processo de linchamento moral.

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