"Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido" Malcom X

terça-feira, 21 de março de 2006

Falcão: um documentário fantástico

Esse documentário me fez lembrar meu primeiro trabalho. Fui voluntária num projeto de inclusão digital em comunidades do RJ. Tinha 16 anos e acabei enfrentando uma situação inimaginada para mim na época, garota de classe média, idealista. Os alunos do projeto, em parceria c/os Correios, tinham estágio (e posteriormente emprego) garantido, como aprendizes. Ganhavam ajuda de custo, transporte, lanche, material didático. Porém, alguns meninos largaram o curso p/serem o q chamavam na época de "avião" do tráfico. Quando isto aconteceu c/alunos meus, meu mundo desabou. Fui até a casa de algumas mães, conversei, chorei. Eu, q queria mudar o mundo, me vi impotente... O tráfico é mesmo um 'Estado paralelo'. O menino ganhava em uma semana o equivalente à ajuda de custo mensal dos Correios, andava armado, virava "herói" p/as meninas da sua idade, passava a ser "respeitado", a família recebia auxílio do traficante... Como lutar contra isso? Foi uma das minha primeiras grandes frustrações.

Obs: não concordo com o autor nos elogios ao Programa Fantástico, no que tange chamá-lo de "melhor programa da televisão brasileira". Por outro lado, concordo que é uma boa revista, com alguns toques jornalísticos e que, no caso do documentário, foi de fato inovadora. Até para seus próprios padrões.
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Leiam Artigo de Antonio Brasil:

“Se eu morrer, nasce um outro que nem eu, pior ou melhor. Se eu morrer, vou descansar, é muito esculacho nessa vida”.

Quem não assistiu não sabe o que perdeu. O Fantástico deste domingo deu um banho de televisão. Exibiu um dos melhores e mais importantes documentários produzidos no Brasil. Dirigido pelo rapper MV Bill e Celso Athayde, "Falcão - Meninos do tráfico" é um soco no estômago! O cineasta Cacá Diegues declarou que o documentário “foi um dos mais impressionantes que já tinha visto no cinema em toda a sua vida”. Concordo.

A exibição do documentário também comprova que o Fantástico continua sendo o melhor programa da televisão brasileira (ver coluna "Após sacudida, Fantástico celebra 30 anos", 6/05/03). Resgata a importância do meio televisivo para conscientizar o público e relembra os bons tempos do Globo Shell ou do Globo Repórter.

Segundo a divulgação, “o documentário é sobre os jovens patronos do tráfico de drogas, menores de idade que ficam na contenção, que ficam observando, vendo a ação da polícia, se ela entra na favela... o posto de ‘falcão’ na hierarquia do tráfico é só ocupado por moleques menores de 18 anos”.

Em entrevista à MTV em 2003, MV Bill explicou os objetivos do documentário: “A gente viajou por algumas capitais, fizemos várias comunidades do Rio... A idéia inicial era que o jovem expusesse seu pensamento sem precisar de um sociólogo ou antropólogo para falar por ele ou um narrador, como sempre acontece nos documentários”.

O filme do rapper MV Bill é muito mais do isso. Também é um atestado da incompetência do poder público e da nossa indiferença com um dos maiores problemas nacionais. Nas favelas brasileiras, estamos perdendo a guerra pela nossa infância, pelo nosso futuro.

Continua em www.comunique-se.com.br

Um comentário:

Anônimo disse...

Leiam texto da Lia Luft na última edição de Veja: "Todos somos culpados pelos meninos do tráfico".

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