Presidente da empresa diz que já vem alertando as distribuidoras desde o início da crise
Estadao online
Por Kelly Lima, Irany Tereza e Nicola Pamplona
O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, admitiu ontem, em entrevista em Londres, que a companhia não tem como atender ao crescimento da demanda por gás natural no curto prazo e disse que vem alertando as distribuidoras desde o início da crise da Bolívia. "Hoje, se tivermos de manter o crescimento no consumo de gás, vamos ter algumas dificuldades em entregar o volume além do contrato. A indústria de gás não é como um supermercado em que você vai lá e compra." Em entrevista à BBC de Londres, Gabrielli mais uma vez reconheceu que a tendência, a médio e longo prazos, será que o consumidor pague mais caro pelo gás natural. No Rio, a diretora de Gás e Energia da estatal, Maria das Graças Foster, seguiu a mesma linha, ao afirmar que o "preço do gás tem de pagar o custo de exploração e produção" do produto. Segundo ela, a Petrobrás já vem adotando uma estratégia de elevar o preço, ao reajustar trimestralmente seus contratos, após dois anos de descontos. Para o consumidor final, porém, o preço é fixado pelas distribuidoras.
Os dois executivos criticaram também o preço do gás natural veicular (GNV) no País. "Para mim é absolutamente claro que o preço do GNV nas bombas não corresponde à realidade", disse Graça. Ontem, a oferta do combustível nos postos do Rio foi retomada por força de liminar. Para Graça, a opção da CEG de cortar o GNV em 89 postos, em vez de negociar a substituição do combustível com seus clientes, como fez a Comgás, é "incompreensível". "É razoável se pensarmos que o GNV pode ser substituído tanto por álcool quanto por gasolina, mas nos parece mais difícil fazer o corte em tantos pontos, em vez de fazê-lo em apenas um ou dois clientes." Segundo ela, CEG e Comgás foram avisadas ao mesmo tempo, mas a distribuidora carioca não adotou um plano de contingência.
Gabrielli também afirmou que as distribuidoras não foram surpreendidas pela medida. "Essa discussão não é nova. Ela tem sido feita há muito tempo, pelo menos um ano e meio. Desde que começou a crise com a Bolívia essa discussão ocorre com as indústrias e as distribuidoras do Rio e de São Paulo."A Petrobrás decidiu recorrer da decisão judicial que a obrigou a retomar os volumes anteriores de fornecimento à CEG. Segundo Gabrielli, as negociações com as distribuidoras estavam ocorrendo há quatro meses, com necessidade de ajuste do volume de gás contratado. "Eles (CEG e Comgás) estavam tirando mais gás do que o previsto no contrato com a Petrobrás. Estávamos discutindo contratos mais flexíveis, com planos alternativos para os consumidores. Mas isso não depende da Petrobrás. Não temos como administrar a entrega do gás até o consumidor final. Isso é responsabilidade da distribuidora estadual."
Por Kelly Lima, Irany Tereza e Nicola Pamplona
O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, admitiu ontem, em entrevista em Londres, que a companhia não tem como atender ao crescimento da demanda por gás natural no curto prazo e disse que vem alertando as distribuidoras desde o início da crise da Bolívia. "Hoje, se tivermos de manter o crescimento no consumo de gás, vamos ter algumas dificuldades em entregar o volume além do contrato. A indústria de gás não é como um supermercado em que você vai lá e compra." Em entrevista à BBC de Londres, Gabrielli mais uma vez reconheceu que a tendência, a médio e longo prazos, será que o consumidor pague mais caro pelo gás natural. No Rio, a diretora de Gás e Energia da estatal, Maria das Graças Foster, seguiu a mesma linha, ao afirmar que o "preço do gás tem de pagar o custo de exploração e produção" do produto. Segundo ela, a Petrobrás já vem adotando uma estratégia de elevar o preço, ao reajustar trimestralmente seus contratos, após dois anos de descontos. Para o consumidor final, porém, o preço é fixado pelas distribuidoras.
Os dois executivos criticaram também o preço do gás natural veicular (GNV) no País. "Para mim é absolutamente claro que o preço do GNV nas bombas não corresponde à realidade", disse Graça. Ontem, a oferta do combustível nos postos do Rio foi retomada por força de liminar. Para Graça, a opção da CEG de cortar o GNV em 89 postos, em vez de negociar a substituição do combustível com seus clientes, como fez a Comgás, é "incompreensível". "É razoável se pensarmos que o GNV pode ser substituído tanto por álcool quanto por gasolina, mas nos parece mais difícil fazer o corte em tantos pontos, em vez de fazê-lo em apenas um ou dois clientes." Segundo ela, CEG e Comgás foram avisadas ao mesmo tempo, mas a distribuidora carioca não adotou um plano de contingência.
Gabrielli também afirmou que as distribuidoras não foram surpreendidas pela medida. "Essa discussão não é nova. Ela tem sido feita há muito tempo, pelo menos um ano e meio. Desde que começou a crise com a Bolívia essa discussão ocorre com as indústrias e as distribuidoras do Rio e de São Paulo."A Petrobrás decidiu recorrer da decisão judicial que a obrigou a retomar os volumes anteriores de fornecimento à CEG. Segundo Gabrielli, as negociações com as distribuidoras estavam ocorrendo há quatro meses, com necessidade de ajuste do volume de gás contratado. "Eles (CEG e Comgás) estavam tirando mais gás do que o previsto no contrato com a Petrobrás. Estávamos discutindo contratos mais flexíveis, com planos alternativos para os consumidores. Mas isso não depende da Petrobrás. Não temos como administrar a entrega do gás até o consumidor final. Isso é responsabilidade da distribuidora estadual."
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