A vereadora de Curitiba Renata Bueno homenageou nesta segunda-feira os 87 anos de fundação do antigo Partido Comunista, hoje o PPS. Da tribuna da Câmara Municipal de Curitiba, Renata lembrou que foram homens iluminados os fundadores da sigla, ainda em 1922, que tiveram quase sempre de lutar na ilegalidade, por conta da falta de democracia no país.
Ao homenagear o partido, Renata Bueno também prestou homenagem à única mulher eleita pela sigla para a Câmara de Curitiba em 1947, no curto período em que o PCB pode respirar os ares da legalidade: Maria Olímpia Carneiro.
A seguir, o discurso sobre os 87 anos do Partido Comunista:
"Há 87 anos, um grupo de operários e intelectuais do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul, de São Paulo e de Minas, reuniu-se em Niterói. Eram homens inconformados que pretendiam mudar a face do país e do mundo. Homens iluminados por uma teoria e um ideal. Gente temperada na luta diária por melhores condições de vida e de trabalho e que encontraram no socialismo o sistema que poderia reduzir as distâncias abismais que separam os privilegiados da imensa maioria que trabalha e produz e recebe muito pouco pelo seu esforço.
Sim, senhores, em 25 de março de 1922 era fundado o Partido Comunista do Brasil, depois Partido Comunista Brasileiro, hoje Partido Popular Socialista, o meu PPS. São décadas de luta, de sofrimento, de obstinação. Neste Brasil brasileiro, todas as iniciativas que pretenderam mudanças para eliminar privilégios inaceitáveis, são recusadas. O partido foi fundado em março, em junho era colocado na ilegalidade pelo presidente da época, Epitácio Pessoa. Desde então e por muito tempo o partido foi mantido na ilegalidade, com raros períodos de vida aberta.
Por isso mesmo, sempre foi um partido em luta por liberdades. Enfrentou a polícia dos governos oligarcas da Velha República. Enfrentou a polícia do Estado Novo com suas características fascistas. Enfrentou a repressão do regime militar. Perdeu quadros, muitos sob o látego da repressão. Mas quando uma idéia é forte e justa, ela sobrevive. O ideal dos fundadores do PCB, hoje PPS, sobreviveram e formaram novos combatentes pela justiça social.
No Brasil, as elites sempre foram adeptas da violência para manter seus interesses intactos. A violência surda ou explícita sempre esteve presente na vida brasileira. A violência do jagunço e do torturador, mestres em suas artes, reconhecidos internacionalmente, como o foram os técnicos da repressão do regime fardado, que transmitiram sua experiência aos ditadores dos países vizinhos.
Mas há também a violência da fome,da indigência, dos índices espantosos de mortalidade e de criminalidade urbana. Há a violência contra os pobres do campo, contra o índio, contra a natureza. Ainda estamos distantes de alcançar os padrões da modernidade. Porque há violência, senhores, também na política populista e demagógica de distribuição de bolsas como se fossemos uma grande população de esmoleres.
O PPS, herdeiro do PCB, nunca se alinhou nem se deixou arrastar pelos líderes populistas. Nunca fez coro às promessas degradantes feitas ao povo. Sempre lutou para que se imponha no país um regime de liberdade e de prosperidade que respeite a distribuição das riquezas e do trabalho.
Não somos, portanto, um partido de ocasião. Não somos apenas uma sigla. Muito menos um cartório que negocia apoios ou tempo de propaganda no rádio e na televisão. Temos asco aos que fazem da política seu balcão de negócios. Não nos submetemos aos governos de ocasião e não queremos formar na horda do fisiologismo que envergonha e empobrece o país.
Nós, do PPS, homenageamos hoje os fundadores e todos os que passaram nesses 87 anos pelo partido e lutaram, ombro a ombro, por liberdade, por justiça social. É a nossa luta. Aqui estamos para bom combate".
Nenhum comentário:
Postar um comentário