"Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido" Malcom X

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Bate-boca no Senado

Continuando o assunto "transparência", recordo que há cerca de dez dias, ouvi pelo rádio um bate-boca entre senadores após o discurso proferido pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), aquele em que ele se exime da culpa pela crise em que passa a instituição que preside. Um grupo de senadores pediu a demissão do diretor-geral e o Tasso Jereissati leu em plenário um relatório informal com sugestões para a reforma administrativa que pretendem aplicar na casa. Em parte, diga-se, o relatório não difere muito do que foi recomendado pela FGV (a Fundação Getúlio Vargas) que foi contratada para fazer um estudo e, como resultado de sua consultoria, recomendou a redução "drástica" do número de diretorias da casa.

Sarney ficou ouvindo a leitura do documento e os comentários que se seguiram, dentre eles, o de que muitos senadores apoiavam o "movimento" mas não todos (insinuando que haviam os que estavam alinhados à atual gestão da casa). Tudo ia bem até que os senadores Tião Viana (PT-AC), Mão Santa (PI), Papaléo Paes (PSDB – AP) e Sérgio Guerra (PE) e mais outros "periféricos" que não lembro agora, protagonizaram um ríspido bate-boca sobre quem compreendia ou não a "necessidade" que eles tinham de manter o benefício de passagens aéreas para suas respectivas famílias, para que não corressem o risco das mesmas desmoronarem. Um deles chegou a dizer que o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) era professor, portanto devia ser rico (!), e por isso poderia manter do próprio bolso a rotina de buscar e mandar esposa e filhos pra lá e pra cá. No entanto, continuou, como ele reside em Brasília, "defendia o corte da verba porque não precisava dela".

Ora... sem querer ferir o direito de ir e vir garantido pela Constituição, porque então não cria-se a seguinte regra: quem quiser exercer mandato parlamentar em Brasília, precisa sim conversar com a família para que mudem todos para a cidade durante o mandato. E a justificativa do próprio Cristovam me pareceu bem plausível: quando existe uma contratação por empresa privada, salvo exceções, ou a família inteira muda para a cidade (inclusive em outros países) onde o contratado exercerá seu ofício, ou em casos extremos em que isso não é possível, a família cria suas próprias normas para solucionar o problema, tais como reservar uma quantia para ver-se nos finais de semana ou até recusar o convite. Até para o caso de viagens, as empresas costumam custear uma parte, bem como a permanência da família em local próximo, mas daí a bancar todas as viagens que queiram, para um número sem limites de pessoas... Sinceramente, também custo a entender o mecanismo que obriga que nós, contribuintes, tenhamos que pagar para a família dos senadores (e deputados!) ficarem circulando pra lá e pra cá durante o mandato deles.

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