Abordando temas ainda muito atuais como qual é o papel do jornalismo científico, como se estabelece a relação jornalista-cientista, aspectos em torno da linguagem e da abordagem, limites e postura crítica, o pequeno manual é indispensável para jornalistas que pretendem cobrir assuntos relacionados à pesquisa científica. Resultado do I Curso de Especialização em Divulgação Científica promovido pela UnB, a compilação reúne a memória do evento com comentários dos vários palestrantes e convidados.
O grande questionamento que resultou na organização do Curso e da publicação em questão, centra-se em torno do fato de vivermos em uma sociedade em permanente estado de mutação e que a cada momento histórico encontra-se vivenciando uma "modernidade" subjetiva sentida apenas por quem vive o tempo presente. Trabalhar a divulgação das pesquisas científicas de forma que estas sejam compreendidas pela população leiga, é uma das tarefas do jornalista que cobre ciência e tecnologia.
Do desafio do jornalista, depende também o desenvolvimento de toda a sociedade, se pensarmos no papel social que executa a partir da divulgação da informação. Também a elaboração da temática científica entre os meios próprios acadêmicos-científicos, é tarefa de jornalistas que se relacionam diretamente com os autores das pesquisas e estudos nas mais diversas áreas do conhecimento. "Se ciência e tecnologia são importantes hoje em dia, um tratamento no mesmo nível deve ser dado à sua divulgação", afirma o Coordenador do Núcleo de Política Científica e Tecnologia da Universidade de Brasília, Bernardo Kipnis, na apresentação do manual. O foco, portanto, é também democratizar a informação, atribuição de máxima nobreza do exercício da profissão de jornalista.
A comparação entre "jornalistas e cientistas" e "camelôs e bailarinas", é de autoria do físico Luiz Piunguelli Rosa, que chama a atenção para a velocidade das informações nos tempos modernos. Tudo se torna obsoleto numa velocidade cada vez mais ascendente. Aspectos científicos diversos sofriam mutações com muito menos celeridade e hoje a velocidade entre as descobertas e a divulgação das mesmas, pode resultar em uma inadequação entre as duas coisas, dado o risco de se divulgar algo que jã tenha sido desmentido no minuto seguinte por outra pesquisa, por exemplo. O formato do Curso e da presente publicação é o resultado da comunicação entre palestrantes e debatedores, por vezes realizada de forma virtual com o envio de perguntas e respostas. Algumas das respostas, dadas por jornalistas e editores de revistas científicas, acabaram se tornando interessantes debates entre visões críticas opostas do papel do jornalista-cientista e dos leitores, que recebem as informações.
Como assinala Júlio Abramczyk, a divulgação científica através do jornalismo, também chama a atenção para as dificuldades que permeiam o universo do cientista como remuneração e falta de apoio governamental às pesquisas. Ele também aponta para a importância do conhecimento sendo repassado à camada mais jovem da população. Na era da informação, esse conceito se amplia, já que é possível hoje - mais até do que quando o livro foi editado - encontrar informações científicas através de revistas eletrônicas e sites de ciência e tecnologia, mais do que no meio impresso o que aumenta a velocidade da transmissão da informação. Ainda que o jornalismo impresso ainda tenha um papel relevante e essencial na sociedade atual, com o avanço dos blogues e sites de relacionamento, possivelmente o jornalismo científico deverá sofrer mutações diversas também no que diz respeito ao seu formato.
Nenhum comentário:
Postar um comentário