Jerusalém, 3 jun (EFE).- O britânico Roger Waters, músico e cofundador do Pink Floyd, voltou a Israel e aos territórios palestinos, onde não hesitou em chamar de "obsceno" o muro israelense na Cisjordânia.

"(Esta barreira) é uma obscenidade para outras pessoas no mundo. Aqui e talvez em outros lugares em que vivem, os judeus podem aceitá-la. Masas pessoas no mundo todo veem o muro como uma estranha forma de viver", disse o músico ao visitar a escola de cinema Sam Spiegel, em Jerusalém, segundo a imprensa local.

O cantor e baixista, que em 1990 organizou um show para mais de 300 mil pessoas em comemoração à queda do muro de Berlim, também foi duro ao criticar a ofensiva israelense de dezembro e janeiro passados contra Gaza, onde cerca de 1,4 mil palestinos morreram.

"Não foi um olho por olho, mas uns cem olhos por olho", declarou o artista sobre a resposta israelense aos foguetes palestinos lançados de Gaza, que, em sete anos, mataram 100 vezes menos que o os ataques israelenses em 23 dias.

Waters chegou à região na segunda-feira e logo seguiu para Jenin, no norte do território palestino da Cisjordânia, para supervisionar o andamento do projeto "Cinema Jenin".

A iniciativa, promovida pelo artista e financiada pelo Governo alemão, busca restaurar a única sala de cinema da cidade, fechada em 1987, e reabri-la em maio de 2010, junto com uma escola de cinema.

Em Jenin, Waters também visitou o campo de refugiados local, que, durante nove dias de 2002, foi palco de uma violenta incursão do Exército israelense.

"Parte do povo ainda está extremamente traumatizada. Há partes do campo que foram reconstruídas, mas outras ainda têm muitos problemas , declarou.

O cantor advertiu ainda que o conflito com os palestinos afetou significativamente a imagem de Israel no mundo, a ponto de muita gente ter deixado de acreditar que os judeus tenham direito a um Estado.

"Acho que, sem direitos iguais para todos, esta democracia não faz sentido. Em ambos os lados, estaõ morrendo pessoas inocentes. E para quê? Por areia de deserto?", questionou. EFE