"Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido" Malcom X

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Antes de ser Taliban, a UniBan é Bandeirante

O pessoal do Insituto Autonomia publicou um artigo ótimo sobre o caso da Uniban. Especificamente sobre o tipo de cobertura que a mídia faz nesses casos. Reproduzo o texto e assino embaixo:



Alguém se lembra do filme "Dormindo com o Inimigo" cuja persomagem principal, representada por Julia Roberts, é espancada pelo marido, ao mesmo tempo em que, ambos formam um casal perfeito perante a sociedade? A mensagem dessa história é simples: o inimigo está mais perto do que pensamos. Ele não é o vizinho ou o estrangeiro do outro lado do mundo. Ele sim está tão próximo que pode até ser nós mesmos/as. É com esta lembrança na memória que gostaria de fazer um alerta sobre o caso da UniBan e a minisaia.

A mídia inteira ao tentar caracterizar tal "universidade" optou pelo mais fácil, ou seja, optou pelo pré-conceito do distante, fazendo o seguinte trocadilho: UniTALIBan. Não entrarei no mérito da questão sobre o que representa ou significa Taleban - que diga-se de passagem sua tradução é estudantes. O que aqui me interessa dizer é que, não precisariam ir tão longe e associar o nome UniBan ao extremismo islâmico. Bastava lembrar o significado histórico da palavra Bandeirantes. Sim, façamos justiça, o inimigo revelado pelo acontecimento da minisaia, vive em nossas entranhas históricas.

Em meados do século XVI, promovidos pelo "Governo das bandeiras", jagunços adentram os sertões brasileiros, hávidos por riqueza minerais. Neste adentramento outros dois feitos: escravização indígena e aniquilação de quilombos. Ah, e vocês pensam que esses jagunços, denominados bandeirantes, eram os próprios colonizadores? Não, pelo contrário, suas fileiras eram compostas por indígenas escravos e aliados, por mestiços de índio com branco, e alguns brancos como capitães. Esse bandeirismo, usou - ou melhor, continua usando em outros meios - da estratégia de aniquilação chamada "pacificação". Bilingües que eram, falavam português e tupi-guarani, aniquilavam o diferente e nomeavam os lugares, que assim "pacificavam", com nomes indígenas. Um recurso de memória muito utilizado para confundir e apagar os rastros históricos das perversidades cometidas por tais jagunços.

Voltando ao século XXI, o feito de uma Universidade Bandeirante tem raízes históricas profundas. As quais não se gastou uma linha se quer para ser mencionada. Porquê esse silêncio? Talvez porque é mais fácil desviar a atenção em direção ao distante Taliban. Talvez porque é mais cômodo não estar a sós consigo mesmo; a não voltar os olhos para nossas próprias feições. Que, para além do milenarismo patriarcal e machista, para além da política educacional do MEC, para além da retrógrada filosofia da educação da Uniban, também estejamos atentos e atentas às significações que atribuímos aos acontecimentos.

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