"Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido" Malcom X

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A los golpistas de Ecuador: "No Pasaràn"!

Centenas de pessoas, principalmente policiais e militares, estão nas ruas de Quito, Guayaquil e Cuenca, protestando agora contra a nova proposta de legislação, feita pelo presidente Rafael Correa, que reduzirá seus ganhos, tirando bônus e incentivos.


A proposta é extensiva aos membros do parlamento. Na avaliação de Correa, é preciso reduzir os gastos com os beneficios na folha de pagamento de todo o primeiro escalão de governo. Mas a extensão da medida aos militares provocou polêmica.

Nesse momento, há pneus sendo queimados e muitos ocupam instalações militares. Estão fechando tambem os acessos às cidades, incluindo os aeroportos.

Em clima tenso, o presidente Correa discursou agora há pouco no principal quartel do exército em Quito e disse que não cederá. E que se quiserem, os policiais podem "tomar os quartéis, deixar a cidadania indefesa e trair sua missão de policiais". Ele enfrentou ainda os militares aglomerados em frente ao quartel dizendo que eles podem até mesmo matar o presidente.

Rafael Correa teve de usar máscara de gás para deixar o lugar, segundo relatos de testemunhas. Logo depois, ele foi levado ao Hospital da Polícia, onde entrou de maca, mostrando sinais de asfixia por gás lacrimogênio//

O principal comandante militar do Equador, general Ernesto González, afirmou que os soldados seguem leais a Correa. Em entrevista na cidade de Cuenca ele afirmou que todos estão sob o estado de direito e subordinados à máxima autoridade do presidente da república.

Nesse exato momento o povo se aglomera em frente ao Palácio de governo e a Telesur está transmitindo ao vivo toda a movimentação. As pessoas aguardam pronunciamento de Rafael Correa.

O Ministro de Relações Exteriores, Ricardo Patiño estava falando com as pessoas agora há pouco, chamando o povo para apoiar Rafael Correa neste momento de tensão.



quinta-feira, 16 de setembro de 2010

DIDI (RENATO ARAGÃO) recebe carta-desabafo de ELIANE SINHASIQUE

O texto abaixo foi escrito por uma jornalista acreana, que existe de verdade (não é um personagem do espaço etéreo da internet). Não concordo com todas as afirmações que ela faz, a principal é sobre a escola pública x particular porque defendo (na prática mesmo) sua valorização e me revolto com o número de professores da rede pública que, em Brasília, mantém seus filhos em escolas particulares, reduzindo ainda mais a credibilidade da educação pública pela qual já pagamos. Mas isso detalharei em outro post em breve.


Também sou contra comparações com a população carcerária, tenho cuidado com isso porque as pessoas não se importam, em geral, com essa parcela da população que - ainda que contrarie alguns por aqui - tem sim direitos. E se não são humanos, precisamos rever onde essa cisão aconteceu.


No entanto, o texto todo, essencialmente, precisa ser divulgado. Recomendo a leitura e, claro, comentários. Esse debate é muito importante.


Ah, para quem se interessar em ler outros textos desta jornalista, recomendo a leitura do  blog dela, em especial um escrito no dia 05/11 sobre a eleição de Dilma e o poder transformador das mulheres. Aqui: http://sinhasique.zip.net/

Juliana
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Querido Didi, 

  
Há alguns meses você vem me escrevendo pedindo uma doação mensal para enfrentar alguns problemas que comprometem o presente e o futuro de muitas crianças brasileiras. Eu não respondi aos seus apelos (apesar de ter gostado do lápis e das etiquetas com meu Nome para colar nas correspondências)... 

Achei que as cartas não deveriam ser endereçadas a mim. Agora, novamente, você me escreve preocupado por eu não ter atendido as suas solicitações. Diante de sua insistência, me senti na obrigação de parar tudo e te escrever uma resposta. 

Não foi por "algum" motivo que não fiz a doação em dinheiro solicitada por você. São vários os motivos que me levam a não participar de sua campanha altruísta (se eu quisesse poderia escrever umas dez páginas sobre esses motivos). 

Você diz, em sua última Carta, que enquanto eu a estivesse lendo, uma criança estaria perdendo a chance de se desenvolver e aprender pela falta de investimentos em sua formação. 

Didi, não tente me fazer sentir culpada. Essa jogada publicitária eu conheço muito bem. Esse tipo de texto apelativo pode funcionar com muitas pessoas mas, comigo não. Eu não sou ministra da educação, não ordeno e nem priorizo as despesas das escolas e nem posso obrigar o filho do vizinho a freqüentar as salas de aula. 

A minha parte eu já venho fazendo desde os 11 anos quando comecei a trabalhar na roça para ajudar meus pais no sustento da minha família. Trabalhei muito e, te garanto, trabalho não mata ninguém. Muito pelo contrário, faz bem! Estudei na escola da zona rural, fiz Supletivo, estudei à distância e muito antes de ser jornalista e publicitária eu já era uma micro empresária. 

Didi, talvez você não tenha noção do quanto o Governo Federal tira do nosso suor para manter a saúde, a educação, a segurança e tudo o mais que o povo brasileiro precisa. Os impostos são muito altos! Sem falar dos Impostos embutidos em cada alimento, em cada produto ou serviço que preciso comprar para o sustento e sobrevivência da minha família. 

Eu já pago pela educação duas vezes: pago pela educação na escola pública, através dos impostos, e na escola particular, mensalmente, porque a escola pública não atende com o ensino de qualidade que, acredito, meus dois filhos merecem. 

Não acho louvável recorrer à sociedade para resolver um problema que nem deveria existir pelo volume de dinheiro arrecadado em nome da educação e de tantos outros problemas sociais. 

O que está acontecendo, meu caro Didi, é que os administradores, dessa dinheirama toda, não têm a educação como prioridade. Pois a educação tira a subserviência e esse fato, por si só não interessa aos políticos no poder. Por isso, o dinheiro está saindo pelo ralo, estão jogando fora, ou aplicando muito mal. 

Para você ter uma idéia, na minha cidade, cada alimentação de um presidiário custa para os cofres públicos R$ 3,82 (três reais e oitenta e dois centavos) enquanto que a merenda de uma criança na escola pública custa R$ 0,20 (vinte centavos)! O governo precisa rever suas prioridades, você não concorda? Você pode ajudar a mudar isso! Não acha? 

Você diz em sua Carta que não dá para aceitar que um brasileiro se torne adulto sem compreender um texto simples ou conseguir fazer uma conta de matemática. Concordo com você. É por isso que sua Carta não deveria ser endereçada à minha pessoa. Deveria se endereçada ao Presidente da República. Ele é 'o cara'. Ele tem a chave do Cofre e a vontade política para aplicar os recursos. 

Eu e mais milhares de pessoas só colocamos o dinheiro lá para que ele faça o que for necessário para melhorar a qualidade de vida das pessoas do país, sem nenhum tipo de distinção ou discriminação. Mas, infelizmente, não é o que acontece... 

No último parágrafo da sua Carta, mais uma vez, você joga a responsabilidade para cima de mim dizendo que as crianças precisam da "minha" doação, que a "minha" doação faz toda a diferença. Lamento discordar de você Didi. Com o valor da doação mínima, de R$ 15,00, eu posso comprar 12 quilos de arroz para alimentar minha família por um mês ou posso comprar pão para o café da manhã por 10 dias. 

Didi, você pode até me chamar de muquirana, não me importo, mas R$ 15,00 eu não vou doar. Minha doação mensal já é muito grande. Se você não sabe, eu faço doações mensais de 27,5% de tudo o que ganho. 

Isso significa que o governo leva mais de um terço de tudo que eu recebo e posso te garantir que essa grana, se ficasse comigo, seria muito melhor aplicada na qualidade de vida da minha família. 

Você sabia que para pagar os impostos eu tenho que dizer não para quase tudo que meus filhos querem ou precisam? Meu filho de 12 anos quer praticar tênis e eu não posso pagar as aulas que são caras demais para nosso padrão de vida. Você acha isso justo? Acredito que não. 

Você é um homem de bom senso e saberá entender os meus motivos para não colaborar com sua campanha pela educação brasileira. 

Outra coisa Didi, mande uma Carta para o Presidente pedindo para ele selecionar melhor os ministros e professores das escolas públicas. Só escolher quem, de fato, tem vocação para ser ministro e para o ensino. Melhorar os salários, desses profissionais, também funciona para que eles tomem gosto pela profissão e vistam, de fato, a camisa da educação. Peça para ele, também, fazer escolas de horário integral, escolas em que as crianças possam além de ler, escrever e fazer contas possa desenvolver dons artísticos, esportivos e habilidades profissionais. Dinheiro para isso tem sim! Diga para ele priorizar a educação e utilizar melhor os recursos.
 

Bem, você assina suas cartas com o pomposo título de Embaixador Especial do Unicef para Crianças Brasileiras e eu vou me despedindo assinando... 

Eliane Sinhasique - Mantenedora Principal dos Dois Filhos que Pari. 

Jornalista/Radialista e Publicitária atuante em Rio Branco – Acre há mais de 19 anos.
Repórter especial do Jornal A Gazeta e Apresentadora do programa Toque Retoque da Gazeta FM 93,3

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

QUEM BISBILHOTA QUEM...


Por Leandro Fortes, da Carta Capital
Em 30 de janeiro de 2001, o peemedebista Michel Temer, então presidente da Câmara dos Deputados, enviou um ofício ao Banco Central, comandado à época pelo economista Armínio Fraga. Queria explicações sobre um caso escabroso. Naquele mesmo mês, por cerca de 20 dias, os dados de quase 60 milhões de correntistas brasileiros haviam ficado expostos à visitação pública na internet, no que é, provavelmente uma das maiores quebras de sigilo bancário da história do País. O site responsável pelo crime, filial brasileira de uma empresa argentina, se chamava Decidir.com e, curiosamente, tinha registro em Miami, nos Estados Unidos, em nome de seis sócios. Dois deles eram empresárias brasileiras: Verônica Allende Serra e Verônica Dantas Rodenburg.
Ironia do destino, a advogada Verônica Serra, 41 anos, é hoje a principal estrela da campanha política do pai, José Serra, justamente por ser vítima de uma ainda mal explicada quebra de sigilo fiscal cometida por funcionários da Receita Federal. A violação dos dados de Verônica tem sido extensamente explorada na campanha eleitoral. Serra acusou diretamente Dilma Rousseff de responsabilidade pelo crime, embora tenha abrandado o discurso nos últimos dias.
Naquele começo de 2001, ainda durante o segundo mandato do presidente FHC, Temer não haveria de receber uma reposta de Fraga. Esta, se enviada algum dia, nunca foi registrada no protocolo da presidência da Casa. O deputado deixou o cargo menos de um mês depois de enviar o ofício ao Banco Central e foi sucedido pelo tucano Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais, hoje candidato ao Senado. Passados nove anos, o hoje candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff garante que nunca mais teve qualquer informação sobre o assunto, nem do Banco Central nem de autoridade federal alguma. Nem ele nem ninguém.
Graças à leniência do governo FHC e à então boa vontade da mídia, que não enxergou, como agora, nenhum indício de um grave atentado contra os direitos dos cidadãos, a história ficou reduzida a um escândalo de emissão de cheques sem fundos por parte de deputados federais.
Temer decidiu chamar o Banco Central às falas no mesmo dia em que uma matéria da Folha de São Paulo informava que, graças ao passe livre do Decidir.com, era possível a qualquer um acessar não só os dados bancários de todos os brasileiros com conta corrente ativa, mas também o Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), a chamada “lista negra”do BC. Com base nessa facilidade, o jornal paulistano acessou os dados bancários de 692 autoridades brasileiras e se concentrou na existência de 18 deputados enrolados com cheques sem fundos, posteriormente constrangidos pela exposição pública de suas mazelas financeiras.
Entre esses parlamentares despontava o deputado Severino Cavalcanti, então do PPB (atual PP) de Pernambuco, que acabaria por se tornar presidente da Câmara dos Deputados, em 2005, com o apoio da oposição comandada pelo PSDB e pelo ex-PFL (atual DEM). Os congressistas expostos pela reportagem pertenciam a partidos diversos: um do PL, um do PPB, dois do PT, três do PFL, cinco do PSDB e seis do PMDB. Desses, apenas três permanecem com mandato na Câmara, Paulo Rocha (PT-PA), Gervásio Silva (DEM-SC) e Aníbal Gomes (PMDB-CE). Por conta da campanha eleitoral, CartaCapital conseguiu contato com apenas um deles, Paulo Rocha. Via assessoria de imprensa, ele informou apenas não se lembrar de ter entrado ou não com alguma ação judicial contra a Decidir.com por causa da quebra de sigilo bancário.
Na época do ocorrido, a reportagem da Folha ignorou a presença societária na Decidir.com tanto de Verônica Serra, filha do candidato tucano, como de Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity. Verônica D. e o irmão Dantas foram indiciados, em 2008, pela Operação Satiagraha, da Polícia Federal, por crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal, formação de quadrilha, gestão fraudulenta de instituição financeira e empréstimo vedado. Verônica também é investigada por participação no suborno a um delegado federal que resultou na condenação do irmão a dez anos de cadeia. E também por irregularidades cometidas pelo Opportunity Fund: nos anos 90, à revelia das leis brasileiras, o fundo operava dinheiro de nacionais no exterior por meio de uma facilidade criada pelo BC chamada Anexo IV e dirigida apenas a estrangeiros.
A forma como a empresa das duas Verônicas conseguiu acesso aos dados de milhões de correntistas brasileiros, feita a partir de um convênio com o Banco do Brasil, sob a presidência do tucano Paolo Zaghen, é fruto de uma negociação nebulosa. A Decidir.com não existe mais no Brasil desde março de 2002, quando foi tornada inativa em Miami, e a dupla tem se recusado, sistematicamente, a sequer admitir que fossem sócias, apesar das evidências documentais a respeito. À época, uma funcionária do site, Cíntia Yamamoto, disse ao jornal que a Decidir.com dedicava-se a orientar o comércio sobre a inadimplência de pessoas físicas e jurídicas, nos moldes da Serasa, empresa criada por bancos em 1968. Uma “falha”no sistema teria deixado os dados abertos ao público. Para acessá-los, bastava digitar o nome completo dos correntistas.
A informação dada por Yamamoto não era, porém, verdadeira. O site da Decidir.com, da forma como foi criado em Miami, tinha o seguinte aviso para potenciais clientes interessados em participar de negócios no Brasil: “encontre em nossa base de licitações a oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado”. Era, por assim dizer, um balcão facilitador montado nos Estados Unidos que tinha como sócias a filha do então ministro da Saúde, titular de uma pasta recheada de pesadas licitações, e a irmã de um banqueiro que havia participado ativamente das privatizações do governo FHC.
A ação do Decidir.com é crime de quebra de sigilo fiscal. O uso do CCF do Banco Central é disciplinado pela Resolução 1.682 do Conselho Monetário Nacional, de 31 de janeiro de 1990, que proíbe divulgação de dados a terceiros. A divulgação das informações também é caracterizada como quebra de sigilo bancário pela Lei n˚ 4.595, de 1964. O Banco Central deveria ter instaurado um processo administrativo para averiguar os termos do convênio feito entre a Decidir.com e o Banco do Brasil, pois a empresa não era uma entidade de defesa do crédito, mas de promoção de concorrência. As duas também deveriam ter sido alvo de uma investigação da polícia federal, mas nada disso ocorreu. O ministro da Justiça de então era José Gregori, atual tesoureiro da campanha de Serra.
A inércia do Ministério da Justiça, no caso, pode ser explicada pelas circunstâncias políticas do período. A Polícia Federal era comandada por um tucano de carteirinha, o delgado Agílio Monteiro Filho, que chegou a se candidatar, sem sucesso, à Câmara dos Deputados em 2002, pelo PSDB. A vida de Serra e de outros integrantes do partido, entre os quais o presidente Fernando Henrique, estava razoavelmente bagunçada por conta de outra investigação, relativa ao caso do chamado Dossiê Cayman, uma papelada falsa, forjada por uma quadrilha de brasileiros em Miami, que insinuava a existência de uma conta tucana clandestina no Caribe para guardar dinheiro supostamente desviado das privatizações. Portanto, uma nova investigação a envolver Serra, ainda mais com a família de Dantas a reboque, seria politicamente um desastre para quem pretendia, no ano seguinte, se candidatar à Presidência. A morte súbita do caso, sem que nenhuma autoridade federal tivesse se animado a investigar a monumental quebra de sigilo bancário não chega a ser, por isso, um mistério insondável.
Além de Temer, apenas outro parlamentar, o ex-deputado bispo Wanderval, que pertencia ao PL de São Paulo, se interessou pelo assunto. Em fevereiro de 2001, ele encaminhou um requerimento de informações ao então ministro da Fazenda, Pedro Malan, no qual solicitava providências a respeito do vazamento de informações bancárias promovido pela Decidir.com. Fora da política desde 2006, o bispo não foi encontrado por CartaCapital para informar se houve resposta. Também procurada, a assessoria do Banco Central não deu qualquer informação oficial sobre as razões de o órgão não ter tomado medidas administrativas e judiciais quando soube da quebra de sigilo bancário.
Fundada em 5 de março de 2000, a Decidir.com foi registrada na Divisão de Corporações do estado da Flórida, com endereço em um prédio comercial da elegante Brickell Avenue, em Miami. Tratava-se da subsidiária americana de uma empresa de mesmo nome criada na Argentina, mas também com filiais no Chile (onde Verônica Serra nasceu, em 1969, quando o pai estava exilado), México, Venezuela e Brasil. A diretoria-executiva registrada em Miami era composta, além de Verônica Serra, por Verônica Dantas, do Oportunity, Brian Kim, do Citibank, e por mais três sócios da Decidir.com da Argentina, Guy Nevo, Esteban Nofal e Esteban Brenman. À época, o Citi era o grande fiador dos negócios de Dantas mundo afora. Segundo informação das autoridades dos Estados Unidos, a empresa fechou dois anos depois, em 5 de março de 2002. Manteve-se apenas em Buenos Aires, mas com um novo slogan: “com os nossos serviços você poderá concretizar negócios seguros, evitando riscos desnecessários”.
Quando se associou a Verônica D. Na Decidir.com, em 2000, Verônica S. era diretora para a América Latina da companhia de investimentos International Real Returns (IRR), de Nova York, que administrava uma carteira de negócios de 660 bilhões de dólares. Advogada formada pela Universidade de São Paulo, com pós-graduação em Harvard, nos EUA, Verônica S. Também se tornou conselheira de uma série de companhias dedicadas ao comércio digital na América Latina, entre elas a Patagon.com, Chinook.com, TokenZone.com, Gemelo.com, Edgix, BB2W, Latinarte.com, Movilogic e Endeavor Brasil. Entre 1997 e 1998, havia sido vice-presidente da Leucadia National Corporation, uma companhia de investimentos de 3 bilhões de dólares especializada nos mercados da América Latina, Ásia e Europa. Também foi funcionária do Goldman Sachs, em Nova York.
Verônica S. ainda era sócia do pai na ACP – Análise da Conjuntura Econômica e Perspectivas Ltda, fundada em 1993. A empresa funcionava em um escritório no bairro da Vila Madalena, em São Paulo, cujo proprietário era o cunhado do candidato tucano, Gregório Marin Preciado, ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), nomeado quando Serra era secretário de Planejamento do governo de São Paulo, em 1993. Preciado obteve uma redução de dívida no Banco do Brasil de 448 milhões de reais para irrisórios 4,1 milhões de reais no governo FHC, quando Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-arrecadador de campanha de Serra, era diretor da área internacional do BB e articulava as privatizações.
Por coincidência, as relações de Verônica S. com a Decidir.com e a ACP fazem parte do livro Os Porões da Privataria, a ser lançado pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr. Em 2011.
De acordo com o texto de Ribeiro Jr., a Decidir.com foi basicamente financiada, no Brasil, pelo Banco Opportunity com um capital de 5 milhões de dólares. Em seguida, transferiu-se, com o nome de Decidir International Limited, para o escritório do Ctco Building, em Road Town, Ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas, famoso paraíso fiscal no Caribe. De lá, afirma o jornalista, a Decidir.com internalizou 10 milhões de reais em ações da empresa no Brasil, que funcionava no escritório da própria Verônica S. A essas empresas deslocadas para vários lugares, mas sempre com o mesmo nome, o repórter apelida, no livro, de “empresas-camaleão”.
Oficialmente, Verônica S. e Verônica D. abandonaram a Decidir.com em março de 2001 por conta do chamado “estouro da bolha” da internet – iniciado um ano antes, em 2000, quando elas se associaram em Miami. A saída de ambas da sociedade coincide, porém, com a operação abafa que se seguiu à notícia sobre a quebra de sigilo bancário dos brasileiros pela companhia. Em julho de 2008, logo depois da Operação Satiagraha, a filha de Serra chegou a divulgar uma nota oficial para tentar descolar o seu nome da irmã de Dantas. “Não conheço Verônica Dantas, nem pessoalmente, nem de vista, nem por telefone, nem por e-mail”, anunciou.
Segundo ela, a irmã do banqueiro nunca participou de nenhuma reunião de conselho da Decidir.com. Os encontros mensais ocorriam, em geral, em Buenos Aires. Verônica Serra garantiu que a xará foi apenas “indicada”pelo Consórcio Citibank Venture Capital (CVC)/Opportunity como representante no conselho de administração da empresa fundada em Miami. Ela também negou ter sido sócia da Decidir.com, mas apenas “representante”da IRR na empresa. Mas os documentos oficiais a desmentem.

Leandro Fortes

Leandro Fortes é jornalista, professor e escritor, autor dos livros Jornalismo Investigativo, Cayman: o dossiê do medo e Fragmentos da Grande Guerra, entre outros. Mantém um blog chamado Brasília eu Vi. http://brasiliaeuvi.wordpress.com

domingo, 12 de setembro de 2010

Quem estiver em SP no dia 16, não pode perder



O vereador Professor Claudio Fonseca convida toda a sociedade paulistana para a sessão solene que dará ao jornalista José Hamilton Ribeiro, o “Repórter do Século”, o título de Cidadão Paulistano da Câmara Municipal de São Paulo.

A homenagem será realizada no próximo dia 16 de setembro, quinta-feira, a partir das 19 horas, no Salão Nobre da Casa.

Na oportunidade, o jornalista recordará momentos marcantes da sua longa e brilhante carreira. Um documentário de oito minutos trará depoimentos dos amigos de profissão, além de mostrar curiosidades das suas principais reportagens. O cantor paulistano Celso Sim, músico da nova geração da MPB, dará o toque musical à noite.

Repórter do Século

José Hamilton Ribeiro nasceu em 29 de agosto de 1935, na cidade de Santa Rosa do Viterbo, interior de São Paulo. Em 1954, foi estudar jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo. No penúltimo ano do curso, foi convidado a deixar a faculdade por ter participado, na condição de vice-presidente do Centro Acadêmico, de uma greve de estudantes. Na época, já trabalhava como repórter. Em 1964, se formou em direito na Universidade de Uberaba. Em 1973, ironicamente, voltou à Casper Libero, como parte do corpo docente da faculdade.

A carreira jornalística de José Hamilton Ribeiro começou em 1954, no jornal O Tempo, feito por jornalistas que haviam se demitido da Folha de S. Paulo. Em 1956, passou a ser repórter da Folha. Em 1962, aceitou um convite para trabalhar em Quatro Rodas, revista recém-criada pela Editora Abril. Chegou a ser editor-chefe da revista e ganhou um Prêmio Esso de Jornalismo em 1964.

Em 1966, transferiu-se para a revista Realidade, fundada por jornalistas dissidentes da Quatro Rodas, onde trabalhou sete anos e chegou a ser editor-chefe. Ganhou mais três prêmios Esso de Jornalismo: em 1967, 1968 e 1973. Como repórter da revista, participou da cobertura da Guerra do Vietnã. Passou 20 dias no front americano, com o fotógrafo japonês Kei Shimamoto.

No Vietnã, José Hamilton Ribeiro foi atingido por uma mina terrestre e perdeu a perna esquerda. Na ocasião, uma foto sua caído no campo de batalha estampou a capa de uma edição da Realidade. Em 1969, o jornalista escreveu um livro sobre a cobertura, O Gosto da Guerra, e ganhou outro Prêmio Esso, desta vez na categoria jornalismo individual.

De 1973 a 1975, José Hamilton Ribeiro foi repórter da revista Veja. Depois, afastou-se da grande imprensa para ajudar na implantação de novas tecnologias, como o off-set e a informática, em jornais do interior de São Paulo.

Em 1975, foi diretor do Diário de Ribeirão Preto. Em 1977, foi diretor do jornal Dia e Noite, de Rio Preto, pelo qual ganhou mais um Prêmio Esso de Jornalismo. Em 1978, foi chefe de jornalismo da TV Tupi, em São Paulo. No ano seguinte, foi diretor do Jornal de Hoje, de Campinas, e ganhou o Prêmio Telesp de Jornalismo.

Seu primeiro trabalho na TV Globo foi uma reportagem sobre o Pantanal, exibida em janeiro de 1981, na edição de aniversário de um ano do Globo Rural. A matéria, que fez como free-lancer, lhe rendeu um convite para trabalhar no Globo Repórter. Na época, o programa, dirigido por Paulo Gil Soares, era gravado em filme 16 mm, com narração em off, sem a imagem do repórter. A primeira gravação em videotape do Globo Repórter foi justamente uma reportagem de José Hamilton Ribeiro sobre o garimpo em Serra Pelada, exibida em 10 de junho de 1982. Era também a primeira vez em que o repórter aparecia no vídeo.

Ainda em 1982, José Hamilton Ribeiro passou a integrar a equipe do Globo Rural, da qual faz parte até hoje. Em 1983, ganhou o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos por uma reportagem sobre a seca do Nordeste, feita em parceria com Carlos Azevedo e Sérgio Roberto Ribeiro. Em 1985, outra reportagem sua, sobre os cortadores de cana de Barrinhos, em Ribeirão Preto, ganhou o Vladimir Herzog de jornalismo. Naquele ano, foi também o editor-chefe da revista Globo Rural.

Em 1990, José Hamilton Ribeiro tornou-se membro da Comissão de Avaliação da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Em 1992, participou do projeto Notório Saber em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina. No ano seguinte, venceu o concurso de professor titular na mesma universidade.

Em junho de 1995, voltou ao Vietnã para fazer uma reportagem para o programa Contagem Regressiva. A viagem acabou rendendo uma matéria também para o Globo Rural, na qual o repórter e o cinegrafista Sergio Gilz documentaram os costumes da população e o trabalho do produtor rural no Vietnã.

Para o Globo Rural, José Hamilton Ribeiro participou de várias reportagens especiais no Brasil e no exterior. Em novembro de 1996, mostrou o trabalho dos índios bakairis que constroem canoas com a casca da árvore de Jatobá. Em 1999, foi até Portugal destacar as características da vida do campo no país, como a produção de azeitonas e a criação de cavalos. Em 2002, acompanhou uma expedição científica no rio Paraguai com pesquisadores da Embrapa. No ano seguinte, foi até a cidade de Araxá conferir o projeto de preservação de animais ameaçados de extinção. Também em 2003, fez uma série de reportagens especiais sobre música caipira.

Em outubro de 2004, uma matéria de José Hamilton Ribeiro sobre as queimadas na Amazônia foi ao ar no Jornal Nacional. As imagens mostravam grandes áreas da floresta devastadas pelo fogo e animais mortos pelas chamas. O repórter conversou com a então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, sobre a situação das queimadas. Entrevistou também o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, na época Ennio Candotti. Candotti afirmou que se houvesse um tribunal para julgar os crimes contra a natureza, o Brasil seria condenado.

Em 2006, José Hamilton Ribeiro recebeu o Prêmio Maria Moors Cabot,da Universidade de Columbia, um dos mais antigos e importantes prêmios do jornalismo nos Estados Unidos. O jornalista foi um dos vencedores na categoria Outstanding reporting on latin america, que homenageia profissionais que demonstram comprometimento com a liberdade de imprensa e a compreensão das relações interamericanas.

José Hamilton Ribeiro é autor de mais de 15 livros, quase todos derivados de suas reportagens, como Jornalistas 37/97 (1998), sobre o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, e Repórter do Século (2007), com suas reportagens que ganharam o Prêmio Esso.


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Fonte: http://vereadorespps.blogspot.com/2010/08/169-cidadao-paulistano-para-jose.html

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Collateral Murder

Um dos vídeos mais contundentes sobre a metodologia americana de guerra, publicado em abril deste ano pelo WikiLeaks. Um helicóptero Apache, durante ataque a Bagdá (em 2007), mata cerca de 12 pessoas, dentre elas dois jornalistas da agência Reuters. Preste atenção no diálogo entre os soldados que operam o ataque. Michael Moore, em um de seus documentários, mostra o prazer que um jovem soldado americano sente em conduzir um tanque de guerra e abrir fogo, muitas vezes contra civis. Nessa gravação, mais uma das notáveis revelações de Julian Assange, é possível perceber que alistar-se no exército americano é  "diversão" garantida.


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