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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Documentos do Wikileaks sobre América Latina criam possibilidade de tensão com os EUA

Por Summer Harlow/AP 



As dúvidas da secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, sobre a saúde mental da presidente da Argentina, Cristina Kirchner; os relatórios sobre a presença de espiões cubanos e guerrilheiros das Farc na Venezuela e as afirmações de que o presidente da Bolívia, Evo Morales, teria sido convidado pelo colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, para fazer uma cirurgia para a remoção de um tumor na face no Brasil são apenas algumas das novas revelações feitas pelo site de vazamento de informações confidenciais WikiLeaks, que, no último domingo, começou a divulgar um lote de 250 mil mensagens secretas enviadas por diplomatas americanos - ou cabos, como são chamadas essas correspondências.
Até agora, apenas 290 dos cerca de 250 mil documentos diplomáticos dos EUA foram divulgados. Asmensagens mencionam países latino-americanos 33.805 vezes, o que equivale a aproximadamente 8% das correspondências, segundo o Miami Herald. A Venezuela é o que mais aparece (3.435 vezes). Em seguida estão o Brasil (3.070 vezes) e a Colômbia (2.896 vezes).
Numa mensagem sobre a presidente da Argentina divulgada no dia 1 de dezembro, Sergio Massa, chefe de gabinete de Cristina Kirchner em 2008 e 2009, diz a um diplomata americano que ela se submete ao marido, um "monstro" controlador, informou a Associated Press.
Segundo o Clarín, Hillary Clinton fez uma ligação para Cristina Kirchner, para "minimizar o impacto das mensagens e evitar um conflito diplomático", continua o Buenos Aires Herald.
As mensagens também mostram que Washington foi "conivente" com a derrubada do presidente de Honduras, Manuel Zelaya, conforme o Latin American Herald Tribune.
O presidente do Peru, Alan García, tentou desqualificar as mensagens, dizendo que elas são opiniões de "gringos" e "totalmente irrelevantes". Já o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que os documentos sobre o país são insignificantes e "não merecem ser levados a sério”, reportou o Financial Times.
O presidente da Venezuela, Hugo Chavez, elogiou o WikiLeaks pela divulgação das mensagens, referindo-se aos funcionários do departamento de Estado dos EUA como "delinquentes" e pedindo a Hillary Clinton que renuncie, disse o Wall Street Journal.
Enquanto isso, o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, teve o convite para se asilar e trabalhar no Equador retirado pelo governo do país, segundo o Christian Science Monitor. O presidente equatoriano, Rafael Correa, inclusive negou que o convite tenha sido feito, afirmando que o WikiLeaks "cometeu um erro ao violar as leis americanas e vazar informações desse tipo", informou a Reuters.
O Global Voices, rede internacional de blogueiros, oferece análises sobre as mensagens relacionadas à América Latina aqui.

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