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segunda-feira, 10 de outubro de 2005

FERNANDO SANTANNA, o Adorável Comunista, completa 90 anos

Por Nadja Rocha, do Portal do PPS:


Vadinho, Jubiabá, Pedro Arcanjo e Quincas Berro Da Água. Todos esses personagens jorge-amadianos estão encarnados em um certo comunista "arretado" chamado Fernando dos Reis Sant`Anna, um ser múltiplo e uno, uma síntese de muitos comportamentos e valores colocados a serviço do Brasil. São 90 anos bem vividos, comemorados com uma grande festança em Salvador, capital da imensa Bahia, onde o filho mais velho de "Seu" Pompílio e Dona Genésia estará recebendo, com a fidalguia e a distinção de sempre, no Hotel da Bahia, uma imensidão de amigos feitos ao longo da vida.

“Fernando é a fantástica manifestação de uma grande fidelidade a ideais maiores", sintetiza Roberto Freire, presidente nacional do PPS e companheiro de Constituinte. Nascido em berço de ouro em Purificação, hoje, Irará, em 1915, ano de seca braba no Nordeste, Fernando Sant`Anna, tomou caminho diferente de seus contemporâneos. Logo cedo, vendo que não veio ao mundo para ser mais um alienado na vida, começou a se indignar com as desigualdades sociais e a miséria. “Vai, Fernando, ser um comunista na vida”, teriam- lhe cochichado os orixás.

Seguiu para estudar em Salvador no Colégio da Bahia, no famoso Central dos irmãos Mangabeira (Octávio e João), Carlos Marighella, Mário Alves e tantos outros baianos ilustres. Logo estreou no movimento estudantil e torna-se um militante ativo do Partido Comunista Brasileiro. Daí em diante, Sant`Anna integrou-se completamente à vida da cidade. O interiorano transformou-se rapidamente num soteropolitano legítimo, descobrindo o que Salvador tinha e tem de mais importante: a sua cultura, a sua negritude, o seu gosto pela dança e o seu imenso amor pela vida. "Botei pra quebrar", confessou a Antonio Risério, seu biógrafo em "O Adorável Comunista".

“Quem andou por este país nos últimos 70 anos envolvido com qualquer coisa de política, já ouviu falar, conviveu, conversou, votou e se encantou com esta figura política e humana chamada Fernando Sant`Anna”, define Eduardo Santiago, o Dida, presidente do Diretório Metropolitano do PPS de Salvador. Deputado federal três vezes, um deles constituinte pelo Partidão, Fernando teve o mandato cassado pelo golpe militar de 1964. Exilou-se na então Iugoslávia de Tito, mas, um ano depois, retornou ao Brasil. Entendeu que sua trincheira era aqui. Foi preso e ficou incomunicável, mas isso não o amargurou nem o afastou da política, muito pelo contrário.

“Fernando é um homem de braços abertos para demonstrar sua solidariedade, de braços abertos para fugir dos sectarismos empobrecedores da ação política e abraçar todos os que se mostrem com disposição de lutar a mesma luta, o mesmo ideal, construir a mesma utopia, tudo sem hegemonia nem excludências”, define Arildo Dória, outro camarada velho de guerra.

Bom de papo, gosto refinado, tribuno respeitado, boêmio confesso, finíssimo no trato com as mulheres, o menino de Irará também se notabilizou na Câmara pela elegância. Andava numa “estica” de fazer inveja. Dava gosto vê-lo atravessar os corredores do Congresso a caminho do plenário. Vozeirão inconfundível e andar gingando como um ganso, lá ia Fernando, com seu terno branco de linho diagonal legítimo, sapatos lustrosíssimos e cabelos sempre penteados. Impecável.

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