O Governo Arruda acaba de completar 100 dias. José Roberto Arruda foi o único governador eleito pelo DEM (ex-PFL) nas últimas eleições e, como tal, ganhou status de jóia da coroa do ex-Partido da Frente Liberal, mas o preço tem sido alto.
Talvez inspirado em Fernando Collor de Mello, Arruda tentou, assim que empossado, dar um "ipon" nas despesas demitindo, nada mais nada menos, que 17.000 ocupantes de cargos comissionados (servidores sem concurso público). Parte da classe média brasiliense comemorou: enfim alguém para pôr o estado no seu devido lugar. Um lugar bem pequeno, diga-se. Mas, em poucas semanas, jornais da cidade começaram a repercutir reclamações de cidadãos indignados com problemas diversos nos órgãos públicos. A cidade descobriu, então, que o uso de comissionados pelo governo anterior, Roriz/Abadia, foi tão intenso que ao demiti-los, o governo Arruda praticamente paralisou muitos órgãos públicos que eram quase que integralmente operados por cargos comissionados. Roriz conseguiu criar uma espécie única no país: o "servidor em cargo comissionado de carreira". E os servidores concursados, por sua vez, tornaram-se espécie em risco de extinção no GDF. Pegou mal. Por outro lado, muitos cidadãos descobriram que o estado é necessário no exato momento em que dele precisaram e o encontraram paralisado por força das medidas de austeridade que aplaudiram. Contradições são sempre pedagógicas porque levam as pessoas a pensar...
Arruda explicou as demissões dizendo que foram feitas para equilibrar o caixa do GDF que teria recebido do governo anterior com "rombo", mas tanto Roriz como Abadia negam problemas nas contas do governo. Pegou mal para todos e até agora os cidadãos não sabem em quem acreditar. As relações do governador Arruda com Roriz, também estão paralisadas.
Em outro "sintoma" dos 100 dias, deputados que compõem a base de apoio do governo atacaram publicamente o governador por não estarem conseguindo emplacar protegidos no governo. Pegou mal para os que reclamaram, mas também para o governador porque revelou-se para a população que coligações amplas demais que levam a vitórias eleitorais não necessariamente resultam em bases de sustentação coerentes na hora de governar. Embates internos resultantes do choque de interesses na base de apoio tendem a crescer e aparecer e aí a saia-justa passa a ser peça de vestuário que o governador tem vestido com freqüência surpreendente. A base de apoio do governador continua desarrumada e insatisfações, justificadas ou não, se acumulam. Para a maior interessada, a população, o governo Arruda ainda não começou.
Por Juliana Medeiros
Publicado em: http://www.votebrasil.com.br
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