"Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido" Malcom X

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

ALEIDA GUEVARA E A REVOLUÇAO BOLIVARIANA


No dia 14, miércoles (quarta-feira), tivemos o enorme prazer de assistir Aleida Guevara — médica, filha do comandante Che —, dentre outros companheiros expositores no auditório da Universidade Central do Equador, onde se concentram pela manha os painéis do Congresso da OCLAE.

Aleida é extremamente carismática e tem um espírito verdadeiramente revolucionário. Ela nos disse que a maior responsabilidade dos jovens é a de manter a criatividade, a postura de vanguarda e a coragem de experimentar. E mais, que este é o momento propício para isto, já que normalmente tem-se mais tempo e disposiçao para a militância.

Durante sua fala, em alguns momentos, ouviam-se palavras de ordem dos companheiros de vários países, em especial os Cubanos, Colombianos e Venezuelanos. Gritos de “Somos Comunistas, Marxistas-Leninistas” eram os mais ouvidos e de apoio aos movimentos revolucionários dos países presentes. Aleida Guevara observou que ouvia mais aplausos quando alguns países, principalmente o Equador — país anfitriao —, eram citados e disse que deveríamos aplaudir e apoiar todos os países em que haviam revolucoes em andamento, em especial a Venezuela e a Bolívia. Lembrou que a revoluçao em curso na Venezuela era um marco para a hsitória da América Latina e que era muito importante que o presidente Chavez tivesse o apoio de todos já que seu maior adversário era a mídia internacional. Ela nos disse que devemos também aprender a ler as entrelinhas, como a personagem Mafalda (do cartunista Quino). E que na Bolívia, Evo Morales representa a vitória das minorias sendo um presidente de origem indígena. Afirmou que se a direita quisesse, poderia já ter matado Evo Morales, mas que lhes interessa mais que fique vivo e que fracasse porque ficaria claro que o povo indígena nao tem competência para governar.Dentre as minorias, lembrou que os africanos também estavam representados, sendo parte de nosso sangue e nossa história e tendo sido alijados da história desde o início da formaçao da América Latina. Se tivemos nossas riquezas naturais roubadas pelos colonizadores, a África teve seus homens e mulheres retirados à força de sua pátria, o que compromete até hoje o desenvolvimento daquele continente.

Sobre as universidades, a filha do comandante, disse que estas têm preparado seus alunos para o mercado, para que sejam “bem-sucedidos” e nao para que devolvam à sociedade o que aprenderam, para que ajudem seus países. Para que sejamos realmente revolucionários, temos que caminhar com os camponeses e indígenas, investindo também em projetos que melhorem sua qualidade de vida. Saúde e educaçao sao um direito primordial do povo e por isso nao podem ser comercializados. Apesar de chamarem Fidel de ditador, em Cuba todas as escolas e universidades sao públicas e gratuitas e todo o serviço de saúde também. Que ditador quer que seu povo esteja saudável e mais, que se eduque e crie massa crítica?

Historicamente, vivemos já há mais 200 anos sob o modelo capitalista e pelo que vemos este de fato nao é o melhor modelo porque as desigualdades nao só permanecem como cresceram em muitos países. A exploraçao do homem pelo homem (e a mais-valia) fazem parte do modelo capitalista falido previsto por Marx. Ele mesmo nos disse que tal modelo seria autofágico e entraria em declínio. Hoje, o meio-ambiente é a principal vítima deste modelo e a raça humana seu principal agente de destruiçao.

Que podemos fazer como países explorados? Um exemplo seria renegociar o envio das matérias-primas que movem suas economias e que lhes vendemos por um valor infinitamente menor até que o custo de extraçao. A maioria dos países desenvolvidos produz manufaturados e alimentos a partir do que os países mais pobres lhes enviam porque nao sao capazes de produzi-los. O chocolate Suíço é feito com cacau africano, o café boliviano e brasileiro é exportado para todo o mundo, o ferro que exportamos do Brasil para os EUA e Europa se converte em computadores e outros produtos que compramos já manufaturados e muito mais caros. Neste momento, Aleida fez uma observacao, lembrando que o Brasil “es una America diferente pero es tambien nosso hermano sulamericano”. Assim, notamos que aqui no Equador, ocorre o mesmo que já haviamos percebido dos bolivianos e chilenos, que o Brasil é visto — até por causa de sua economia forte, em comparaçao a estes países — como um país imperialista que por vezes explora também seus recursos e mao-de-obra. Inclusive, recebemos um panfleto que versa sobre um manifesto contra as multinacionais e a Petrobras está entre elas (Coca-Cola, Texaco, McDonal´s, etc).

Aleida diz que o petróleo deve servir como um produto de intercâmbio entre os países. Mas nao para dar-lhes o que nao têm e sim o que mais necessitam. Essa foi a mensagem revolucionária e de solidariedade entre os povos deixada por Che, que fez também vários sacrifícios pessoais por esta causa. Aleida pediu que levantassem as maos quem teria a mesma disposicao e todos levantaram mas ela lembrou que “el Che” dentre outras coisas se privou da convivência com a mulher e os filhos em prol de um ideal coletivo e que isso nao é fácil. Assim como nao é fácil viver (e crescer) em um país com embargo ecônomico e por isto existe um grande mérito na resistência do povo cubano.

Quando há unidade, a força é invencível. A sociedade humana nunca será perfeita mas isso é bom porque sempre estaremos procurando melhorar-nos. A sociedade deve avançar em conjunto, em especial os povos da América Latina e Caribe. O conhecimento humano é infinito e deve ser utilizado para o avanço social dos povos de todo o mundo e pela paz.

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