Fonte: Agência de Notícias AFP
QUITO — O presidente Rafael Correa lançou neste sábado a campanha pelo projeto de Constituição, saudado por uma multidão que agitava bandeiras verdes e vermelhas alusivas ao movimento governista Aliança País e aos partidos aliados, durante um ato em que alertou para possíveis episódios de violência por parte da oposição.
A Carta Magna será submetida a referendo no dia 28 de setembro. "Vão recorrer à violência e tentar afrontar o presidente, como vinte pessoas tentaram fazê-lo semana passada", afirmou Correa em alusão a um protesto de estudantes durante sua visita a uma universidade privada de Guayaquil.
Desde cedo, milhares de pessoas se aglomeraram ao longo da avenida dos Shirys, que cruza o norte da cidade, para apoiar o executivo na consulta sobre a proposta.
De acordo com pesquisa recente do Instituto Cedatos-Gallup, o apoio à nova Carta subiu de 40% para 44% - para ser aprovada, precisa de mais de 50% dos votos.
Se cumpridos os prognósticos, Correa vai obter a quarta de vitória nas urnas desde novembro de 2006, depois de conquistar a presidência e conseguir a maioria na consulta para mudar a atual Constituição.
A nova Carta Magna traz várias reformas em relação à Constituição vigente, de 1998, como a reeleição presidencial, além de reforçar o controle do Estado sobre a economia e permitir ao presidente dissolver o Congresso, por pelo menos uma vez, durante o mandato de quatro anos.
A oposição acusa Correa de querer se perpetuar no poder, por meio da nova Carta Magna.
"Essa Constituição trata é de perenizar o presidente para que possa, dessa forma, controlar todos os atos de nossas vidas", expressou a parlamentar Anabella Azín, do partido Prian (de direita), acrescentando que o documento foi elaborado por "assessores estrangeiros e pelo bureau político" do governo.
"Destrói-se a base da democracia, que é o balanço dos poderes", atacou ela, insistindo em que o socialismo do século XXI, promovido por Correa, junto com seu amigo e aliado venezuelano Hugo Chávez, "é irrealizável".
Anabella destacou que a nova Carta Política fecha as portas para o investimento privado, devido à falta de garantias para que "se possa produzir de acordo com as regras de livre mercado".
Correa, que tem certeza de que conseguirá uma esmagadora vitória no referendo constitucional, nega que o documento tenha sido redigido para seu próprio interesse e descarta uma estatização da economia.
A hierarquia católica do Equador está empenhada numa batalha para defender sua rejeição ao projeto de Constituição do presidente Correa, visto como favorável ao aborto.
Segundo o presidente da Conferência Episcopal, monsenhor Antonio Arregui, embora as relações com o chefe de Estado estejam num mal momento, os bispos "vão evitar qualquer tipo de excesso", mas sem renunciar ao direito de se expressarem livremente.
Os bispos se afastaram do plano redigido e aprovado pela Constituinte de maioria governista, alegando que as reformas deixam entreaberta a porta ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, além de confiar ao Estado a educação religiosa nas escolas.
O Equador, com 13 milhões de habitantes, é um país de maioria católica num Estado laico.
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