O texto abaixo é de Jordana Lima Duarte e faz algumas reflexões sobre a luta por uma sociedade que reconheça o valor de homens e mulheres de forma mais igualitária. É um texto aberto ao debate. Comentem!
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Dia desses, um amigo se queixou que este espaço tinha se tornado um local excludente, voltado apenas às mulheres...
Eu redargui, ofendida - afinal, ele me acusara de feminismo!!
E as feministas que me perdoem: houve tempo em que tal palavra aludia ao direito de as mulheres se unirem a fim de defender-se do machismo, de todas as formas cabíveis e possíveis.
O Feminismo conquistou para nós alguns direitos, mas ainda faltam muitos. Leis foram criadas. Mentes mudaram, é verdade - mas não todas; e isso vai levar um tempo, considerando que sabotamos a nós próprias e umas às outras, e isso é uma tradição.
Não é segredo que mulheres são mais competitivas (entre si) e lutar pelo direito delas não é diferente de lutar pelo direito de qualquer ser que esteja em desvantagem. Afinal não somos minoria como os índios, os negros enfim: na verdade somos maioria em praticamente tudo - entre os chefes de família, entre os eleitores, somos maioria em números absolutos. O que nos leva a concluir que, basicamente, temos o poder?? Rsrs... Alguém quer o poder? E pra que?
Quem tem o poder? Os homens?? E não foi o poder deles que nos oprimiu por milênios??
E honestamente: alguém acha que, com o poder nas mãos, seríamos magnânimas, superiores em qualquer coisa, generosas e justas??
Não, não estou confusa; não estou sendo machista e não estou defendendo os homens.
Tampouco estou sendo FEMINISTA. O feminismo difere do machismo em quê, necessariamente?
Não importa quantas sejam as respostas - a verdade só aparecerá quando o poder estiver em nossas mãos.
O prognóstico não é bom: mulheres são, comprovadamente, menos solidárias entre si do que os homens. Isso é fato. Mulheres são menos corruptíveis? É uma teoria - discutível.
Uma coisa é haver uma ou duas mulheres trabalhando com um grupo grande de homens n'uma empresa. Outra, bem diferente, é ter um grande grupo de mulheres trabalhando juntas.
Não faz muito tempo, tive a experiência de presenciar um evento só de mulheres, durante três dias... E havia lá meia dúzia de homens. Não vou dar relatório de tudo, mas posso dizer que, em determinado momento, depois de muitos bate-bocas entre as senhoras - praticamente arruinando o evento por conta de vaidades pessoais e fome de poder - uma delas apontou um dos homens presentes e acusou a organização de machismo por permitir entre elas figuras masculinas...
Então é assim que se combate o machismo...? Então isso é feminismo?? O feminismo é o machismo do avesso? Pois vamos classificar direito as coisas: não se trata de machismo ou feminismo - se trata de sexismo. E não se combate o sexismo sendo sexista...!
Devemos sim, continuar batalhando nossos espaços na sociedade, no mundo, na vida, no tempo.
Mas como diria Ivan Alves - amigo querido - a luta pelos direitos das mulheres é parte da luta, e não uma luta à parte.
A questão feminina é uma questão humanista e interessa a todos - não só à classe feminina.
Nós, que somos mães, temos papel fundamental nisso: que tipo de homens e mulheres estamos preparando para o mundo? Em países latinos, ainda se criam meninos de modo diferente das meninas. Meninos não podem brincar com bonecas e só meninas crescem ajudando as mães nas tarefas de casa. O resultado disso é um homem que não sabe o que fazer com um bebê e uma mulher cumprindo dupla ou tripla jornada como se isso fosse normal. Porque comum não é a mesma coisa que normal.
Devemos repensar nosso papel na luta pela real democracia que, por si só, denota igualdade entre TODOS. Entenda-se: igualdade de gênero, raça, classe social enfim - TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI, SEM DISTINÇÃO DE QUALQUER NATUREZA, reza o artido 5º da Constituição Federal.
Então devemos dar aos homens o mesmo tratamento que nos deram até hoje? Isso apenas nos torna piores que eles. Sim, piores, considerando que conhecemos a opressão. Exatamente por isso devíamos ser... diferentes. E somos? Se não podemos ser generosas e justas umas com as outras, como o seremos com os homens?
Estou preparando um evento em Santos - SP, que pretende discutir algumas questões femininas fundamentais. E me perguntaram: 'mas é exclusivo para mulheres, não?'... Mas é claro que não, a não ser que eu queira mostrar que tais questões são questões femininas - e elas são de toda a sociedade. Até quando se deixará de fora o homem nessa discussão? Ou só nos dirigiremos a eles para apresentar cobranças e queixas?
Inteligente é ser progressista. E ser progressista é andar pra frente. E não se pode andar pra frente, carregando o passado nas costas.
Vamos combater o sexismo com debate inteligente. Vamos VENCER o sexismo tratando ao outro como igual.
Vivemos outra era, em que já não há espaço para separatismos contraproducentes - temos um mundo para mudar, cheio de fome e misérias, cheio de violências de todo o tipo. Sim, como mulheres, sofremos violência: então usemos as leis e lutemos contra essa violência em todas as suas facetas.
Mas não é contra a classe masculina essa luta - não são eles os detentores exclusivos do preconceito, do mau uso do poder e das injustiças sociais: mulheres - e isso vemos todos os dias nos jornais - são igualmente capazes de todo o tipo de crueldade, e isso também é fato.
Sejamos honestos.
Sejamos verdadeiros.
Sejamos democráticos - sejamos: IGUAIS.
A partir disso, lutemos juntos - homens e mulheres. Os tempos pedem isso.
E já passa da hora.
Dia desses, um amigo se queixou que este espaço tinha se tornado um local excludente, voltado apenas às mulheres...
Eu redargui, ofendida - afinal, ele me acusara de feminismo!!
E as feministas que me perdoem: houve tempo em que tal palavra aludia ao direito de as mulheres se unirem a fim de defender-se do machismo, de todas as formas cabíveis e possíveis.
O Feminismo conquistou para nós alguns direitos, mas ainda faltam muitos. Leis foram criadas. Mentes mudaram, é verdade - mas não todas; e isso vai levar um tempo, considerando que sabotamos a nós próprias e umas às outras, e isso é uma tradição.
Não é segredo que mulheres são mais competitivas (entre si) e lutar pelo direito delas não é diferente de lutar pelo direito de qualquer ser que esteja em desvantagem. Afinal não somos minoria como os índios, os negros enfim: na verdade somos maioria em praticamente tudo - entre os chefes de família, entre os eleitores, somos maioria em números absolutos. O que nos leva a concluir que, basicamente, temos o poder?? Rsrs... Alguém quer o poder? E pra que?
Quem tem o poder? Os homens?? E não foi o poder deles que nos oprimiu por milênios??
E honestamente: alguém acha que, com o poder nas mãos, seríamos magnânimas, superiores em qualquer coisa, generosas e justas??
Não, não estou confusa; não estou sendo machista e não estou defendendo os homens.
Tampouco estou sendo FEMINISTA. O feminismo difere do machismo em quê, necessariamente?
Não importa quantas sejam as respostas - a verdade só aparecerá quando o poder estiver em nossas mãos.
O prognóstico não é bom: mulheres são, comprovadamente, menos solidárias entre si do que os homens. Isso é fato. Mulheres são menos corruptíveis? É uma teoria - discutível.
Uma coisa é haver uma ou duas mulheres trabalhando com um grupo grande de homens n'uma empresa. Outra, bem diferente, é ter um grande grupo de mulheres trabalhando juntas.
Não faz muito tempo, tive a experiência de presenciar um evento só de mulheres, durante três dias... E havia lá meia dúzia de homens. Não vou dar relatório de tudo, mas posso dizer que, em determinado momento, depois de muitos bate-bocas entre as senhoras - praticamente arruinando o evento por conta de vaidades pessoais e fome de poder - uma delas apontou um dos homens presentes e acusou a organização de machismo por permitir entre elas figuras masculinas...
Então é assim que se combate o machismo...? Então isso é feminismo?? O feminismo é o machismo do avesso? Pois vamos classificar direito as coisas: não se trata de machismo ou feminismo - se trata de sexismo. E não se combate o sexismo sendo sexista...!
Devemos sim, continuar batalhando nossos espaços na sociedade, no mundo, na vida, no tempo.
Mas como diria Ivan Alves - amigo querido - a luta pelos direitos das mulheres é parte da luta, e não uma luta à parte.
A questão feminina é uma questão humanista e interessa a todos - não só à classe feminina.
Nós, que somos mães, temos papel fundamental nisso: que tipo de homens e mulheres estamos preparando para o mundo? Em países latinos, ainda se criam meninos de modo diferente das meninas. Meninos não podem brincar com bonecas e só meninas crescem ajudando as mães nas tarefas de casa. O resultado disso é um homem que não sabe o que fazer com um bebê e uma mulher cumprindo dupla ou tripla jornada como se isso fosse normal. Porque comum não é a mesma coisa que normal.
Devemos repensar nosso papel na luta pela real democracia que, por si só, denota igualdade entre TODOS. Entenda-se: igualdade de gênero, raça, classe social enfim - TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI, SEM DISTINÇÃO DE QUALQUER NATUREZA, reza o artido 5º da Constituição Federal.
Então devemos dar aos homens o mesmo tratamento que nos deram até hoje? Isso apenas nos torna piores que eles. Sim, piores, considerando que conhecemos a opressão. Exatamente por isso devíamos ser... diferentes. E somos? Se não podemos ser generosas e justas umas com as outras, como o seremos com os homens?
Estou preparando um evento em Santos - SP, que pretende discutir algumas questões femininas fundamentais. E me perguntaram: 'mas é exclusivo para mulheres, não?'... Mas é claro que não, a não ser que eu queira mostrar que tais questões são questões femininas - e elas são de toda a sociedade. Até quando se deixará de fora o homem nessa discussão? Ou só nos dirigiremos a eles para apresentar cobranças e queixas?
Inteligente é ser progressista. E ser progressista é andar pra frente. E não se pode andar pra frente, carregando o passado nas costas.
Vamos combater o sexismo com debate inteligente. Vamos VENCER o sexismo tratando ao outro como igual.
Vivemos outra era, em que já não há espaço para separatismos contraproducentes - temos um mundo para mudar, cheio de fome e misérias, cheio de violências de todo o tipo. Sim, como mulheres, sofremos violência: então usemos as leis e lutemos contra essa violência em todas as suas facetas.
Mas não é contra a classe masculina essa luta - não são eles os detentores exclusivos do preconceito, do mau uso do poder e das injustiças sociais: mulheres - e isso vemos todos os dias nos jornais - são igualmente capazes de todo o tipo de crueldade, e isso também é fato.
Sejamos honestos.
Sejamos verdadeiros.
Sejamos democráticos - sejamos: IGUAIS.
A partir disso, lutemos juntos - homens e mulheres. Os tempos pedem isso.
E já passa da hora.
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