"Quem aqui não teve uma namoradinha que precisou abortar? Meus amigos, vamos encarar a vida como ela é." Sergio Cabral, governador do Rio de Janeiro, ontem, durante evento com empresários.
Fonte: Blog do João Villaverde
Update do post (eu estava sem palavras, mas quero comentar a frase acima):
Justamente agora há pouco - antes de ler essa frase no blog do João - conversava com uma amiga e colega de trabalho sobre o comportamento machista de algumas mulheres que corroboram argumentos que tentam justificar atitudes bárbaras como as do goleiro Bruno contra a mãe do filho dele. Inaceitável. Mas a verdade é que todos nós já presenciamos homens e mulheres dizendo coisas como "ela deve ter feito alguma coisa, provocado..." argumentos que, para mim, não cabem em qualquer sociedade civilizada.
E essa amiga lembrou o gesto recente do Ronaldo (Fenômeno) demonstrando o oposto, segurando um menino no colo, se reconhecendo nele e dizendo "acho que é meu mesmo, nem precisa de DNA". O cara tem grana e sabe que as mulheres podem engravidar e que isso não é somente responsabilidade delas até porque, para começar, o óbvio: ele produziu junto com ela a criança.
E ele sabe que não precisa se casar com a mãe do menino, nem olhar para a cara dela ele precisa. Mas segurar a mão da criança que ele também pariu e dizer que ele se responsabiliza por sua existência.. isso é grandeza, isso é ser homem, é ser gente. Tenho que dizer que passei a admirar ainda mais o atleta que já tantas vezes nos emocionou em campo.
A Lei Maria da Penha - ao contrário do que alguns querem fazer crer - não surgiu do nada, de uma cartola mágica. Ela é fruto de muitos e muitos anos de luta dos movimentos sociais, da observação (da sociedade e instituições, inclusive o judiciário), de inúmeras Conferências de Direitos Humanos e de mulheres Brasil afora, de pesquisas acadêmicas e estatísticas de segurança pública, dentre outros fatores que comprovaram sua urgência (e até atraso em ser criada) e a compreensão de que até mesmo as agressões psicológicas são fruto de uma energia masculina e brutalizada, que na maioria esmagadora das vezes, é produzida por homens contra as mulheres.
Enfim, estou chocada e revoltada com a declaração desse senhor, um agente público, eleito que representa uma parcela da sociedade e que se acha no direito de fazer uma declaração dessas, que por si só é também uma violência. E mais triste ainda é imaginar que, possivelmente, muitas mulheres também vão defender essa tese.
Update 2:
Só para constar (porque recebi e-mails sobre o assunto): eu sou A FAVOR da legalização do aborto, porque defendo que as mulheres não devem ser criminalizadas por isso e porque acredito que o aborto deve ser enquadrado como política pública. Mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
Update 2:
Só para constar (porque recebi e-mails sobre o assunto): eu sou A FAVOR da legalização do aborto, porque defendo que as mulheres não devem ser criminalizadas por isso e porque acredito que o aborto deve ser enquadrado como política pública. Mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
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