De vez em quando eu comento por aqui sobre o budismo. Eu sou budista, do Shin Budismo, uma escola idealizada pelo mestre Shinran Shonin (1173-1263), um dos mais importantes pensadores do Japão. Ele não fundou templos mas é considerado o responsável pela enorme contribuição japonesa às escolas budistas existentes já que criou uma interpretação nova e particular desta doutrina.
Shinran Shonin foi um monge que escolheu difundir e explicar os princípios budistas para os analfabetos e pessoas que não tinham acesso aos templos, os quais só podiam ser frequentados por samurais e senhores feudais. No Japão daquele tempo, foi algo bastante revolucionário.
Essa é uma das coisas interessantes que me aproximaram dessa escola budista. Curiosamente, Monge Sato, do Templo da Terra Pura em Brasília, é um ex-militante que participou ativamente de parte de nossa história combatendo a repressão e lutando pela democracia que vivemos hoje. Sua formação marxista é um complemento interessante que torna a interpretação dos textos e cartas dos mestres uma experiência diferente e muito rica.
Mas ser budista é muito dificíl. Um professor de karatê que frequenta o Templo, respondeu esses dias ao ser perguntado se era budista: "Eu tento, você conhece alguém que realmente é?". Eu, confesso que estou longe também, mas como os mestres, continuo tentando. E o esforço exigido é imenso, diário e constante. E a responsabilidade, absolutamente individual. Ainda que possamos compartilhar nossas experiências com o Dharma, o caminho é trilhado sem apego a nada, nem mesmo à sua própria natureza.
"Não são nossos acertos ou méritos que nos levam ao nirvana, à Terra do Buda. Ao contrário, a preocupação pela virtude e o esforço para acumular méritos podem fortalecer o ego e dificultar a aceitação da felicidade. A aceitação da felicidade está em reconhecer nossos erros com humildade e mudar: mudar de pensamento, de postura, de ação. Mudar até as palavras, o modo de ser. Ao abrigo do Buda, aprender a ser feliz, ser parte da lei universal e interdependente da causalidade. Ao abrigo do Buda, assumir essa responsabilidade." (Monge Sato)
Para compreender a fundo os preceitos budistas pode-se levar uma vida inteira. Se adaptar aos princípios, mais ainda. Por outro lado, nada é regra, nada é definitivo. Todas as coisas, até nós mesmos estamos em constante mutação.
O budismo é universal. Apesar de suas várias escolas, a idéia principal, comum a todas, é a Compaixão do Buda, a verdade última dentro de nós.
Na tradição budista, a cada aniversário, começamos um novo ano. É o marco zero para renovação e recomeço. Esse post é uma homenagem ao amigo e mestre que tão bem representa a integração oriente/ocidente.
Feliz Ano Novo Monge Sato!
Se oriente, rapaz
Pela constelação do Cruzeiro do Sul
Se oriente, rapaz
Pela constatação de que a aranha
Vive do que tece
Vê se não se esquece
Pela simples razão de que tudo merece
Consideração
...
...
(Gilberto Gil)
O budismo é universal. Apesar de suas várias escolas, a idéia principal, comum a todas, é a Compaixão do Buda, a verdade última dentro de nós.
Na tradição budista, a cada aniversário, começamos um novo ano. É o marco zero para renovação e recomeço. Esse post é uma homenagem ao amigo e mestre que tão bem representa a integração oriente/ocidente.
Feliz Ano Novo Monge Sato!
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