"Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido" Malcom X

terça-feira, 17 de maio de 2011

TV CIDADE LIVRE (DF) CHEGA AOS 13 ANOS



Do Blog do Tolentino

Sessão solene da Câmara Legislativa do Distrito Federal foi palco na noite deste dia 17 de maio para a comemoração de 13 anos da TV Cidade Livre (Canal 8 da Net), a televisão comunitária de Brasília. Nada de espetáculos feéricos de luzes e som, tietes assediando estrelas ou desfile de autoridades engravatadas tecendo loas à empresa e seus proprietários.

Ao contrário, jovens praticantes de hip-hop, militantes negros e do movimento feminino, integrantes do Movimento dos Sem-Terra, sindicalistas, artesãos, intelectuais e artistas mantidos mais ou menos à margem pelo mercado. Autoridades? Sim. O deputado Wasny de Roure (PT), autor da iniciativa, a deputada federal Érika Kokay (PT-DF), os embaixadores de Cuba, Venezuela e Iran, além de outros diplomatas bolivianos e angolanos, alguns ocupantes de importantes cargos públicos do Governo do Distrito Federal, representantes de grande número de sindicatos e outras entidades populares, além da OAB.

O coquetel – vinho, pães e queijo – veio diretamente da terra e das mãos de trabalhadores vinculados ao MST.

Os pronunciamentos se afunilaram na crítica ao padrão da televisão comercial brasileira, em que a sociedade não se sente representada, e no destaque ao papel cumprido pela emissora em seus 13 anos de atividade.

O questionamento ao padrão de TV dos grandes conglomerados de comunicação está colocado. Ainda hoje, o Ibope assinala que, pela primeira vez, os índices da Record ultrapassaram pela primeira vez os da Globo em todo o turno matutino, sugerindo que o público está em busca de novidade, ainda que não necessariamente encontrando o que quer. É nisso que acredita a unanimidade dos oradores que homenagearam a emissora.

Distante do grande público, acessível apenas para usuários de televisão a cabo, a TV Cidade Livre vem cumprindo o seu papel. Capitaneada pelos jornalistas Beto Almeida (presidente) e Paulo Miranda, tem como associados mais de meia centenas de entidades da comunidade brasiliense e diversos sindicatos, além da Federação Nacional de Jornalistas. Durante a solenidade, foi anunciada a filiação do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civi, o primeiro constituído na capital do País, ainda em 1958.

A TV Cidade Livre orgulha-se de haver transmitido, na íntegra, o Congresso Nacional do MST, o maior congresso camponês da América Latina, que contabilizou cerca de 20 mil participantes. Um feito realmente impensável na TV comercial brasileira. Como também várias edições do Fórum Social Mundial, inclusive o realizado na África.

Realizou debates entre candidatos ao governo local e à Reitoria da UnB e chegou a sediar a apuração do Plebiscito da Dívida Externa, realizado sob os auspícios da CNBB.

A TV tem aberto espaço para discussões que raramente chegam à telinha na programação comercial das grandes emissoras de canal aberto, como o tratamento sem preconceito da luta pela reforma agrária, a abertura para a defesa da nacionalização do nióbio ou, ultimamente, a defesa da Voz do Brasil, que as emissoras vinculadas à Abert se unem para tentar aniquilar.

A TV chega a promover (no “Ponto de Cultura TV em Movimento - Escola de Mídia Comunitária”, que conta com o apoio do MC) oficinas com jovens de comunidades humildes de Taguatinga e Ceilândia, Itapoã, Sobradinho, Planaltina, Vale do Amanhecer, Riacho Fundo e outras localidades para o aprendizado de técnicas de televisão. Ali, os jovens aprendem a escrever roteiros e realizar os seus próprios programas, filmando, gravando e editando-os.

A novidade da noite foi o anúncio, por Beto Almeida, de dois novos projetos: o Direito de Antena e o Pioneiros. No primeiro, grupos da comunidade organizada poderão ocupar espaços na emissora para darem seus recados, levarem as suas mensagens sem terem que se submeter à edição dos programas pela emissora. O Pioneiros vai recolher depoimentos de pessoas que viveram os primeiros dias de Brasília, o período em que a capital começava a ser implantada.

A TV Cidade Livre, como se vê, promete aprofundar o seu compromisso de refletir o meio social em que está inserida, levando à telinha aquilo que é desprezado, censurado ou escondido pela grande televisão comercial.

Longa vida à TV Cidade Livre!

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