"Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido" Malcom X

domingo, 11 de setembro de 2011

11/9



A propaganda reiterada, ou a máxima da "mentira repetida mil vezes" ajudaram o mundo a esquecer que, em um mesmo 11 de setembro, os EUA bombardeavam um país vizinho ao nosso, o Chile. No documentário acima, um curta de 11 minutos, Ken Loach traça um paralelo entre as duas datas e mostra como Kissinger e Nixon encontraram motivos para "salvar o povo chileno de sua irresponsabilidade" por terem escolhido o médico, marxista e maçom Salvador Allende, o primeiro chefe de estado socialista eleito democraticamente na América Latina.

Como a maior parte das pessoas no mundo, lembro exatamente onde estava e o que senti quando assisti ao ataque em 11/9 contra os americanos. Lembro do susto, do medo, do choque. Mas, com o passar dos anos, minha comoção se transformou em indignação. Me pergunto se as mães americanas que perderam seus filhos, não se comovem com os filhos e mães do Afeganistão, do Iraque ou dos mais de 30 países que os EUA já atacaram diretamente ao longo de sua história. Só na invasão do Iraque, mataram mais de 200.000 pessoas, o que significa 100X mais que o número de mortos em 11/9 nos EUA.

Agora mesmo, enquanto assistimos à cobertura do "Marco Zero" em NY, aviões da OTAN atacam cidades na Líbia, sem respeitarem nem mesmo os "minutos de silêncio" pelos mortos do WTC, ou sem dar a chance para que os parentes enterrem seus entes queridos, espalhados pelas ruas, como se um tsunami tivesse avançado pelo deserto.

Como diz o colega Eduardo Castro - que estava em NY no 11/9 - o mundo ficou, dez anos depois, mais intolerante, mais perigoso, mais racista. Sobre o episódio, visto pelo Eduardo que era repórter da Band à época dos ataques, você pode ler no blog dele aqui. Abaixo do relato dele, tem um texto muito interessante do Paulo Moreira Leite, comparando o legado de Bin Laden e Bush. Este último, sucessivamente retratado como "herói" pela imprensa mundial, sem jamais ter cometido um ato sequer de heroísmo em sua vida.

Mas assistindo ao documentário do Ken Loach acima, sobre uma mesma terça-feira 11/9, é impossível não se perguntar: seria o 11/9 nos EUA o que os budistas chamam de karma?

4 comentários:

Marcia Viana disse...

É como disse a deputada Manu do RS no twitter, lembrar Allende é lembrar que existe história antes do 11/9. Parabens pelo blog Ju!

Jessica Marques disse...

É bom lembrar que além do documentário do Ken Loach, há registros inúmeros (hoje facilmente encontrados na internet) das atrocidades cometidas pelo general Pinochet no Chile com o apoio militar americano;.. Não tenho religiao mas se karma para os budistas é isso, tenho que concordar.

Juliana Medeiros disse...

Obrigada Márcia! Volte sempre por aqui. :)

E, Jéssica, creio que a internet é o elemento que nenhum historiador, nenhum cientista social, nem mesmo Marx, conseguiu prever. Criada como ferramenta de guerra pelos americanos, para principalmente controlar o lançamento de bombas à distância, a internet hoje é ferramenta libertadora utilizada por todos os cidadãos do planeta que dela tem acesso. Ainda mal utilizada, às vezes pouco compreendida. Mas é fantástico perceber que nos apropriamos dela. Para o jornalismo no mundo inteiro, é um dos maiores desafios da história das comunicações. Pela velocidade c/que as notícias circulam e também pela impossibilidade de se manterem segredos por muito tempo. Como os crimes do Pinochet no Chile, nada mais ficará embaixo do tapete.

Bjs p/duas

Fernando Soares disse...

O que me surpreende em tudo isso é o fato dos americanos não perceberem o quanto toda essa destruição pode ter consequencias, aqui, agora.

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