Peguem o 'colar de pérolas'[1]...
Especialistas em todo o mundo, que estudam a Ásia Central e o Afeganistão, sabem que Pan Guang – diretor do Centro Xangai para Estudos Internacionais e, simultaneamente, Diretor do Centro de Estudos da Organização de Cooperação de Xangai [ing. Shangai Cooperation Organization, SCO] – é voz influente no processo de construção de políticas em Pequim. Pan fala perfeito inglês e é personalidade encantadora (além de anfitrião generoso), cuja área de expertise foi um dia Israel, e que até hoje não perde chance de mostrar aos hóspedes cada mínimo, nunca lembrado, jamais suspeitado, extremamente fascinante detalhe da rica herança que os judeus legaram a Xangai.
Seja como for, o último artigo que Pan publicou em China-US Focus, sob o título "China and US in Central Asia: Role of the SCO and the Possibility of Cooperation in Central Asia"[2] [China e EUA: papel da Organização de Cooperação de Xangai e possibilidade de cooperação na Ásia Central] chamou-me a atenção por outra razão.
O artigo divulga detalhes espantosos do que China e EUA vêm discutindo sobre o Afeganistão.
Saí da leitura do documento, espantado, para começar, de ver (a) o quanto são simplórias, pedestres, elementares, as discussões que fazemos na Índia hoje[3] sobre o papel regional da China no Sul da Ásia, e (b) o quanto são velhas e o quão estão completamente ultrapassadas as ideias que a imprensa indiana não se cansa de repetir[4].
Pan apresenta um primeiro mapeamento, geral, de plano de cooperação entre a Organização de Cooperação de Xangai e os EUA, que deixa sem fôlego qualquer analista.
Nas palavras de Pan: "Ponto de partida conveniente pode ser a constituição de uma estrutura de ligação para coordenar questões antiterror entre EUA-OTAN e a Organização de Cooperação de Xangai (SCO). O mecanismo de ligação poderá ser progressivamente ampliado para diálogo SCO + EUA (SCO + 1) ou SCO + EUA, União Europeia (OTAN), Japão (SCO + 3), e pode até ser ampliado para constituir o Fórum Regional da Organização de Cooperação de Xangai [ing. SCO Regional Forum (SRF)], como o Fórum Regional Asiático [ing. Asian Regional Forum (ARF)]."
Soa inacreditável? Pois ainda não ouviram o mais impressionante.
A bomba de Pan, que fará muitos 'analistas' de jornal e televisão e intelectuais 'midiáticos' arrancarem os cabelos em frenesi desesperado ainda está por vir.
Pan revela que EUA e OTAN já estão em tratativas com a China, para conseguir outra rota para transportar suprimentos para os soldados ocidentais que estão no Afeganistão – rota que, como os EUA desejam, deve passar por território chinês. E quais as rotas mais quentes, preferidas pelos estrategistas dos EUA e da OTAN? Bem... O leque de opções parece que se vai fechando; a opção ideal parece partir da China, pela estrada Karakorum e a Caxemira Ocupada pelo Paquistão [ing. POK, Pakistan Occupied Kashmir], até o Afeganistão; uma segunda via pode ser o porto de Gwadar construído (e gerido?) pelos chineses no Paquistão.
OK, OK. Entenderam? A China não só está entrando mais fundo na Caxemira Ocupada pelo Paquistão (e a Caxemira, é claro, pertence à Índia), como, também, entrará ali por negócio acertado com Washington e Bruxelas – e, claro, para ajudar EUA e OTAN!
A grande questão talvez fosse o que a Índia fará sobre tudo isso. Mas nada há que a Índia possa fazer. Não haverá retórica indiana que dê conta.
Além do mais, as implicações estratégicas mais amplas são óbvias – a China está sendo oficialmente reconhecida por EUA e pelo Ocidente, como parceira na estabilidade e segurança do Sul da Ásia. Pan destaca especialmente esse aspecto, item das recentes negociações sino-americanas de alto nível.
Tudo isso considerado, os analistas da 'mídia' estão sendo deixados para trás, em total isolamento, pendurados ao famoso 'colar de pérolas'. Tio Sam está escondido, mudo. Também sumiram da paisagem os analistas da CIA que 'vazam' análises para a imprensa indiana [e para a brasileira e para todas as imprensas do mundo (NTs)].
Talvez seja a hora de nossos 'analistas' de jornal e intelectuais 'midiáticos' meterem o famoso 'colar de pérolas' ao pescoço e mergulharem para nadar um pouco no Oceano Índico, em algum ponto entre Hambantota ou Coco Islands. Melhor ainda: podem jogar-se, de cabeça, no Mar do Sul da China.
[3] Sobre o quanto são simplórias, pedestres, elementares, ridículas, de fato, patéticas, as discussões dos 'especialistas' brasileiros, embaixadores que serviram a governos já descartados pelas urnas, hoje desempregados ou já empregados na Fiesp e Febraban e em universidades privadas, e 'intelectuais' uspeano-udenistas-midiáticos em geral, reunidos por William Waack nos programas 'de análise internacional' da rede Globo e do canal Globo News... Sobre isso, NEM SE FALA! [NTs].
e joguem-se de cabeça no Mar do Sul da China!
Especialistas em todo o mundo, que estudam a Ásia Central e o Afeganistão, sabem que Pan Guang – diretor do Centro Xangai para Estudos Internacionais e, simultaneamente, Diretor do Centro de Estudos da Organização de Cooperação de Xangai [ing. Shangai Cooperation Organization, SCO] – é voz influente no processo de construção de políticas em Pequim. Pan fala perfeito inglês e é personalidade encantadora (além de anfitrião generoso), cuja área de expertise foi um dia Israel, e que até hoje não perde chance de mostrar aos hóspedes cada mínimo, nunca lembrado, jamais suspeitado, extremamente fascinante detalhe da rica herança que os judeus legaram a Xangai.
Seja como for, o último artigo que Pan publicou em China-US Focus, sob o título "China and US in Central Asia: Role of the SCO and the Possibility of Cooperation in Central Asia"[2] [China e EUA: papel da Organização de Cooperação de Xangai e possibilidade de cooperação na Ásia Central] chamou-me a atenção por outra razão.
O artigo divulga detalhes espantosos do que China e EUA vêm discutindo sobre o Afeganistão.
Saí da leitura do documento, espantado, para começar, de ver (a) o quanto são simplórias, pedestres, elementares, as discussões que fazemos na Índia hoje[3] sobre o papel regional da China no Sul da Ásia, e (b) o quanto são velhas e o quão estão completamente ultrapassadas as ideias que a imprensa indiana não se cansa de repetir[4].
Pan apresenta um primeiro mapeamento, geral, de plano de cooperação entre a Organização de Cooperação de Xangai e os EUA, que deixa sem fôlego qualquer analista.
Nas palavras de Pan: "Ponto de partida conveniente pode ser a constituição de uma estrutura de ligação para coordenar questões antiterror entre EUA-OTAN e a Organização de Cooperação de Xangai (SCO). O mecanismo de ligação poderá ser progressivamente ampliado para diálogo SCO + EUA (SCO + 1) ou SCO + EUA, União Europeia (OTAN), Japão (SCO + 3), e pode até ser ampliado para constituir o Fórum Regional da Organização de Cooperação de Xangai [ing. SCO Regional Forum (SRF)], como o Fórum Regional Asiático [ing. Asian Regional Forum (ARF)]."
Soa inacreditável? Pois ainda não ouviram o mais impressionante.
A bomba de Pan, que fará muitos 'analistas' de jornal e televisão e intelectuais 'midiáticos' arrancarem os cabelos em frenesi desesperado ainda está por vir.
Pan revela que EUA e OTAN já estão em tratativas com a China, para conseguir outra rota para transportar suprimentos para os soldados ocidentais que estão no Afeganistão – rota que, como os EUA desejam, deve passar por território chinês. E quais as rotas mais quentes, preferidas pelos estrategistas dos EUA e da OTAN? Bem... O leque de opções parece que se vai fechando; a opção ideal parece partir da China, pela estrada Karakorum e a Caxemira Ocupada pelo Paquistão [ing. POK, Pakistan Occupied Kashmir], até o Afeganistão; uma segunda via pode ser o porto de Gwadar construído (e gerido?) pelos chineses no Paquistão.
OK, OK. Entenderam? A China não só está entrando mais fundo na Caxemira Ocupada pelo Paquistão (e a Caxemira, é claro, pertence à Índia), como, também, entrará ali por negócio acertado com Washington e Bruxelas – e, claro, para ajudar EUA e OTAN!
A grande questão talvez fosse o que a Índia fará sobre tudo isso. Mas nada há que a Índia possa fazer. Não haverá retórica indiana que dê conta.
Além do mais, as implicações estratégicas mais amplas são óbvias – a China está sendo oficialmente reconhecida por EUA e pelo Ocidente, como parceira na estabilidade e segurança do Sul da Ásia. Pan destaca especialmente esse aspecto, item das recentes negociações sino-americanas de alto nível.
Tudo isso considerado, os analistas da 'mídia' estão sendo deixados para trás, em total isolamento, pendurados ao famoso 'colar de pérolas'. Tio Sam está escondido, mudo. Também sumiram da paisagem os analistas da CIA que 'vazam' análises para a imprensa indiana [e para a brasileira e para todas as imprensas do mundo (NTs)].
Talvez seja a hora de nossos 'analistas' de jornal e intelectuais 'midiáticos' meterem o famoso 'colar de pérolas' ao pescoço e mergulharem para nadar um pouco no Oceano Índico, em algum ponto entre Hambantota ou Coco Islands. Melhor ainda: podem jogar-se, de cabeça, no Mar do Sul da China.
NOTAS
[1] Ing. "string of pearls". "O termo surgiu num memorando interno do Departamento de Defesa dos EUA, intitulado "Futuros da energia na Ásia" [ing. "Energy Futures in Asia"]. Foi matéria do Washington Post em 2005 (em http://www.washingtontimes.com/news/2005/jan/17/20050117-115550-1929r/ ). Aparece desenvolvido como estratégia em publicação oficial em http://www.strategicstudiesinstitute.army.mil/pdffiles/PUB721.pdf , onde se lê:
"Colar de Pérolas é manifestação da crescente influência geopolítica da China, graças aos esforços dos chineses para garantir acesso a portos, campos de pouso e bases aéreas, relações diplomáticas especiais e modernização das forças militares, em área que se estende do Mar do Sul da China, pelo Estreito de Malacca, pelo Oceano Índico e até o Golfo Persa" [NTs, com informações (e mapas) de http://en.wikipedia.org/wiki/String_of_Pearls_(China)#cite_note-0].
[1] Ing. "string of pearls". "O termo surgiu num memorando interno do Departamento de Defesa dos EUA, intitulado "Futuros da energia na Ásia" [ing. "Energy Futures in Asia"]. Foi matéria do Washington Post em 2005 (em http://www.washingtontimes.com/news/2005/jan/17/20050117-115550-1929r/ ). Aparece desenvolvido como estratégia em publicação oficial em http://www.strategicstudiesinstitute.army.mil/pdffiles/PUB721.pdf , onde se lê:
"Colar de Pérolas é manifestação da crescente influência geopolítica da China, graças aos esforços dos chineses para garantir acesso a portos, campos de pouso e bases aéreas, relações diplomáticas especiais e modernização das forças militares, em área que se estende do Mar do Sul da China, pelo Estreito de Malacca, pelo Oceano Índico e até o Golfo Persa" [NTs, com informações (e mapas) de http://en.wikipedia.org/wiki/String_of_Pearls_(China)#cite_note-0].
[3] Sobre o quanto são simplórias, pedestres, elementares, ridículas, de fato, patéticas, as discussões dos 'especialistas' brasileiros, embaixadores que serviram a governos já descartados pelas urnas, hoje desempregados ou já empregados na Fiesp e Febraban e em universidades privadas, e 'intelectuais' uspeano-udenistas-midiáticos em geral, reunidos por William Waack nos programas 'de análise internacional' da rede Globo e do canal Globo News... Sobre isso, NEM SE FALA! [NTs].
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