"Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido" Malcom X

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

Falha nos argumentos pelo NÃO

Por Davi Emerich:


Concordo, a campanha do "não" está uma merda. Salto alto, intelectualizada demais, altista etc.

Preocupo-me é com as pessoas comprometidas com mudanças em todos os níveis em nossa sociedade, se confundindo diante das opções.

Posturas progressistam têm linha, um caminho (por exemplo, o projeto da cerca elétrica é um retrocesso e até comentei isso com o Augusto).

Vamos abrir um debate. Gostaria de um só argumento que justificasse cabalmente o "não".


Antecipo alguns deles:

l) Arma como um direito. Quem deu esse direito, de onde vem, moralmente onde se ampara? Ora, o estado democrático tem o poder de arbitrar certos direitos - e pretende coibir o uso de arma. Por exemplo, ninguém pode andar com bomba de dinamite no bolso, com uma cápsula com bacilos para dissuadir pessoas. Esse negócio de direito é idolatrado nos Estados Unidos, isso porque eles vivem da memória do massacre que perpetraram contra os índios e contra outros povos.

2) Primeiro deve-se desarmar o bandido. Coisa mais idiota, bandido só se desarma com políticas de Estado, com repressão, na marra. Proibir o comércio de armas e municão, é separar a sociedade entre bandido e não bandido, é dar mais instrumento ao Estado para combater a corrupção. O argumento do não nesse sentido, é o mesmo daqueles que querem manter o privilégio de quem tem curso superior no caso das prisões ("só quando o sistema presidiário for melhorado", foi a tese dos parlamentares que sempre votaram contra a proposta), daqueles que insistem em manter os seus filhos em escola pública, nós todos da classe média ("só quando a escola pública for melhorada"), daqueles que continuam querendo facilidade em Imposto de Renda ("eu pago pelo serviço que o Estado não presta!"). São os argumentos dos eternamente "esperando Godot" e como Godot não chega, tudo fica do jeito que está. Ora, isso não é sério.

3) Com o fim do comércio há uma tendência para o aumento de furtos e pequenos roubos. Tudo bem, acho que isso realmente tende a ocorrer em um primeiro momento. Porém, não em nível de violência assustadora (essa não crescerá, manter-se-á nos níveis de hoje; aliás, a proibição vai ajudar a combater este crime). Mas para pequenos furtos há uma tecnologia imensa à disposição. Proiba-se a comercialização e o próprio mercado se encarregará, rapidamente, de fornecer à população outros instrumentos mais eficientes de defesa. E a custos mais baratos.

4) A espada dos samurais, muito mais sagrada que o revólver, tornou-se obsoleta; o revólver como defesa também já o é, o problema é que em torno dele há uma indústria pesada em um culto desmedido (seria melhor apaixonar-se por mulher ou homem, ou pelos dois, dependendo da orientação sexual de cada um);

5) Vamos ao concreto, a arma é símbolo de poder (daí esta paixão maluca por ela até daqueles que não a possuem) e também um símbolo nitidamente machista. Não conheço pesquisa, mas afirmaria que de cada 20 armas de fogo, 19 estão nas mãos de homem (ou que pensam SÊ-LO) e apenas uma na mão de mulher.

Vou trabalhar. Outra hora escrevo mais.
Pelo "sim".
Davi

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