"Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido" Malcom X
domingo, 30 de março de 2008
sábado, 29 de março de 2008
De almas e sonhos
Luiz Antonio Gato (dirigente do PPS-RJ), Flávio Costa (amigo querido e militante do RJ),
eu e o Lairson (que desenvolve o portal do partido). O Anderson (PPS-DF) tirou a foto.
Ontem à noite, por um momento, fui tomada de um sentimento de nostalgia por algo que, na verdade, não vivi. Sentados na platéia, na sede da ABI – Associação Brasileira de Imprensa – no Rio de Janeiro, muitos representantes de uma parte da história do país, dentre eles, Givaldo Siqueira, Arnaldo Jordy, Gildo Marçal Brandão, Gisele Santoro, Sergio Bessermann, Roberto Percinoto, Luiz Antonio Gatto, o Granja e muitos outros. Nomes desconhecidos para a maioria dos brasileiros, mas responsáveis por estarmos aqui hoje, ouvindo tudo isso sem que uma tropa militar entre prendendo a todos sob a acusação de prática subversiva. Na mesa, Armênio Guedes – ele e Jacob Gorender são os únicos redatores da Declaração que ainda estão vivos – do alto de seus 90 anos e memória espantosa, fez um apanhado geral, com riqueza de detalhes sobre a história do partido e pessoas muito importantes que passaram por ele, mais os fatores que levaram ao documento e ainda o que ele imagina que mudou desde então. Ao seu lado, Stepan Necerssian, presidente da Fundação Astrojildo Pereira.
Mais tarde tive o privilégio de sentar à mesma mesa (foto acima) na Cinelândia, no tradicionalíssimo Bar Amarelinho, com Arnaldo Jordy (deputado estadual em Belém), Percinoto (presidente do partido no Rio) e Luiz Antonio Gato (membro histórico do partido), além deles estávamos eu, Flávio Costa (amigo e militante do PPS no RJ), Anderson Martins (da liderança do partido em Brasília) e Lairson Giesel (responsável pelo portal do partido na internet). Ouvindo-os, me convenci de que havia uma época em que as coisas eram, pelo menos, muito mais animadas.
Outro dia o Flávio (meu mais novo amigo de sempre) me perguntou onde eu enxergava algumas “sincronicidades” da vida conforme escrevi no texto sobre o filme do Michael Moore. O problema é que, pra falar a verdade, acho que às vezes estou embriagada. Meu pai sempre me disse isso, que a política era uma cachaça. E é. Mas não a política das alianças escusas, negociatas, troca-trocas, falo do exercício dialético mesmo de exercer o lado nobre da política e mais, do exercício profundo de amor à humanidade. Eu acho que fico, às vezes, embriagada desse sentimento e enxergo em tudo, uma rede conectada, uma sucessão de acontecimentos que parecem ter uma ligação. Estar naquela mesa com essas pessoas me fez um bem danado. Ouvir esse caras – testemunhas oculares de momentos em que somente alguém que estava lá poderia dizer como foi – contarem essas histórias foi simplesmente inspirador.
O Stepan Necerssian acaba de dizer algo muito verdadeiro observando tantos companheiros aqui com bem mais de 70 anos, “ser comunista, além de deixar as pessoas muito mais interessantes, conserva e faz bem pra saúde”. Eu concordo plenamente.
quarta-feira, 26 de março de 2008
Declaração de março de 58
Você – independente de concepção política, filiação partidária, crença religiosa ou não – é nosso convidado a participar deste processo de discussão sobre coisas do Brasil. Sinta-se à vontade. Contamos com sua enriquecedora presença.
domingo, 16 de março de 2008
Aos sonhos distantes...
MOCHILEIRA
Almir Sater
Composição: Geraldo Roca
Mochileira
deite comigo essa noite
E conte aquela boa velha história
De como as noites são claras em Machu Pichu
E os dias dourados na Califórnia
Moça eu não vou precisar ler na sua mão
Pra saber que você não vai voltar
Pra vida maluca das pessoas
Do mundo
Das formigas tentando se esconder da chuva
Dance mochileira que eu toco a guitarra
Pedro saiu numa barca pro Nepal
Vera estava em Amsterdã
Porque não fazer algo mais divertido que casar com executivos
E acabar achando excitante
A reunião semanal da confraria dos amantes
Das delícias da boa velha tecnocracia
Dance mochileira que eu toco a guitarra
Moça eu sei que não é legal
Ficar sozinha quando o velho medo vem
E essa noite em Cuzco é tão fria
Me passe a garrafa de vinho
Sim, eu posso ver
Que os tempos tem sido maus com você
Mas os Deuses eles sabem
Que valeu a pena segurar essa barra
Moça o céu é seu amigo
Enquando durar essa farra
E depois você é mesmo
Do tipo de cigarra
Que canta na chuva
Dance mochileira que eu toco a guitarra.
Se alguém quiser ouvir http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/almirsater/mp3-mochileira/
quarta-feira, 12 de março de 2008
Sim, camaradas! Neruda já sabia.
Se eu fosse rica seria capaz de oferecer agora uma recompensa milionária por esta resposta. Já até imagino o cartaz: "pago integralmente todo o prêmio que ganhei na loteria para quem me der uma resposta lógica e convincente para os acasos, casualidades, causalidades, sincronicidades e coincidências que acontecem em nossas vida". Como provavelmente jamais terei essa resposta, me contento em observar atentamente cada detalhe dos dias em que vejo que as coisas se encaixam, com a ordem no caos que só a física quântica explica!
Como bem disse minha amiga Paulinha, só em estar vivo para observar tudo isso, só em ser parte dos que observam, só isso já vale a pena.... Eu fecho os olhos agora e desejo que mais pessoas tenham algumas das experiências que já tive na minha vida porque elas não podem ser explicadas em palavras mas, algumas, são tão incríveis, que queria muito mesmo que mais pessoas sentissem o mesmo que estou sentindo agora.
Na verdade, acho que esse sentimento será o mesmo para muitos que o virem (espero) por motivos diversos, mas em especial porque acho que o Michael Moore não imaginava que, quando seu filme fosse lançado, estaríamos vivendo o momento que estamos vivendo (mais um motivo pra eu acreditar num "arranjo qualquer do universo"). A América Latina, com toda sua carga de significados históricos, ideológicos, a crise que ocorre agora na fronteira entre Colômbia e Equador até a capa escrota (desculpem, não tem outra palavra) da Veja após a saída de Fidel do comando da ilha cubana....
É o retrato do mundo vil, capitalista, globalizado que vivemos hoje. É o retrato da Indústria do Holocausto, dos Batismos de Sangue, das Veias abertas da América Latina, da Era dos Extremos. É o resultado de tudo pelo qual muitos lutaram e muito sangue foi derramado. Tudo para chegarmos onde estamos agora. Muitas revoluções e guerras depois, muitas chagas abertas em meio à países arrasados, muitos e muitos sonhos depois.
A humanidade caminhou para isso e o filme de Michel Moore não é sequer 1% do que realmente acontece no mundo hoje. Isso que o torna ainda mais triste. A indiferença, a bossalidade, a arrogância, a futilidade, o desprezo pelo qual a raça humana se olha e vira as costas. É tão inacreditável e ao mesmo tempo tão real, palpável mesmo. O alento é que Moore, de forma honesta e franca, mostra de uma maneira impensável para um típico americano (se bem que ele não é tão típico assim) que a esperança pode vir de onde menos se espera. E, pior, de onde poderia-se até esperar retaliações, rancores... não vou contar o filme, vai por mim, você tem que ver!
Tenho um amor secreto
Sim, camaradas!
Um amor que ultrapassa bandeiras
Que tem cheiro de flor e sangue
Que queima como brasa
Como a brasa que fez mártires arderem
Cruza o céu como uma estrela cadente
Corta como navalha
Se veste de solidão
Mistério
Coragem
E esperança
Que é semente de um sentido
Que é música no tempo
Imprevisível
Como uma borboleta vermelha
Como um pulsante coração
Como a terra
Ele sangra
E enche de calor o peito
E enche de vazio a alma
Porque é feito de certezas vãs
A de que vale a pena sonhar
De que sempre haverá um motivo
Apesar do gosto amargo
Apesar dos pesares
E das pedras no caminho
Ele se renova
Como a saudade
Como as paixões
Vermelha utopia
Segredo que veio de longe
Que tem a força da memória
De um rio profundo, escuro
Onde heróis de guerrilha
Com asas de anjo
Testemunharam assassinatos
E partiram com o peito aberto em chagas
Deixando seus povoados, despidos dos ideais
E arrancados de suas ruínas
Entregaram seus devaneios
Às tempestades
Mas seus olhos ainda estão abertos
E eles ainda ouvem o chamado
E tentam esvaziar suas veias
Pra se sentirem mais leves
E quem sabe encontrarem um pouco de paz
Na eternidade de um abraço
Na essencial delicadeza
Em lágrimas de alívio
E reconhecimento mútuo
Esse amor não pode se esconder
Ele rompe revoluções
E povoado por fantasmas
E canções de protesto
Flores do deserto
Que perdem seu tempo esperando uma segunda chance
Uma mudança que poria um fim em tudo
Às batalhas que o tempo entregou com amarras
À ferruginosa (in) justiça
Às inesperadas diferenças
Ao inexorável destino
Esse amor, camaradas
Se alimenta de antigas histórias
Quer descobrir o mundo
Contempla a imensidão do entardecer
E a cruel e clara realidade
E se entrega ao poder
Da vida
Das escolhas
E ao desejo
Ele sorri
E se orgulha de ser único
De ainda sonhar
De querer aprender
E de ter as mãos limpas
Nada o contém
E sem saber onde está
Sem respostas
Abre os braços
E segue por caminhos já singrados
Vai em direção ao sol
Vai encontrar seus amigos
E a liberdade
E ficará impresso nas cinzas do tempo
quarta-feira, 5 de março de 2008
Finalmente notícias boas
Acabo de receber de presente o livro do jornalista Marcel de Brot, Dor de entranhas. Uma produção realizada com apoio da Secretaria de Cultura de Brasília, editado em 2003. Então, para fechar a noite, um poema sob medida em homenagem às coisas boas da vida:
terça-feira, 4 de março de 2008
La Pasionaria
O professor André Gustavo Stumpf me deu esse apelido. Curiosamente, conhecendo tantos heróis da história comunista, principalmente as mulheres, eu não sabia muito sobre a história de Dolores - La Pasionaria. Fui pesquisar e achei esse trecho nas Páginas Vermelhas. Posto aqui uma cópia em homenagem à ela e às mulheres que todos os dias, respiram fundo e vão à luta!
Dolores Ibarruri ficou famosa com um discurso na Rádio Republicana de Madri, quando estourou a Guerra Civil Espanhola. "É melhor morrer em pé, que viver de joelhos. Eles (os franquistas) não passarão!" Nasceu pobre na região das minas bascas, procurou se libertar dos serviços domésticos por meio de um casamento com o trabalhador das minas, que frequentemente era preso por atividades socialistas.
Eleita para o Comitê Central do Partido Comunista da Espanha, em 1930, tornou-se editora do jornal do partido e foi presa. Viajou para Moscou e, na volta, foi aprisionada novamente. Libertou-se, depois de vencer as eleições como deputada, com a vitória da Frente Popular, em 1936.
Nos comícios, castigava generais não-comunistas, acusando-os de se divertirem em orgias nos bordéis e apoiou a linha mais dura contra os trotskistas charlatães. O começo de vida pobre, um severo vestido negro e tremendo talento para a oratória lhe deram um apelo moral e romântico aos olhos dos intelectuais de esquerda e da população.
Exilou-se na URSS em 1939, onde resistiu às tentativas de mudar o Partido Comunista espanhol para enfrentar as transformações na Espanha de Franco. Considerada uma relíquia histórica, voltou ao país, onde morreu mais tarde.