José Luís Peixoto tem (apenas) 33 anos e seu trabalho irradia maturidade, visão de mundo e linguagem próprias. Durante o lançamento, o autor estará conversando e autografando seus dois livros. Ele estará na cidade a convite da Feira do Livro de Brasília.
"Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido" Malcom X
domingo, 31 de agosto de 2008
JOSÉ LUIS PEIXOTO EM NOITE DE AUTÓGRAFOS NO CAFÉ COM LETRAS
José Luís Peixoto tem (apenas) 33 anos e seu trabalho irradia maturidade, visão de mundo e linguagem próprias. Durante o lançamento, o autor estará conversando e autografando seus dois livros. Ele estará na cidade a convite da Feira do Livro de Brasília.
Cartum com Parada Gay
Pra completar, enquanto conversávamos, uma Parada Gay passava pela W3 (avenida de Brasília) e o som ao estilo pancadão era tão alto que, mesmo aos berros, era difícil nos entender. Se bem que, nesse caso, o que a gente tava querendo é berrar mesmo. Nem que fosse como forma de protesto pela passeata que passava em frente. Não que tenhamos algo contra a galera, mas, veja bem: um caminhão de som passando em frente à uma feira de literatura, não pode achar que vai provocar grandes adesões, ou ao menos, simpatia dos presentes mas....
Com PH de pharmácia
Tá legal, esse negócio de fã, ídolo é uma coisa meio... sei lá, idolatria, culto à imagem (ou à personalidade)... essas coisas.. mas putz, esse cara é foda (com PH inclusive). Muito ácido, Latuff foi o chargista processado por ter colocado o mascote do Pan com uma arma na mão, em alusão à miopia coletiva que assolou o país e à maquiagem de momento feita no Estado do Rio durante as competições.
Essa charge abaixo, é só uma amostra do quanto ele pode ser mordaz (com pitadas de humor negro) porém certeiro. Aliás, procurem no Google o trabalho desse cara, um gênio.
Para falar sobre o papel político das charges, Latuff estará hoje a partir das 18h na Feira do Livro de Brasília juntamente com Oscar - outro cartunista que vive sob a mira dos censores - e Junior, cartunista do Correio Brazilense. Eu vou lá e depois conto aqui pra vcs como foi.
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Deu no Contas Abertas
Pode ter faltado competência, equilíbrio emocional e sorte, mas verba não faltou. O último ciclo olímpico (2005-2008), que culminou com a Olimpíada de Pequim, foi o que mobilizou maiores recursos federais em favor do esporte brasileiro, a título de preparação para a maior competição do esporte mundial. As estatísticas apontam que mais de R$ 650 milhões foram gastos em prol do esporte olímpico (veja tabela). O dinheiro é contabilizado por meio dos recursos das loterias, das empresas estatais, do fundo de incentivo fiscal e do Ministério do Esporte, com o Programa Brasil no Esporte de Alto Rendimento, o Brasil Campeão, que inclui o bolsa-atleta. Com isso, cada uma das 13 medalhas conquistados pelo País na China (excluindo as duas do futebol, que não recebe dinheiro público) custou cerca de R$ 50,4 milhões aos cofres públicos.
Entre 2005 e 2008, o montante investido no esporte brasileiro, R$ 654,7 milhões, é procedente de diversas fontes: R$ 265,7 milhões destinados ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) por meio da lei das loterias criada em 2001, que obriga o destino de 2% das loterias federais aos comitês Olímpico e Paraolímpico brasileiros; R$ 34,4 milhões oriundos da lei de incentivo ao esporte, aprovada em 2006 e que concede isenção fiscal à pessoa física ou jurídica que fizer doação a um projeto esportivo; R$ 247,9 milhões de patrocínios das empresas estatais e mais de R$ 107 milhões aplicados pelo governo federal no Programa Brasil no Esporte de Alto Rendimento.
Parte do dinheiro computado pela lei de incentivo fiscal ao esporte foi destinado às confederações de boxe (R$ 4,8 milhões), de judô (R$ 1,9 milhão) e de tênis de mesa (R$ 564,5 mil), para o Minas Tênis Clube (pouco mais de R$ 1 milhão), além de R$ 26 milhões para o COB. Já entre os patrocínios das estatais estão os R$ 42 milhões e os R$ 5,9 milhões destinados pela Caixa Econômica Federal ao atletismo e à ginástica, os R$ 38 milhões dos Correios para a natação, os R$ 40 milhões da Eletrobrás para o basquete, os R$ 10 milhões da Infraero ao judô, os R$ 11,2 milhões pagos pela Petrobras ao handebol e os cerca de R$ 100 milhões do Banco do Brasil para o vôlei. Com a proximidade dos Jogos Olímpicos de Pequim, o Programa Brasil no Esporte de Alto Rendimento, o Brasil Campeão, foi o segundo programa mais bem contemplado pelo Ministério do Esporte esse ano, com R$ 51,1 milhões recebidos. O programa tem o objetivo de aperfeiçoar atletas de alto rendimento a partir da implantação de centros de treinamento; modernizar centro científico e tecnológico para o esporte e implantar infra-estrutura para a prática desportiva nas instituições de ensino e entidades parceiras, beneficiando o esporte educacional. A verba também é usada, entre outros fins, para custear o sistema de avaliação de atletas, o pagamento de quase três mil bolsas e para a promoção e participação de 1,2 mil atletas portadores de deficiência.
Os resultados conquistados pelo Brasil em Pequim, inferiores em termos de medalhas de ouro aos de Atenas, vão certamente provocar inúmeras discussões. Segundo diversos especialistas, como José Cruz, da editoria de esportes do Correio Braziliense, embora não se pretenda que a política esportiva do Brasil seja dirigida apenas para a formação de atletas - o prioritário é que a educação esportiva ajude na formação do cidadão, na saúde e na inclusão social - a ampliação "da base da pirâmide" do esporte de alto rendimento depende da estreita relação entre o esporte e a educação, assim como acontece nos Estados Unidos, na China e em Cuba (apesar de não ter sido destaque em Pequim). Nestes países, os talentos esportivos são descobertos nas escolas e, desde cedo, as crianças são treinadas para evoluir nas modalidades que praticam. Outra crítica levantada por Cruz é de que os recursos atualmente disponíveis para o COB e às confederações esportivas estão concentrados no “topo da pirâmide”, sendo injetados, quase que exclusivamente, em atletas de ponta, já consagrados. "Ao contrário do que ocorria em décadas passadas, não faltam recursos ao desporto nacional, mas sim gestão e fixação de prioridades. O desporto na base sofre com a falta de verba, além da educação fisíca nas escolas ser praticamente inexistente", afirma Cruz. Isso contraria a própria Constituição Federal, que afirma que é “dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento”.
Diante da discussão, alguns parlamentares, como o deputado Miro Teixeira, pretendem levar o debate em torno da questão da aplicação dos recursos no esporte brasileiro ao Congreso, inclusive com a criação de uma CPI. O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, prefere não comentar sobre as aplicação globais da União em favor do esporte de alto rendimento, tendo em vista que gerencia apenas os recursos provenientes das loterias, cuja a distribuição é divulgada e auditada pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O presidente do COB destaca a expansão do esporte brasileiro citando medalha obtida no taekwondo, a particação do Brasil em 38 finais (contra 30 em Atenas) e a participação da delegação feminina. O presidente afirma não temer a eventual realização de uma CPI. Ele argumenta que tais questionamentos são comuns em períodos pós jogos olímpicos. Os recursos destinados ao ciclo das Olimpíadas de Atenas 2004 para o esporte brasileiro somaram cerca de R$ 280 milhões, ou seja, menos da metade do desembolsado com os jogos de Pequim. Na Grécia, com a presença de uma delegação de atletas menor (247 contra 277 este ano), o Brasil fez a melhor campanha de todos os tempos com a conquista de cinco ouros. No entanto, somando todas as medalhas conquistadas naquele ano, 10 no total, o custo aos cofres públicos foi mais barato; alcançou a cifra de R$ 28 milhões por medalha. Vale ressaltar que os valores aplicados no esporte de alto rendimento considerados poderiam ser ainda maiores caso fossem incluídos os gastos e os investimentos feitos pelo Ministério do Esporte com o Programa Rumo ao Pan 2007. Criado em 2004, o programa recebeu apenas dos cofres da pasta quase R$ 1 bilhão para ser aplicado na realização do evento no Rio de Janeiro.
Leandro Kleber
Do Contas Abertas
Correa lança campanha por Constituição
QUITO — O presidente Rafael Correa lançou neste sábado a campanha pelo projeto de Constituição, saudado por uma multidão que agitava bandeiras verdes e vermelhas alusivas ao movimento governista Aliança País e aos partidos aliados, durante um ato em que alertou para possíveis episódios de violência por parte da oposição.
A Carta Magna será submetida a referendo no dia 28 de setembro. "Vão recorrer à violência e tentar afrontar o presidente, como vinte pessoas tentaram fazê-lo semana passada", afirmou Correa em alusão a um protesto de estudantes durante sua visita a uma universidade privada de Guayaquil.
Desde cedo, milhares de pessoas se aglomeraram ao longo da avenida dos Shirys, que cruza o norte da cidade, para apoiar o executivo na consulta sobre a proposta.
De acordo com pesquisa recente do Instituto Cedatos-Gallup, o apoio à nova Carta subiu de 40% para 44% - para ser aprovada, precisa de mais de 50% dos votos.
Se cumpridos os prognósticos, Correa vai obter a quarta de vitória nas urnas desde novembro de 2006, depois de conquistar a presidência e conseguir a maioria na consulta para mudar a atual Constituição.
A nova Carta Magna traz várias reformas em relação à Constituição vigente, de 1998, como a reeleição presidencial, além de reforçar o controle do Estado sobre a economia e permitir ao presidente dissolver o Congresso, por pelo menos uma vez, durante o mandato de quatro anos.
A oposição acusa Correa de querer se perpetuar no poder, por meio da nova Carta Magna.
"Essa Constituição trata é de perenizar o presidente para que possa, dessa forma, controlar todos os atos de nossas vidas", expressou a parlamentar Anabella Azín, do partido Prian (de direita), acrescentando que o documento foi elaborado por "assessores estrangeiros e pelo bureau político" do governo.
"Destrói-se a base da democracia, que é o balanço dos poderes", atacou ela, insistindo em que o socialismo do século XXI, promovido por Correa, junto com seu amigo e aliado venezuelano Hugo Chávez, "é irrealizável".
Anabella destacou que a nova Carta Política fecha as portas para o investimento privado, devido à falta de garantias para que "se possa produzir de acordo com as regras de livre mercado".
Correa, que tem certeza de que conseguirá uma esmagadora vitória no referendo constitucional, nega que o documento tenha sido redigido para seu próprio interesse e descarta uma estatização da economia.
A hierarquia católica do Equador está empenhada numa batalha para defender sua rejeição ao projeto de Constituição do presidente Correa, visto como favorável ao aborto.
Segundo o presidente da Conferência Episcopal, monsenhor Antonio Arregui, embora as relações com o chefe de Estado estejam num mal momento, os bispos "vão evitar qualquer tipo de excesso", mas sem renunciar ao direito de se expressarem livremente.
Os bispos se afastaram do plano redigido e aprovado pela Constituinte de maioria governista, alegando que as reformas deixam entreaberta a porta ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, além de confiar ao Estado a educação religiosa nas escolas.
O Equador, com 13 milhões de habitantes, é um país de maioria católica num Estado laico.
domingo, 24 de agosto de 2008
Fodam-se!
O deputado Jair Bolsonaro, ao falar da ditadura, diz que "o grande erro foi torturar e não matar". Quando recebeu gritos de "Punição já" respondeu com "Fodam-se! Fodam-se!". Esse foi o manifesto pela revisão da Lei de Anistia com a participação da UNE, famílias de desaparecidos e o grupo Tortura Nunca Mais (de Goiás). Assista ao vídeo:
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Poemação vai sitiar Brasília durante a I Bienal de Poesia
As apresentações vão ocorrer no Bistrô Bom Demais (CCBB), Café Balaio, Café Martinica, Rayuela Bistrô, Café Com Letras, Café Savana, Açougue Cultural T-Bone, Espaço Cultural Mosaico, Barca Brasília, Praça da Cultura do Conjunto Cultural da República, Auditório do Pátio Brasil Shopping (durante a Feira do Livro de Brasília), Biblioteca Demonstrativa de Brasília, SESC da 504 Sul e bibliotecas públicas das cidades de Ceilândia, Núcleo Bandeirante e Guará.
Apresentações abertas - O POEMAÇÃO tem a intenção de aproximar os artistas do público brasiliense, com apresentações de até cinco minutos cada – intercalando um poeta, um músico e um vídeo poético. Em todos os locais onde é oferecida, a atividade é aberta a apresentações espontâneas de poetas interessados em participar, por meio de inscrições realizadas na hora.
Quem tiver poemas editados em vídeo-clipe e queira mostrar, deve levar uma cópia para projeção nos locais que oferecem essa possibilidade aos participantes (cafés: Balaio, Rayuela, Bom Demais e Savana). Os poetas e músicos também vão poder lançar e vender seus livros, cds e dvds poéticos nas noites de suas apresentações.
A Organização da Bienal Internacional solicita aos artistas que leiam apenas poemas autorais e não de escritores famosos.
Poetas, seresteiros, namorados, programem-se!
POEMAÇÃO MOSAICO SCRN 714/15
Com poetas diplomatas/estrangeiros residentes no DF
2/09 - 21h
POEMAÇÃO PRAÇA DA CULTURA Conjunto Cultural da República
Com poetas nacionais e estrangeiros
3, 4, 5 e 6/09 - 17h
POEMAÇÃO BOM DEMAIS CCBB
4 e 5/09 - de 19h a 21h
6 e 7/09 - de 15h a 20h
POEMAÇÃO BARCA BRASÍLIA Lago Paranoá
Com poetas estrangeiros e músicos convidados
Partida e chegada - Cais do Bay Park
4, 5, 6 e 7/09 - de16h30 às 19h
POEMAÇÃO CAFÉ MARTINICA
Com poetas jornalistas convidados
4, 5 6/09/2008 - 21h30
POEMAÇÃO CAFÉ BALAIO 202 Norte
4, 5 e 6/9 – a partir de 20h
POEMAÇÃO RAYUELA BISTRÔ 413 Sul
4 e 6/09 - 21h30
POEMAÇÃO T-BONE 312 Norte
Com poetas nacionais convidados
4/09 - 20h
POEMAÇÃO BDB 506/7 Sul
Com poetas da Associação Nacional de Escritores e convidados
4/09 – 20h
POEMAÇÃO SESC ESTAÇÃO 504 SUL
Com poetas da Tribo das Artes e convidados
3 e 4/9 - de 19h a 22h
POEMAÇÂO ACLAP MURALHA
Teatro SESC Newton Rossi – Ceilândia
5/09 - 20h
POEMAÇÃO SESC GUARÁ – Esp. Múltiplas Funções
Com o Grupo Margaridas
6/09 - 10h
POEMAÇÃO BIBLIOTECA PÚBLICA CEILÂNDIA
QNN 13 - Módulo B – Área Especial
4/09 - 17h
POEMAÇÃO BIBL. PÚBL. GUARÁ
Área Especial do CAVE - Casa da Cultura
4/09 - 20h
POEMAÇÃO BIBL. PÚBL. NÚCLEO BANDEIRANTE
Praça Padre Roque 3ª Av.
5/09 - 17h
POEMAÇÃO BIPIMENTA NO CAFÉ SAVANA 116 Norte
5/09 - 22h
POEMAÇÃO DO SINDICATO DOS ESCRITORES DO DF
27ª Feira do Livro de Brasília – Auditório Pátio Brasil Shopping
6/09 - de 15h a 17h
POEMAÇÃO CAFÉ COM LETRAS 203 Sul
7/09 - 20h
POEMAÇÃO CORDEL E RAP
27ª Feira do Livro de Brasília - Auditório Pátio Brasil Shopping
7/09 - 19h30
Revolução permanente?
Cuba
Outra enfermaria
Seria trotskista Cuba? Revolução permanente? Ilha afora vemos cartazes, nas estradas, cidades, Fidel, Che, José Martí. Uns lemas: Quem é valente luta, não se rende. É a hora da serenidade e da coragem. É hora de gritar revolução. Sempre um passo à frente. A dignidade como bandeira. Seguimos em combate.
José Martí (1853-1895) era advogado, poeta:
Cultivo una rosa blanca,
en julio como en enero,
para el amigo sincero
que me da su mano franca.
Y para el cruel que me arranca
el corazón con que vivo,
cardo ni ortiga cultivo:
cultivo una rosa blanca.
Mártir da independência. Franzino, inábil nas armas, no primeiro combate a espanholada o matou. Poesia pura. Che era médico. Asmático. Tratava-se com maconha, dizem. Argentino. Há quem diga em Cuba que, vivo, estaria insatisfeito. Seria trotskista? No sentido também de acreditar que um pode fazer a diferença, sendo, como Trotski, um solitário – o homem mais forte é o mais só? Trotski, ferido nas pernas, comandou ataque de baionetas contra tanques. Sucumbiu com uma picaretada na cabeça a mando de Stalin. Che a tiros a mando da CIA.
Ministro da Economia de Cuba, Che pediu aos imediatos dados sobre os quadros com que contavam. Recebeu relação com medidas dos quadros do acervo, tipos de moldura, técnica de cada pintura. A estes burocratas enviava ao campo, cortar cana, ver o que é bom. Assassinado na Bolívia quando tentava insurreição partida do campo, este bolivariano virou mártir. Vemos seu rosto pelos quatro cantos do mundo.
Chego a Santa Clara depois de viajar dez horas. O Santa Clara Libre está sem água. Che tomou a cidade graças a tática genial. O hotel guarda marcas. Porta do elevador baleada. A moreninha ascensorista se orgulha de relatar: Esto es histórico. O que acharia o comandante Che de faltar água no maior hotel de Santa Clara?
Seu corpo repousa aqui. O memorial emociona. Na semi-obscuridade, antúrios, avencas, folhagens, recém-aguadas. Na parede de “pedra-mineira”, 38 medalhões em alto-relevo, os libertadores de Santa Clara. Sob cada efígie, gladíolo (palma-de-santa-rita) colhido naquela manhã. Uma só mulher, boina à Che: Tania. Ao fundo, sobre suporte em forma de pirâmide, arde a pira. Proibido fotografar, filmar. O ambiente impõe respeito.
Lá fora, monumento duns 20 metros de altura, ao pé do qual se chega por uma escadaria. Che de pé, discursando, uniforme de combate. Do lado, menir de 3 metros de altura em que se lê a carta de despedida para Fidel, quando lhe diz que só se arrepende de não ter confiado em sua liderança de cara; que parte para outras lutas; que daria a vida para libertar outros povos da América Latina.
Saí aturdido. Liguei o rádio. Música e serviços. Jorge Felix perdeu uma pequinesa. Passa-se um berço. Se compra refrigerador queimado, se vendem cachorros, se compram móveis usados. Idalia troca sua casa por outra. Alguém perdeu na rua Alemán chaveiro rosado com a foto de “una muchacha”, entregar no Hotel Santa Clara. E segue um merengue.
Pedra de Responsa: encontro entre Bush e Fidel. Não pode haver confusão por lá. Será que não dá para se comportar como adultos? Por que Cuba fora da ALCA? Que história é essa? Ali tem um povo bem legal. Clube Amigos de Cuba, que tal? Ajudemos uns aos outros – ou salve-se quem puder?
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Parece que foi ontem vô...
Espelho
João Nogueira
Composição: João Nogueira
Nascido no subúrbio nos melhores dias
Com votos da família de vida feliz
Andar e pilotar um pássaro de aço
Sonhava ao fim do dia ao me descer cansaço
Com as fardas mais bonitas desse meu país
O pai de anel no dedo e dedo na viola
Sorria e parecia mesmo ser feliz
Eh, vida boa
Quanto tempo faz
Que felicidade!
E que vontade de tocar viola de verdade
E de fazer canções como as que fez meu pai (Bis)
Num dia de tristeza me faltou o velho
E falta lhe confesso que ainda hoje faz
E me abracei na bola e pensei ser um dia
Um craque da pelota ao me tornar rapaz
Um dia chutei mal e machuquei o dedo
E sem ter mais o velho pra tirar o medo
Foi mais uma vontade que ficou pra trás
Eh, vida à toa
Vai no tempo vai
E eu sem ter maldade
Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus por me levar meu pai (Bis)
E assim crescendo eu fui me criando sozinho
Aprendendo na rua, na escola e no lar
Um dia eu me tornei o bambambã da esquina
Em toda brincadeira, em briga, em namorar
Até que um dia eu tive que largar o estudo
E trabalhar na rua sustentando tudo
Assim sem perceber eu era adulto já
Eh, vida voa
Vai no tempo, vai
Ai, mas que saudade
Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade
E orgulho de seu filho ser igual seu pai
Pois me beijaram a boca e me tornei poeta
Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar (Bis)