"Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido" Malcom X
sábado, 29 de outubro de 2005
Violência
Por César Luis M. Franco:
Jornal Correio Brasiliense. Brasília, Sexta-feira 28.10.2005.
BRINCADEIRA FATAL
Rapaz é morto com cinco tiros no Gama na noite de quarta-feira.
CERTAMENTE O DONO DA ARMA NO ÚLTIMO REFERENDO VOTOU:
N Ã O O O O O O O O O O O O O O O O O O O!
Ou seja, nem só arma de bandido mata.
quarta-feira, 26 de outubro de 2005
terça-feira, 25 de outubro de 2005
SOS Altiplano Leste
A APRALB - Associação dos Produtores Rurais do Altiplano Leste de Brasília, congrega desde 1986, proprietários e moradores dos parcelamentos rurais denominados: Sítio Santos Dumont; Sítio Forquilha Encravada; Sítio das Oliveiras; Chácaras Morro Alto; Chácaras Interlagos e Chácaras Paranoá, Trechos I, II e III, todos com chácaras de 2ha ou mais, conforme determina a legislação em vigor. Situada na APA do Rio São Bartolomeu — que possui zoneamento ambiental — mais precisamente em glebas das antigas Fazendas Paranoá e Taboquinha, a região está limitada ao norte pelo Rio Paranoá, ao sul pelos córregos Taboca e Taboquinha e a leste pelo Rio São Bartolomeu.
Quando da fundação desta Entidade, o conjunto desses parcelamentos passou a ser conhecido como Altiplano Leste, denominação esta que posteriormente generalizou-se para toda a região, indo até as rodovias DF001 e DF025, daí até a Barragem do Paranoá, estendendo-se pela margem direita do rio a fazendas e sítios adjacentes.
O Altiplano Leste situa-se em uma região de chapada, extremamente acidentada com área plana bastante reduzida o que inviabiliza culturas de extensão, favorecendo, entretanto, a horticultura, fruticultura e criação de animais, todas em pequena escala. Tal situação propicia à região um baixo adensamento populacional inferior a 1 (um) habitante por ha (segundo técnicos das SEMARH e SEDUH).
Sua condição de zona rural de uso controlado foi desqualificada no último PDOT (Plano Diretor de Ordenamento Territorial) de 1997/98, sem qualquer consulta à Comunidade, modificando-a para zona urbana de uso controlado, contrariando inclusive a Resolução do CONAMA nº 10/88 que é clara em relação à constituição de zonas urbanas em APA’ s, que só podem ocorrer se o zoneamento ambiental permitir.
A Comunidade do Altiplano entende, perfeitamente, a necessidade de se resolver o problema de crescimento populacional do DF (projetado para os próximos anos), mas é imprescindível que se atente para o fato de que tais soluções não venham atender uma minoria que defende interesses econômicos particulares. Apesar de o PDOT ter possibilitado a transformação das chácaras em parcelamentos menores, em nenhuma delas isto ocorreu, demonstrando de forma cabal que a Comunidade do Altiplano rejeita a especulação fundiária, que poderia trazer lucro fácil e imediato, preferindo optar pela proteção ambiental e pela manutenção das características da região. Além disso, a R.A. do Paranoá — onde atualmente o Altiplano está inserido — não teve concluído o seu PDL (Plano Diretor Local).
Prevendo que uma ocupação de 50 habitantes por ha (conforme o regulamentado no adensamento urbano) viria fatalmente a poluir os córregos que abastecem as bacias dos rios Paranoá e do já tão sacrificado Rio São Bartolomeu e acabaria por esgotar os aqüíferos que abastecem as nascentes, de vez que a região não é servida por rede de água e esgoto, valendo-se de poços profundos e fossas que, usados indiscriminadamente, contaminam o lençol subterrâneo. Com o aumento populacional, inúmeras espécies nativas de animais silvestres (algumas sob ameaça de extinção) seriam expulsos de seu “habitat” natural, trazendo danos irreparáveis à fauna da região.
Por oportuno, lembramos que em nossa área existe um pequeno condomínio de apenas 44 lotes (Condomínio Lago Sul II) que se encontra excluído, no mapa, da área pleiteada pela comunidade para se manter como Zona Rural. Quanto ao denominado Condomínio Privê Morada Sul, situa-se fora de nossos limites. Em face do exposto, conclamamos a todos aqueles que se preocupam com a preservação ambiental a nos apoiar na defesa de nossa cidadania, pressionando nossos representantes na Câmara Legislativa do DF, para nos enquadrar no próximo PDOT, como Zona Rural de Uso Controlado.
Moradores do Altiplano Leste
Brasília-DF
segunda-feira, 24 de outubro de 2005
Então, venceu o retrocesso
"O referendo acabou tomando um caráter plebiscitário que contém uma clara manifestação de desconfiança dos cidadãos no Estado brasileiro. Não é uma desconfiança neste ou naquele governo. O recado do cidadão é a desconfiança no Estado. A sociedade mandou dizer que não está nem um pouco satisfeita com as políticas públicas do Estado brasileiro, sobretudo a política de segurança pública, ou a falta de uma política de segurança pública."
Não há porque discordar da afirmação acima, de Lúcia Hipólito.
Resta agora conferir o quanto este resultado concede de vantagem aos grupos mais radicais dentro das diversas polícias. Quer dizer, vamos ver se esses grupos não se considerarão legitimados a agir com mais violência do que já estão agindo.
Saudações pacifistas, ainda.
Enviado por Demétrio Carneiro
quarta-feira, 19 de outubro de 2005
O perigo da Gripe Aviária
Todo mundo devia prestar mais atenção nas aulas de biologia e geografia do 2º grau. Em geral, passamos por lá com médias suficientes para finalizar o período torturante de três anos, já imaginando o terror dos cursinhos e mais quatro ou cinco anos de curso superior. Por essas e outras, quando um furacão, epidemias ou tsunamis, ameaçam a humanidade, boa parte da população acaba tendo que aprender "na marra" o que todas essas manifestações da natureza significam e acabam tendo que confiar nos índices e notícias que saem na imprensa. Estes, nem sempre confiáveis porque saem das cabecinhas criativas de jornalistas mal informados que não tem o compromisso com a informação e publicam a primeira coisa que escutam, como na brincadeira do telefone-sem-fio (Escola Base que o diga).
A mais recente ameaça à humanidade é a Gripe Aviária. A CNN noticiou hoje à tarde que "especialistas informam que a gripe aviária não representa perigo para a humanidade por ser uma doença restrita à espécie." Ora, quem tem coragem de reproduzir uma notícias dessas não lembra das aulas do 2º grau ou, no mínimo, não chegou à apurar a informação com algum "especialista" de verdade. Neste caso específico, é fácil. Basta conversar com qualquer biólogo, veterinário, médico porque seja lá qual forem suas "especialidades", todos aprenderam na fase básica do curso matérias como bioquímica e microbiologia que mostram que NÃO EXISTE VÍRUS QUE NÃO TENHA CAPACIDADE DE MUTAÇÃO. Quase todas as zoonoses conhecidas foram originadas de vírus de animais que sofreram mutações migrando para o organismo humano.
O que os governos em geral - em especial o nosso em meio à toda essa crise política - não querem, é admitir que poucos países estão preparados para combater o que pode ser uma das maiores epidemias que a humanidade já viu. O vírus da gripe tem 80 milhões de anos, sofre pequenas mutações tão logo o organismo humano cria anticorpos e, a cada 30 anos, ressurge em uma nova versão, muitas vezes fatal. Os pequenos roedores foram os primeiros a serem atacados pela gripe ainda em épocas pré-históricas e transmitiram a doença para mosquitos e carrapatos. Esses animais se tornaram imunes, mas o vírus continuou se reproduzindo e se adaptando às mudanças climáticas do planeta.
São raros hoje os idosos com mais de noventa anos mas os que ainda vivem, lembram bem da Gripe Espanhola. No final de 1918 o mundo, recém saído da 1ª Guerra Mundial, assistiu estarrecido e impotente a outra máquina de matar. Ela atacou o planeta inteiro e deixou mais de 20 milhões de mortos - 1% da população mundial à época. Só nos Estados Unidos, 500 mil pessoas morreram, mais do que o número de soldados mortos no campo de batalha durante a Primeira e Segunda Guerra Mundial, Guerra da Coréia e Guerra do Vietnã juntas. O vírus espalhou-se rapidamente e atingiu em maior número moradores das cidades e os mais jovens. O sintomas de uma gripe normal são dores de cabeça e no corpo e congestão nasal. Pois os atacados pela espanhola sofriam bem mais. Os pulmões, congestionados e enrijecidos, tornavam o ato de respirar uma tarefa quase impossível. Relatos da época dão conta de que os corpos ficavam tão arroxeados que distingüir um cadáver de um branco do de um negro não era nada fácil. A gripe tomou o mundo por causa das idas e vindas dos soldados da Primeira Guerra Mundial. Para o front vinham homens de todos os lugares do planeta. Doentes, voltavam para sua terra natal e infectavam mais gente.
Pode-se dizer que a Primeira Guerra, além de matar nas trincheiras, espalhava a morte para todos os cantos, inclusive o Brasil. A primeira notícia do vírus da gripe espanhola no país foi de setembro de 1918, logo depois da chegada de um navio com imigrantes vindos da Espanha. Vários deles apresentavam sintomas da gripe. Outro relato dizia que alguns marinheiros sentiram estranhos sintomas a bordo de um navio que ancorou em Recife. O fato é que no início de novembro de 1918 a doença já tinha alcançado vários pontos do Brasil. As cidades portuárias foram as que mais sofreram. No Rio de Janeiro, morreram 17 mil pessoas em dois meses. Os familiares, desesperados, jogavam seus mortos na rua com medo de contrair a doença. As avenidas ficaram cheias de cadáveres e presidiários foram obrigados a trabalhar como coveiros. Os bondes circulavam abarrotados de corpos. Na frente das principais igrejas, milhares de famílias se reuniam para pedir ajuda a Deus. Em São Paulo, foram mais de 8 mil mortes. Entre as vítimas da gripe estava o presidente da República, Rodrigues Alves. Eleito para o cargo pela segunda vez, não pôde tomar posse e morreu no dia 16 de janeiro de 1919. Os médicos, também alarmados, não sabiam o que receitar e indicavam canja de galinha. O resultado foram saques aos armazéns atrás de frangos. Os jornais afirmavam que o tratamento deveria ser feito à base de pinga com limão ou uísque com gengibre. No Rio, o sanitarista Carlos Chagas comandou o combate à enfermidade. Em Porto Alegre, foi criado um cemitério especialmente para as vítimas da gripe espanhola. Em todo o país foram cerca de 300 mil mortos.
O vírus da gripe quase sempre está presente nos corpos de aves. Os humanos não são infectados por eles mas animais domésticos sim. A classe científica nunca esqueceu a tragédia da gripe espanhola e tenta ainda hoje descobrir os motivos de tanta mortandade. Tanto é que pesquisadores da Escola Willian Dunn de Patologia de Oxford pretendem reconstruir o vírus da gripe espanhola. Os cientistas querem descobrir as razões que levaram o vírus a ser tão letal e, a partir dessas informações, desenvolver métodos de proteção contra futuras pandemias. O vírus poderá ser reconstruído, pelo menos em parte, porque pesquisadores norte-americanos já pesquisaram seqüências de dois dos mais importantes genes de 1918.
Em 1997, um surto da doença foi causado pelo vírus HSN1. O primeiro caso foi registrado em maio e causou quatro mortes em Hong Kong. O vírus já era conhecido, mas só nos casos de infecção em aves. Quando uma mutação genética tornou-o transmissível também aos seres humanos, o governo foi obrigado, para evitar tragédias maiores, a sacrificar 1,4 milhão de aves.
A OMS considera o Sudeste Asiático como o ponto de origem mais provável de uma pandemia. Atualmente, existem 16 focos de gripe do frango confirmados no mundo: Indonésia, Vietnã, Paquistão, Bolívia, Colômbia, Tailândia, Laos,Cambodja, China, Rússia, Cazaquistão, Sibéria, Turquia, Romênia, Croácia e Grécia.
A gripe das aves, também conhecida como gripe do frango, foi identificada pela primeira vez em 1878, na Itália, como uma doença grave dos frangos. A doença pode assumir formas benignas, como problemas para pôr ovos ou penas eriçadas, ou formas altamente patogênicas, que mata as aves de criação em menos de 48 horas. Uma dessas formas, o vírus H5N1, ressurgiu em Hong Kong, em 2003, atingindo, meses depois, Coréia, Vietnã, Tailândia e outros países do sudeste asiático, causando uma elevada mortandade entre aves de criação. Agora, o risco de uma mutação do vírus capaz de afetar os humanos é real. Mais do que real, praticamente inevitável, segundo a OMS. Desde o fim de 2003, pelos menos 117 casos de infecções humanas foram registradas, com 60 mortes. O vírus H5N1 também pode ser transmitido por patos de criação que não apresentem sintomas da doença, alertou a OMS, advertindo que, neste caso os produtores tem altas chances de serem infectados.
O governo de Hong Kong quer adquirir 20 milhões de doses de Tamiflu - único medicamento relativamente eficaz contra a doença - até 2007, número considerado suficiente para controlar a gripe entre os quase 7 milhões de habitantes da cidade. As autoridades também avaliam a possibilidade de utilizar estádios de futebol como hospitais improvisados caso as clínicas fiquem lotadas por uma epidemia generalizada.
Com os hospitais abarrotados com todo o tipo de doenças e traumas sendo atendidos com extrema precariedade, só temos que torcer para que esta gripe não chegue aqui.
Falha nos argumentos pelo NÃO
Por Davi Emerich:
Concordo, a campanha do "não" está uma merda. Salto alto, intelectualizada demais, altista etc.
Preocupo-me é com as pessoas comprometidas com mudanças em todos os níveis em nossa sociedade, se confundindo diante das opções.
Posturas progressistam têm linha, um caminho (por exemplo, o projeto da cerca elétrica é um retrocesso e até comentei isso com o Augusto).
Vamos abrir um debate. Gostaria de um só argumento que justificasse cabalmente o "não".
Antecipo alguns deles:
l) Arma como um direito. Quem deu esse direito, de onde vem, moralmente onde se ampara? Ora, o estado democrático tem o poder de arbitrar certos direitos - e pretende coibir o uso de arma. Por exemplo, ninguém pode andar com bomba de dinamite no bolso, com uma cápsula com bacilos para dissuadir pessoas. Esse negócio de direito é idolatrado nos Estados Unidos, isso porque eles vivem da memória do massacre que perpetraram contra os índios e contra outros povos.
2) Primeiro deve-se desarmar o bandido. Coisa mais idiota, bandido só se desarma com políticas de Estado, com repressão, na marra. Proibir o comércio de armas e municão, é separar a sociedade entre bandido e não bandido, é dar mais instrumento ao Estado para combater a corrupção. O argumento do não nesse sentido, é o mesmo daqueles que querem manter o privilégio de quem tem curso superior no caso das prisões ("só quando o sistema presidiário for melhorado", foi a tese dos parlamentares que sempre votaram contra a proposta), daqueles que insistem em manter os seus filhos em escola pública, nós todos da classe média ("só quando a escola pública for melhorada"), daqueles que continuam querendo facilidade em Imposto de Renda ("eu pago pelo serviço que o Estado não presta!"). São os argumentos dos eternamente "esperando Godot" e como Godot não chega, tudo fica do jeito que está. Ora, isso não é sério.
3) Com o fim do comércio há uma tendência para o aumento de furtos e pequenos roubos. Tudo bem, acho que isso realmente tende a ocorrer em um primeiro momento. Porém, não em nível de violência assustadora (essa não crescerá, manter-se-á nos níveis de hoje; aliás, a proibição vai ajudar a combater este crime). Mas para pequenos furtos há uma tecnologia imensa à disposição. Proiba-se a comercialização e o próprio mercado se encarregará, rapidamente, de fornecer à população outros instrumentos mais eficientes de defesa. E a custos mais baratos.
4) A espada dos samurais, muito mais sagrada que o revólver, tornou-se obsoleta; o revólver como defesa também já o é, o problema é que em torno dele há uma indústria pesada em um culto desmedido (seria melhor apaixonar-se por mulher ou homem, ou pelos dois, dependendo da orientação sexual de cada um);
5) Vamos ao concreto, a arma é símbolo de poder (daí esta paixão maluca por ela até daqueles que não a possuem) e também um símbolo nitidamente machista. Não conheço pesquisa, mas afirmaria que de cada 20 armas de fogo, 19 estão nas mãos de homem (ou que pensam SÊ-LO) e apenas uma na mão de mulher.
Vou trabalhar. Outra hora escrevo mais.
Pelo "sim".
Davi
QUE DEUS NOS PROTEJA
Edir Macedo orou, orou, até conseguir entronizar a Igreja Universal no altar-mor do Palácio do Planalto. Basta o presidente da República pegar o Aerolula, no dia 13, em mais um tour Internacional, para seu correligionário, o vice-presidente José de Alencar, assumir as rédeas do poder, agora sob o teto de um tal de PMR (Partido Municipalista Renovador), cuja formação foi facilitada pelo trabalho de obreiros evangélicos que colheram nas igrejas 438 mil assinaturas para a criação da sigla do multifacetado sistema partidário brasileiro. E bastará ao neocrente Alencar pegar o Sucatão para uma voltinha pelo continente, para o comunismo entronizar o símbolo da foice e do martelo na mesa presidencial. Eis que Aldo Rebelo, do PCdoB, é o segundo homem na linha sucessória.
Até onde se sabe, a distância que une os dois sucessores de Lula é tão estreita quanto a que une o Pólo Norte ao Pólo Sul. O primeiro teria um lastro de 6 milhões de fiéis, no Brasil e em 46 países, mais de 2 mil templos, uma bancada de 30 parlamentares e o respaldo de uma multinacional religiosa que fatura cerca de US$ 1 bilhão por ano. O segundo se funda na história de 60 anos de clandestinidade e conta com uma base ainda pequena, formada por 60 mil militantes e bancada de 9 parlamentares, que defendem o centralismo democrático da utopia socialista. As luzes que os iluminam, convenhamos, irradiam um cromatismo contrastante. Os evangélicos pregam: "Quando você dá seu dízimo, Deus abre as janelas do céu e derrama bênçãos." Os comunistas do PCdoB cantam: "O futuro grandioso dos povos está ligado à substituição do capitalismo pelo socialismo científico que abolirá o sistema de propriedade privada e estabelecerá a propriedade social dos meios de produção."
Pois bem, se a cara de um não se assemelha ao focinho do outro, mesmo que estejam próximos ao assento presidencial, é porque o Brasil é isso mesmo que o leitor está pensando, ou, se quiser, abriga uma democracia muito frouxa. A separação entre Igreja e Estado não levada a sério. Mas, no Brasil, há lugar para tudo. Na nossa democracia tudo é permitido, inclusive o que é proibido.
Veja-se a argamassa da crise. Disparates misturam-se a tiradas engraçadas e a arremedos trágicos, tudo sob o pano de fundo da provisoriedade. E quem põe lenha na fogueira é o próprio presidente da República. Não é ele que se queixa do denuncismo, tapando a vista para parlamentares envolvidos no esquema de corrupção, para as dezenas de pessoas afastadas da administração e mais de 70 empresas privadas e órgãos públicos relacionados nas investigações? Está cego para tudo isso, mas tem o olho aceso na reeleição. Por isso quer romper os diques da crise. É tudo culpa da urucubaca!!!
Qual é a estratégia? Desarmar o circo das CPI´s. Três ações táticas foram concebidas. A primeira é a dos três macaquinhos, que têm os ouvidos tapados a boca fechada e o os olhos vendados. Trata-se da tática de descaracterizar o ilícito e criar contrapontos e versões para os fatos. Por exemplo, dizer que as oposições e a mídia mentem ou exageram. Lula comanda a tática pela vanguarda. Usa a arma do verbo para atacar a falta de provas nas comissões de investigação. O ministro do dinheiro, Palocci, fica no meio, atirando com a arma das verbas. Os parlamentares ameaçados, a partir dos petistas, guerreiam na retaguarda, promovendo distensões entre Corregedoria e Conselho de Ética, ciscando para os lados e protelando decisões. Dirceu vai até ao Supremo.
A segunda tática é a da mudança de gênero. Governo e petismo, mães da crise, se transformam em pais do Brasil de economia exuberante. Lula continua na vanguarda, assessorado por Palocci, Meirelles e Furlan. Na arena externa, o PT resgata a velha linguagem de vestal. Seu presidente,
Tarso Genro, na TV, conclama as bases a votarem, hoje, no segundo turno das eleições. A retórica é emoldurada pelo slogan "PT Responsabilidade para com o Brasil". É muita cara-de-pau.
A terceira tática é manobrada no Congresso com a ajuda de dois comandantes do teatro de guerra: Renan Calheiros e Aldo Rebelo. O presidente do Senado luta para as CPI's acabarem logo e o presidente da Câmara quer garantir uma agenda positiva para aliviar tensões. A confusão se amplia. Defendendo a seara dos partidos pequenos, onde está o seu PCdoB, Rebelo sugere a votação da reforma política, o bode na sala para aliviar a cláusula de desempenho a vigorar nas próximas eleições. Discute-se como matar o princípio da anualidade e, se for o caso, estuprar a Constituição. O casuísmo entra na pauta. Enquanto isso, a proibição do comércio de armas vai a referendo, no próximo dia 23, sem passar por um debate amplo e sob a suspeita de uma campanha enviesada na TV. Os R$ 600 milhões a serem gastos nesse evento poderiam ser economizados, caso o referendo fosse incluído no pacote eleitoral de 2006.
Fechando as cores da aquarela, emerge nas margens do São Francisco o perfil do bispo Luís Flávio Cappio, em greve de fome por 11 dias contra a transposição das águas do rio, que já foi da "unidade nacional" e hoje é símbolo de desunião. Multidões se solidarizaram com ele, rezando para que o Divino Espírito Santo iluminasse a consciência de Lula. Que prometeu adiar a obra, maneira de evitar o sacrifício do bispo. Só que há uma montanha de R$ 20 bilhões para atrapalhar a ajuda do Espírito Santo. Quanta improvização! Afinal, a transposição irá ou não irá alterar o quadro de seca na região? O que diz a intelligentzia nacional?
E Ia nave và, aos trancos e barrancos, sob a oração evangélica do bispo Macedo, a reza católica do bispo Cappio, a nova fé de José Alencar e a ascensão do comunista Aldo Rebelo. Que Deus ecumênico nos proteja!
*Gaudêncio Torquato, jornalista, é professor titular da USP e consultor político.
SEGURANÇA NÃO SE RESOLVE ARMANDO A POPULAÇÃO
Editorial de hoje do Jornal Valor Econômico:
Existe um curioso cruzamento entre as opções por sexo, idade e renda em relação à proibição do porte de armas e as estatísticas. Segundo pesquisa do Ibope divulgada no último final de semana, os homens apoiarão majoritariamente o "não" no referendo do próximo domingo, onde a pergunta a ser respondida é a seguinte: "O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?". Quanto maior a renda e instrução, maior a chance de ser contrário à proibição.
Esse é um corte social que se assemelha muito ao perfil da violência no país. As vítimas de homicídios dolosos com armas de fogo são, em sua maioria, homens, em geral pobres e freqüentemente negros, segundo o cientista social Luiz Eduardo Soares, em artigo publicado no Valor, no último dia 28. Tirando o fator sexo, todos os outros corroboram a tese de que, em sua maioria, é favorável ao desarmamento a população que tem proximidade física com a violência, não acredita que estar armado vai lhe dar segurança e, provavelmente, teve na família ou na vizinhança jovens homens vitimados por uma arma de fogo - entre 1979 e 2003, quando mais de 550 mil pessoas morreram à bala no Brasil, 41,1% eram jovens entre 15 e 24 anos.
O fato de as mulheres serem favoráveis ao desarmamento em número maior que os homens explica-se pela realidade familiar. Elas são a grande maioria das vítimas fatais de armas de fogo dentro de casa e a maioria desses crimes é cometida pelo marido, companheiro ou namorado. Estudos feitos nos EUA, citados em documento da Anistia Internacional, afirma que, mundialmente, nos assassinatos em família, o número de vítimas mulheres supera o de homens. Ter uma arma aumenta em 41% as chances de alguém ser vitimado em casa mas, para as mulheres, o risco aumenta 271%. Além disso, o uso de armas é uma constante nos crimes sexuais que não são seguidos de morte.
O componente social da questão do desarmamento deve ser considerado. Teoricamente, a população de baixa renda e de baixa escolaridade é a que está mais desprotegida. E talvez para essa camada social o saldo de um ano de Estatuto do Desarmamento seja mais visível. Segundo dados do Datasus, do Ministério da Saúde, em 2004 - quando o Estatuto do Desarmamento já vigia há um ano, e sob o impacto de campanhas de entrega de armas - , as mortes causadas por armas de fogo foram 8,2% inferiores às ocorridas no ano anterior. Segundo estudo feito pela Unesco, foram poupadas, ao longo de 2004, 5.563 vidas.
Outro estudo da mesma instituição constata que, ao longo dos últimos dez anos, as vítimas de armas de fogo no país superaram o número de mortes de 26 conflitos armados do mundo. Foram 325.551 mortes nessa circunstância, uma média de 32.55 por ano. A simples proibição da comercialização, é certo, não vai resolver sozinha esse problema. Mas o fato é que os resultados de um ano de Estatuto do Desarmamento, e a própria experiência internacional, tombam irremediavelmente as evidências para o fato de que uma restrição mais rígida é um fator importante em qualquer política de redução de mortes por armas de fogo. O Canadá mudou sua lei em 1995 e, nos cinco anos posteriores, conseguiu índices 45% mais baixos; em relação às mulheres, a queda foi de 57%.
Existem números para tudo; os argumentos proliferam, às vésperas do plebiscito. A campanha do "não" atraiu eleitores usando principalmente o argumento de que a proibição interferirá no direito constitucional à defesa da vida e do patrimônio. Quando encarado como direito, o uso da arma torna-se ainda mais perigoso. A vida em sociedade impõe como limite à liberdade individual o direito do outro. Nesse caso, o direito individual, de matar, se imporá sobre o coletivo. Sobre esse argumento, a campanha do "não" acrescenta outro, o de que, como o Estado não pode ou não quer prover a segurança do cidadão, quem se sentir ameaçado tem o direito de assumir essa função. Embora os partidários do "não" estejam tomando como "despótica" a decisão de proibir a comercialização de armas, teme-se uma democracia onde qualquer cidadão possa arrogar-se o direito de matar uma pessoa. Os cidadãos brasileiros, inseguros, não devem ser policiais de quarteirão. Devem exigir do Estado que cumpra as suas funções de segurança pública, resolva um problema histórico de má-distribuição de renda e empreenda uma política de desenvolvimento sustentável, que reduza a marginalidade por miséria. Cidadão, definitivamente, não é polícia.
O Desarmamento segundo Rita Lee
Por mim, acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade, até porque elas são desarmadas pela própria natureza: Nascem sem pênis, sem o poder fálico da penetração e do estupro, tão bem representado por pistolas, revólveres, flechas, espadas. Ninguém lhe dá, na primeira infância, um fuzil de plástico, como fazem os meninos, para fortalecer sua virilidade e violência.
As mulheres detestam o sangue, até mesmo porque têm que derramá-lo na menstruação ou no parto. Odeiam as guerras, os exércitos regulares ou as gangues urbanas, porque lhes tiram os filhos de sua convivência e os colocam na marginalidade, na insegurança e na violência.
É preciso voltar os olhos para a população feminina como a grande articuladora da paz. E para começar, queremos pregar o respeito ao corpo da mulher. Respeito às suas pernas que têm varizes porque carregam latas d'água e trouxas de roupa. Respeito aos seus seios que perderam a firmeza porque amamentaram seus filhos ao longo dos anos. Respeito ao seu dorso que engrossou, porque elas carregam o país nas costas. São as mulheres que irão impor um adeus às armas, quando forem ouvidas e valorizadas e puderem fazer prevalecer a ternura de suas mentes e a doçura de seus corações.
Nem toda feiticeira é corcunda. Nem toda brasileira é só bunda.
terça-feira, 18 de outubro de 2005
Deu no blog do Noblat
"O deputado estadual do Rio José Nader Júnior (PTB), vice-presidente da Comissão Especial contra o Desarmamento e pelo Direito à Legítima Defesa, da Assembléia Legislativa, e defensor do voto “Não” no referendo de 23 de outubro, foi preso em flagrante ontem pela Delegacia de Meio Ambiente do Estado do Tocantins (Dema) sob a acusação de crime ambiental e de porte ilegal de arma.
Detido no município de Pium, a 119 quilômetros de Palmas, às margens de um afluente do Rio Araguaia, o deputado, que é filho do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) José Nader, tinha quatro armas e 412 cartuchos de munição, inclusive de uso restrito às Forças Armadas. Também foram encontrados no chalé onde ele estava peixes ameaçados de extinção e de pesca proibida no país."
segunda-feira, 17 de outubro de 2005
Campanha por mamógrafos começa amanhã
Movimento lança campanha Mamógrafos Já!
Amanhã, terça-feira, 18/10, o movimento suprapartidário Amigas & Amigos do Peito fará o lançamento, da campanha "Mamógrafos - Já" para chamar a atenção dos congressistas para a gravidade do câncer de mama no país.
O evento será, às 15h, no Salão Branco da Câmara dos Deputados. O objetivo da mobilização é conscientizar os parlamentares a destinarem recursos no Orçamento da União para a compra de mamógrafos para a rede pública de saúde.
Se cada um dos 513 deputados destinar R$ 150mil das emendas individuais a que tem direito estará ajudando a salvar vidas. Atualmente, apenas 9% dos municípios possuem o aparelho, que é um dos mais importantes instrumentos para detectar o tumor precocemente.
Os militantes do Amigas & Amigos do Peito defendem que os deputados não apenas destinem recursos, mas que se engajem também na campanha contra o câncer de mama. "Queremos despertar a consciência e a fraternidade dos parlamentares", sintetiza TerezaVitale, da Coordenação de Mulheres do PPS. O movimento conta ainda com o apoio do PDT, PMDB, PFL, PV e do PSDB.
A cada ano, dez mil mulheres morrem no Brasil vítimas da doença e 36 milhões de brasileiras usuárias do SUS (Sistema Único de Saúde) poderão estar expostas ao risco de ter câncer de mama se o exame preventivo não for realizado. "Essa tragédia nacional acontece porque 60% dos casos são identificados em estágio adiantado, quando a retirada do seio (mastectomia) é inevitável", explica Tereza.
Das forças que atuam na política local e do poder da bala
Em novembro de 2004, Tânia Capra, então Assessora de Planejamento do ICS/Codeplan (hoje Coordenadora Executiva do COMDEMA Paranoá) registrou ocorrência na 6ª DP sobre uma ameaça de morte que havia recebido naquele dia de um policial militar, Mário Pereira da Costa. Contou que conversava com Herlex Capelosa, morador do Paranoá, em sua sala na Administração quando o policial se aproximou e, passando a proferir impropérios diversos, acabou por ameaçá-lo (Herlex) de morte, provavelmente por, num primeiro momento, tê-lo confundido-o com ela, já que estava em sua sala. O motivo, segundo o próprio Mário, é que ele estaria fotografando sua chácara. Imediatamente Tânia asseverou que ela sim é que estava fotografando as áreas para protocolar denúncia ao Ministério Público pois estas pertenciam à antiga Fazenda Nossa Senhora Aparecida e que constituíam ocupação irregular (grilagem) de terras. Indignado, Mário gritou que "caso ela voltasse a fotografar a área, sofreria as consequências" e ao se dirigir à ela, fez questão de se identificar com nome completo e insígnia o que possibilitou à ela que a ocorrência fosse registrada com os dados fornecidos por ele mesmo, o policial militar Mário.
Tânia temia por sua própria vida porque na mesma semana seu carro havia sido baleado (sem contudo atingí-la). Na ocorrência, Tânia enfatizou que tinha certeza de que o atentado havia sido praticado a mando de pelo menos uma de duas pessoas, quais eram Erivaldo Mesquita, então Administrador do Lago Norte e o deputado Pedro Passos. Suas desconfianças pautavam-se no fato de que, há tempos havia encabeçado a derrubada da portaria do Condomínio Mansões Alvorada, tendo inclusive oficiado ao Ministério Público os nomes de Erivaldo e Pedro Passos, citados no documento como responsáveis pela ocupação da área. Os dois crimes (a ameaça e o tiro) jamais foram esclarecidos, sequer apurados.
Pois bem, lembrando que este blog já noticiou o comentário da Engenheira Florestal, ex-técnica do MPDF, que contou da dificuldade dos promotores em juntar provas suficientes contra os mentores do esquema de grilagem no DF por se cercarem de laranjas e jagunços que ameaçam fiscais e lembrando também do ocorrido com o ex-Administrador do Paranoá, Figueiredo, que teve seu carro incendiado em 2001 em circunstâncias até hoje não esclarecidas.
Hoje, em reunião com o atual Secretário do Meio Ambiente, Antônio Gomes, membros do COMDEMA residentes próximos à área em questão, notificaram ao secretário que, não só a área continua sendo ocupada, com obras em andamento, como jagunços armados tomam conta do local. Sabe-se que o Condomínio Village Alvorada (aquele próximo à Ermida Dom Bosco), joga seu esgoto in natura dentro do Lago. O que está se criando é outro igual à este na outra margem. A diferença entre a invasão do Itapuã (mais nova favela de Brasília, recentemente elevada à condição de RA) e estes condomínios de luxo é tão somente o poder aquisitivo de seus moradores. Quem realmente lucra com esse esquema tem poder suficiente para modificar pareceres técnicos e até influir nas decisões do Governador.
Um técnico de carreira da área de licenciamento da Administração do Paranoá, contou-nos que presenciou, num espaço de quatro dias, uma mudança de parecer técnico de uma área que ele mesmo havia discutido e demarcado com técnicos da SEDUH. Dias depois, encontrou o mapa da área completamente modificado sendo ele o técnico que orienta esta atividade e não tendo havido qualquer reunião sobre o tema com ele naqueles dias. Quem tem esse poder? E de que forma consegue isso? Como pode um parecer técnico, constituído após horas de avaliação, estudo, medições, ser modificado dias depois sem razão aparente, sem ter anexado à ele o motivo da mudança, um relatório qualquer que o justifique?
Uma olhada rápida pelo organograma das secretarias envolvidas nas concessões de licenças ambientais e logo percebe-se a extrema burocracia exigida, o que de certa forma poderia ser positivo porque dificulta a ação de "aventureiros". Ou seja, tendo que passar por diversas secretarias, sub-secretarias, ministério público e outras entidades, muitas delas mais de uma vez porque os processos quase sempre retornam à origem, teoricamente torna o processo de obtenção de licenças uma verdadeira maratona, numa espécie de "triagem" natural. O problema é que o esquema de grilagem envolve também juízes, delegados, policiais, deputados e muita, muita guerra política e isso faz com que, no fundo, seja mais fácil pra quem tem mais tempo e dinheiro (isso aliás, eles têm de sobra). Perguntando-se a qualquer técnico de qualquer secretaria ou órgão quanto tempo leva para obter-se um parecer de um pedido de licença, todos são unânimes: ganha quem insiste mais, quem está lá todo dia, quem faz "pressão" porque a demanda é enorme e o número de técnicos é reduzidíssimo. Até aí, tudo bem, mas com toda essa burocracia, como pode um parecer modificar-se da noite para o dia sem que ninguém saiba como isso aconteceu? O mais estranho é que qualquer empresário, após a obtenção da licença, numa briga que pode durar anos, recebe ao final de toda a documentação um parecer final da secretaria na ponta do organograma, recomendando ao Governador o projeto, que tem que autorizá-lo por decreto. Ou seja, se depois de tudo isso, o candidato à ocupação da área pleiteada não for do agrado dele, nada feito. Dessa forma o que se vê é que quase na totalidade, os processos que correm nas secretarias são mantidos por esquemas fortes de grupos poderosos com o objetivo de expansão urbana (condomínios) e que, na espera de licenças, mantém suas atividades em andamento sob a proteção de capangas muitas vezes armados. Após a obtenção da licença prévia, iniciam suas obras (sem esperar pela licença de instalação) e é na base da bala que avançam sem aguardar os trâmites legais. Abrindo no peito e na raça as ruas com tratores e instalando piquetes à noite para fugir da fiscalização que atua somente dentro do horário de "expediente". Diante disso fica a pergunta: quem se beneficia realmente com tudo isso?
Estamos iniciando uma nova época de campanhas e a renovação ou não do quadro político local pode ser o fator determinante para modificar, para melhor ou pior, as ações dessas "quadrilhas" ou "máfias" da grilagem em Brasília. Porém, essa briga pode não ter efeito se não houver um planejamento que possa oferecer à classe média, consumidora direta do produto, opções alternativas de moradia que não passem por obtenção de lotes em áreas de reserva biológica, de mananciais ou de preservação que apenas degradam o cerrado e enriquecem os "mafiosos". Com exceção dos servidores públicos que tiveram, num período da Era Collor, a oportunidade de comprar por financiamento os antigos apartamentos funcionais, Brasília jamais ofereceu à classe média um projeto para obtenção da casa própria. O cálculo dos técnicos do PDOT é que nos próximos dez anos a população do DF chegue pelo menos ao dobro da atual. Onde serão alocadas essas pessoas? Isto, segundo eles, por si só justificaria a transformação de boa parte das áreas de cerrado nativo em áreas de expansão urbana de uso controlado, o que na prática quer dizer que dentro em breve, não teremos uma só árvore retorcida para contar a história.
Porque vou votar SIM apesar dos erros de avaliação da campanha
Voto SIM, por convicção e consciência, mas quero registrar:
1) A campanha do SIM na TV e rádio é uma bosta, mais fedida do que a do NÃO que, pelo menos, apela de maneira EFICAZ aos mais baixos instintos do ser humano. Descobriu como apelar aos instintos animalescos que subsistem e estão sempre prontos a aflorar à superfície de qualquer sociedade supostamente civilizada e em qualquer pessoa. Estamos AINDA mais próximos da besta do que supõe nossa arrogância supostamente civilizada. A força sedutora do lado negro da força e da barbárie é muito forte ainda entre nós. Parece que pode mostrar ser ainda mais forte. Encarar esse fato de frente fará bem a todos nós.
2) A campanha do SIM parece o paraíso das ONGs: apartidária,"politicamente correta", despolitizada, sem a presença desses representantes da podridrão: políticos e partidos. Só aparecem artistas e os ongueiros bem intencionados, imbecilmente "politicamente corretos", cretinamente apartidários e falsamente "apolíticos". É bem possível que sifu. Porque não tem cara, alma, paixão, caráter, não tem apelo, não passa verdade. Na hipótese de vitórias do NÃO teremos de passar em revista muitos conceitos fundantes deste estágio do espaço público, dentre os quais, "sociedade civil organizada" como sinônimo de estágio superior da sociedade, apartidária e apolítica.
3) Nos últimos dias, a rejeição ao SIM adquiriu um caráter de NÃO ao Estado, ao governo e ao PT. Isso tem alimentado o NÃO e tem consequências agora e ao longo de 2006. É o que primeiro me ocorre sobre o quase day after. Ainda assim, votarei SIM. Prefiro não fazer um acordo com o diabo.
domingo, 16 de outubro de 2005
Comércio Local do SMDB está com obras de urbanização pela metade
O Comércio Local do SMDB Sul, na subida da QI 23 (do Big Box), teve suas obras de urbanização suspensas. O esforço conjunto dos lojistas possibilitou a autorização, por parte da Administração do Lago Sul, da execução das obras que já têm projetos aprovados há anos. Felizes com a iniciativa da Administradora do Lago, Natanry Osório, os lojistas tiveram que cessar suas comemorações. Depois de pavimentar parte da entrada do comércio e de concluir a iluminação do estacionamento central, as obras simplesmente foram paralisadas e não há previsão de retomada. A impressão que dá a quem chega ao comércio é que as obras foram feitas exclusivamente para beneficiar o acesso de quem se dirige ao último prédio (onde fica a escola de idiomas Number One), que aliás, é o único que teve a pavimentação e calçamento do estacionamento finalizados. Dizem as más línguas que tal prédio pertence ao filho da Administradora. Ah, então tá.
Defensor das "florestas", mas só em causa própria
Um conhecido deputado petista, carregador da bandeira do ambientalismo, andou decepcionando antigos admiradores. Dois fatos foram narrados à este blog por pessoas diferentes em situações diferentes (detalhe: estas duas pessoas não se conhecem).
O primeiro, geólogo da UnB que gastou muito tempo fazendo campanha para o deputado, contou-nos que decepcionou-se com o falso "ativista" quando passou à presenciar encontros do referido deputado com empresários do DF que estavam com processos em andamento para licenciamento de áreas (com objetivo de exploração de água mineral) cobrando propinas para facilitar o andamento dos processos ou mesmo conseguir sua autorização. O distinto deputado dizia ter "gente sua" dentro de órgãos como a Semarh e a Seduh sendo possível "agilizar" os processos.
O segundo, arquiteto e paisagista conhecido em Brasília, contou-nos que conhece o deputado desde os tempos de movimento estudantil e que certa vez foi preciso entrar com recurso contra um projeto de lei do nobre deputado que queria usar as árvores de Brasília para fazer aquelas redomas com painéis publicitários. Como se já não bastasse o fato da idéia ser de extremo mau-gosto e totalmente irregular em relação às regras de uso dos espaços e imagens da cidade tombada, o deputado tinha já constituído uma sociedade com uma empresa publicitária de outdoors para exploração dos painéis, caso seu projeto fosse aprovado. É isso aí, defendendo o meio ambiente, mas só em causa própria.
Drenagem urbana, ambiente sustentável
Com o objetivo de discutir com a população, além de especialistas do setor, uma nova política de drenagem urbana, ambientalmente sustentável, que evite inundações e enxurradas, e, consequentemente, doenças de veiculação hídrica, como leptospirose e cólera, o presidente da Comissão do Meio Ambiente, deputado Augusto Carvalho (PPS), abre amanhã (17), às 9h30, no auditório da Câmara Legislativa o Seminário “Uma nova política de drenagem urbana para o DF”.
Para o deputado Augusto Carvalho, a falta de drenagem pluvial provoca problemas como inundações, que prejudicam e até interrompem o trânsito de veículos e, pior, pode causar problemas de saúde, como surtos de dengue, e, ainda a contaminação da população por doenças de veiculação hídrica, como leptospirose e cólera. “O lançamento das enxurradas também pode causar poluição dos rios locais e, devido à falta de infiltração natural no solo, os lençóis subterrâneos não são recarregados. E essa situação está cada vez mais presente no cotidiano do Distrito Federal”, alerta Augusto Carvalho.
Informou: Fátima Emediato, da Assessoria de Imprensa do Dep. Augusto Carvalho.
sábado, 15 de outubro de 2005
Atentado no Paranoá não esclarecido desde 2001
E falando na "turma da degradação", soube ontem de um fato muito estranho ocorrido por volta do ano 2001, ainda não esclarecido, que envolveu o ex-Administrador do Paranoá, Francisco de Figueiredo.
Durante seu mandato, Figueiredo - como é conhecido - procurou combater os parcelamentos irregulares e ocupações nas áreas próximas ao Paranoá chegando inclusive à autorizar a derrubada de cercas e casas em condomínios que "surgiam" da noite pro dia (como aliás, acontece até hoje). Ainda assim, nesta época, foi escolhido em consulta expontânea pela população, como o Administrador mais querido de Brasília.
Pois bem, uma noite alguém jogou uma bomba caseira em sua garagem, debaixo do carro de sua filha, fazendo com que o carro se incendiasse por completo. Havia mais de cinco pessoas dentro de casa naquela noite e se o fogo tivesse atingido o tanque de combustível com certeza nenhuma delas sobreviveria ao impacto da explosão.
Diz um morador, amigo do ex-Administrador que não quis se identificar, que uma pessoa fez uma ligação anônima para o Governador Roriz avisando que "se não retirasse o Administrador imediatamente, sua família pagaria o preço". Um pouco antes de ser retirado do cargo, Figueiredo registrou a ocorrência e até hoje o inquérito policial não foi concluído.
Perguntar não ofende: porque as polícias militar e civil nunca concluem (muitas vezes nem chegam a investigar) qualquer denúncia que envolva a grilagem de terras em Brasília? Será por medo? Ou será por interesse?
COMDEMA-Paranoá na defesa do meio ambiente
Segunda-feira, 17 de outubro, às 10h da manhã, na Administração do Paranoá, haverá uma reunião do COMDEMA-Paranoá c/o atual Secretário de Meio Ambiente do DF.
Dentre os assuntos à serem discutidos, o combate aos parcelamentos irregulares da área adjacente à barragem (Paranoá, Itapuã, Altiplano Leste, MI do Lago Norte, Ermida, etc), a questão do lixo espalhado nos parques da região, a ocupação de áreas de mananciais por famílias de moradores de rua, dentre outros assuntos.
Durante os últimos meses, o COMDEMA colheu dados que serão passados ao Secretário na busca de soluções para os problemas do meio ambiente na região.
A reunião é aberta aos moradores da região e demais interessados no assunto.
Obs: com exceção, é claro, de Pedro Barbudo, Zé Edmar, os irmãos Passos, Wagner Pinto e outros da turma por não estarem exatamente "interessados" na preservação da região. ;-)
sexta-feira, 14 de outubro de 2005
O Iraque e o Federalismo
Novamente, a reproduçao de um artigo. Nesse caso, a relevância é extrema, para esclarecimento dos meandros que envolvem a questão do Oriente Médio, tão pouco entendida por aqui em terras tupiniquins. O excelente texto de Yasmin Anukit*, do Instituto de Cultura Árabe, versa sobre a real influência americana sobre o Iraque (atenção, vale a pena ser lido):
Por que o Iraque rejeita a Constituição imposta pelos americanos? Se desejamos compreender sua recusa em aceitar a "Carta" criada pelos EUA, precisamos lembrar algumas questões básicas.
Nas décadas que precederam a Primeira Guerra do Golfo, graças à nacionalização do petróleo em 1972, quando Saddam Hussein ainda era vice-presidente, o país pôde capitalizar recursos que o converteram no maior investidor em tecnologia de ponta do Oriente Médio. Isso possibilitou ao povo atingir um dos mais elevados padrões sociais da região, enquanto as mulheres iraquianas obtinham acesso à educação e ao trabalho numa escala sem precedentes. Entretanto, quatro grandes fatores solaparam estas conquistas: o intervencionismo militar dos falcões; os interesses hegemônicos do capital neoliberal; a rapinagem às maiores reservas petrolíferas mundiais e, last, but not least, a política de segurança da extrema-direita israelense.
A agressão violenta ao Iraque visou a aniquilar a soberania do país, considerado o último bastião do nacionalismo árabe e, cujas altas reivindicações por independência política-econômica ameaçavam as prerrogativas neocolonialistas internacionais. Desencadeada uma inédita sangria que uniu embargo e bombardeios durante mais de uma década, o resultado foram dois milhões de mortos civis e militares.
Interessados apenas "em dividir para reinar", os EUA articulam ofensivas simultâneas para enfraquecer a resistência nacional iraquiana, que, ao contrário de seus opressores, busca, por todos os meios, unir o povo numa mesma frente ideológica. Reduzem a escolha da nação a duas opções midiáticas: "submeter-se à ocupação" ou "guerra civil". Os iraquianos sabem que podem rejeitar ambas.
Assim, as diferenças étnicas (curdas e árabes) e religiosas (xiitas e sunitas) têm sido propagadas pelos poderes hegemônicos imperiais, a fim de fracionar o Iraque da mesma forma ocorrida na Iugoslávia e no Líbano, maquinando a criação duma guerra civil. Terroristas como Al-Zarqawi da Al-Qaeda, e outros, foram, na verdade, ali infiltrados a serviço das forças de ocupação para atacar a população indefesa, disseminando o caos e fomentando conflitos religiosos. A resistência legítima tem como alvo exclusivo os invasores e seus colaboracionistas.
Contudo, o povo iraquiano está perfeitamente alerta contra as malogradas tentativas de mergulhar sua terra num campo de batalha interno.
Um dos principais veículos ideados para balcanizar o país foi a redação de uma Constituição de cunho federalista. Para refutá-la, de norte a sul, milhares de cidadãos saíram às ruas, em manifestações pacíficas por todas as cidades iraquianas, empunhando retratos de Saddam Hussein e dos clérigos Al-Sadr e Al-Khalisi. Quando esta grande mobilização nacional atingiu seu pleno sucesso, vimos mais um atentado, em Bagdá, onde morreram cerca de mil xiitas, com o fito de produzir uma rixa inter-confessional. O federalismo pretende transformar o país num Estado sectário, compartimentado em três zonas autônomas, duas baseadas em divisões religiosas (xiita ao sul e sunita, ao centro) e uma racista (curda ao norte).
A Constituição, portanto, se baseia no retorno ao sectarismo, pretendendo, com isso, descaracterizar a identidade árabe ali tão bem sedimentada, fundamento de suas antiqüíssimas conquistas históricas.
Deste modo, compreende-se porque milhares de manifestantes foram às ruas do Iraque nas últimas semanas, empunhando cartazes onde se lia: "Não ao federalismo, não ao racismo e não ao sectarismo!" "Irmãos xiitas e sunitas, nossa pátria não está à venda!" O líder xiita de Amara, Al Khalisi, numa entrevista à TV AlJazeera, esclareceu: "Não existem xiitas querendo uma Constituição que os sunitas rejeitam! Essa é mais uma estratégia das forças dominantes para conspirar contra a nação. O que há são os seguidores da ocupação de um lado, (que querem impor a Constituição) e de outro, sunitas e xiitas nacionalistas que a repudiam".
Assim, enquanto a maioria do povo iraquiano reivindica um conceito secular integrador, os falcões traçam referentes políticos regressivos - a própria antítese da democracia -para facilitar a tutela neocolonial de Washington, através de guetos tribais, confessionais e étnicos. Em contrapartida, os iraquianos desejam uma nova Constituição que salvaguarde seus direitos civis, iguais perante a lei e livres da ocupação estrangeira.
* Yasmin Anukit, professora de Estudos Orientais e autora do livro "Da Mesopotâmia ao terceiro milênio: Iraque, a ressurreição de um povo"
quinta-feira, 13 de outubro de 2005
O Brasil em 2105
Preferencialmente, esse blog tem por política, evitar a reprodução mera e simples de artigos que não sejam de autoria de um de nossos colaboradores. Porém, alguns valem a pena e são complementares nas discussões que fomentamos por aqui.
O artigo abaixo, acerca do desarmamento, é o mais lúcido que já li até agora sobre o assunto:
O Brasil em 2105
José Paulo Lanyi
O debate sobre a proibição ou não da venda de armas no País é uma afirmação da nossa Democracia. Foi-se o tempo em que só se discutia futebol neste País, o que me enche os olhos.
Uma das peculiaridades dessa polêmica é a "desideologização" da escolha. Como bem sublinhou o Moacir Japiassu, esta não é uma porfia esquerda x direita. Graças a Deus (ou a Marx), pois falta de criatividade haveria, afinal, de ter limite.
Tenho recebido e-mails de colegas SIM e de colegas NÃO. Jornalistas não podem e não devem se furtar de influenciar, em um momento histórico crucial. Daí a profusão de mensagens, seja por e-mail, seja pelo Orkut, ou em artigos e bate-papos etílicos.
Há bons argumentos de ambos os lados, a escolha é mesmo espinhosa. Nenhuma das opções é a ideal, talvez essa seja a única conclusão pacífica.
Quando se pensa que tudo já foi dito, vem-me à mente um pensamento que poucos têm levado em conta. É disso que vou falar aqui para explicar o que me leva a votar pela proibição.
Não enxergo o jornalismo como um mero espelho do dia-a-dia. Vejo-o também como uma grande máquina projetora da História. É assim que, daqui a cem anos, esta mesma Nação poderá conhecer-se pelas linhas do passado.
Tudo o que for publicado hoje poderá ser lido em dezenas, centenas de anos. Basta que se arquive.
Uma curiosidade: como será este Brasil em 2105? Pacífico ou violento? Será que a população continuará embaraçada pelos bandidos e pela inoperância estatal? Ou seremos, enfim, uma civilização? Vejamos a etimologia dessa palavra, conforme o dicionário eletrônico Houaiss: "civilizar + -ção, por inf. do fr. civilisation (1721) 'jurisprudência', (1757) 'o que torna os indivíduos mais sociáveis', (1760) 'processo histórico de evolução social e cultural', (1767) 'estado ideal de evolução material, social e cultural para o qual tende a humanidade'; f.hist. 1833 civilisação".
Não sabemos o que será de nós, o que torna ainda mais difícil a nossa opção, pois seremos cobrados pela nossa escolha, no dia seguinte ao do referendo e daqui a duzentos ou trezentos anos.
Como omissão quase sempre é sinônimo de covardia, ao menos de negligência e de egoísmo, proponho-me a considerar algumas idéias.
Sou um pacifista, portanto armas não combinam com o meu ideal - ainda que se diga que dois países que detenham a bomba atômica estão fadados a se suportarem (até o dia, respondo eu, em que aparecer uma meia-dúzia de dementes para apertar o botão).
Filho de oficial do Exército, só vim a disparar uma arma de fogo há uns cinco anos, levado por um amigo, juiz de direito, ao GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais), da Polícia Militar. Atirei com revólveres e pistolas de diversos calibres: 38, 45, 765, 357. Também estraçalhei o meu alvo com uma 12 e com uma submetralhadora Uzi. Uma estréia e tanto. Apesar da novidade, não gostei da experiência. Fiquei me perguntando como alguém que se diz civilizado pode desfrutar o prazer de destruir o que quer que seja.
O que vou dizer agora não é um raciocínio a favor do SIM, é apenas um fato coincidente: anos depois soube, chocado, que o soldado que me orientou naquele dia foi pego, tempos mais tarde, furtando armamento do quartel. Acusado formalmente, com a vida em frangalhos, o "sniper" ainda perdeu a mulher, que lhe reprovara a atitude. Ela foi embora e envolveu-se com um soldado do Corpo de Bombeiros. Transtornado, o PM pediu-lhe que voltasse. Ela recusou-se. O soldado então invadiu a casa dos ex-sogros e, na frente do filho, assassinou a mulher e matou-se em seguida com um tiro na cabeça.
O que importa mesmo, em minha análise, é a bestificação, a sensação brutal implícita naquela fração de segundo seguinte, em que se ouve uma explosão, simultânea ao "tranco" que se impõe à mão, e algo muito feio se sucede lá do outro lado.
Impressões à parte, volto a um parágrafo anterior para afirmar que não teremos uma civilização enquanto pensarmos e agirmos como um bando de macacos armados e "cheios de razão". Não podemos pensar apenas no minuto seguinte, temos de olhar para o futuro, temos um compromisso histórico com a evolução da humanidade (por piegas que isso possa parecer a alguns).
É evidente que a proibição não vai resolver tudo, isso todo mundo sabe. Mas deverá amenizar algumas conseqüências desse grande equívoco cultural, dando margem a cobranças altissonantes da sociedade, que, impaciente, terá o maior dos argumentos a seu favor na luta contra a criminalidade resultante da omissão do Estado: o exemplo.
Há quem vá pagar com a própria vida, no hiato entre a incompetência estatal e o aprimoramento paulatino da segurança pública? Sem dúvida, eu mesmo posso ser um desses. Mas a História é assim, é ingrata e traiçoeira, sempre haverá sacrifícios. Não podemos, contudo, deixar de agir por medo de que as coisas fiquem como estão. Não, a exigência é um dos motores da civilização, o grito é uma condição da Democracia, que seja exercido por todo o sempre.
Mais de cem anos atrás, a Lei Áurea despejou milhões de negros na inexorabilidade da miséria. Teria sido preferível que fossem tratados com a dignidade que se deve a todo cidadão? Sem dúvida. Teria sido preferível que, libertados dos ferros, recebessem todos os instrumentos necessários para a construção da sua cidadania? Sem dúvida.
Ainda hoje os negros brasileiros estão sofrendo, manietados pelo passado. Mas pergunte a qualquer um deles o que acharia se, sob o pretexto de apenas libertá-lo sob as condições ideais, houvessem adiado a sua alforria para quinhentos anos depois. Teríamos, até hoje, o espetáculo horripilante das casas-grandes e das senzalas, da negação literal e absoluta da condição humana. "Ah, a miséria é pior do que isso...", tal é a cantilena recorrente dos hipócritas. Por que não vão à praça pública defender o agrilhoamento dos favelados? Aguardo sentado a primeira passeata pela escravidão dos pobres.
Eis o ponto de vista que me faz falta nos debates jornalísticos sobre o referendo: a perspectiva histórica, o olhar civilizatório. Que o futuro nos julgue a todos. A gente conversa em 2105.
No Comunique-se, em 13/10/05 http://www.comunique-se.com.br/
Desarme Canadá
Arte do jovem artista canadense Neal (enviada por Demétrio Carneiro). Como vcs podem ver, a questão do desarmamento está na ordem mundial.
quarta-feira, 12 de outubro de 2005
NÃO ESTAMOS VOTANDO EM DESARMAMENTO, ESTE JÁ EXISTE, ESTAMOS VOTANDO EM COMERCIALIZAÇÃO.
Só para que fique claro:
CAPITULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e munição em todo o território nacional, salvo para as entidades previstas no art. 6o desta Lei.
par. 1 Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de aprovação mediante referendo popular, a ser realizado em outubro de 2005.
par. 2 Em caso de aprovação do referendo popular, o disposto neste artigo entrará em vigor na data de publicação de seu resultado pelo TSE.
.......
Ou seja, ninguém está falando em PORTE DE ARMA (aos que estão "preocupados" em manter as suas), ele continua o mesmo (Cap. II - Do Porte).
Ninguém, tendo arma registrada, será obrigado a devolvê-la, mas quem quiser ter uma arma vai precisar ATENÇÃO importá-la e registrá-la devidamente no órgão competente.
NÃO HAVERÁ NENHUMA ESPÉCIE DE DESARMAMENTO FORÇADO.
....existe na lei do comércio exterior um ponto que diz: Um país só pode vender um produto para outro país, se a comercialização do mesmo tipo de produto for permitida no primeiro país.
SE A PROIBIÇÃO FOR REFERENDADA, O BRASIL NÃO PODERÁ VENDER SUA PRODUÇÃO DE ARMAS DE FOGO PARA OS ESTADOS UNIDOS, PORQUE A COMERCIALIZAÇÃO DE ARMAS DE FOGO E MUNIÇÃO PASSARÁ A SER PROIBIDA NO BRASIL.
Enfim, esse é o principal obstáculo da campanha pelo SIM, vencer a indústria de armas de fogo, que será a única que realmente perderá com o resultado positivo da campanha.
Tem grilo na plantação
Dias desses, estive conversando com uma engenheira florestal que trabalhava na promotoria de justiça do MPDF na área de meio ambiente, recentemente transferida p/o Ministério Público Federal, e esta me contou do esforço dos promotores do DF p/combater o parcelamento irregular de terra.
Contou-me que, sua maior frustração, apesar de estar agora muito feliz atuando c/a questão da Amazônia, foi ter saído do Ministério sem ter visto seus companheiros ganharem a batalha contra um conhecido político da cidade que, malgrado o fato de ser notória e publicamente o comandante maior de uma quadrilha de grileiros que atuam na cidade agora ocupa um dos cargos mais importantes e delicados do Governo, tendo inclusive gerado dúvidas e sido motivo de muitas piadas após sua nomeação pelo Governador Roriz.
Segundo ela, é gigantesca a quantidade de documentos que existem de investigações e processos contra essa figura, mas o máximo que eles conseguem é pegar "laranjas" ou imputá-lo por crimes de menor potencial. É impressionante a rede montada p/protegê-lo, com certeza sustentada por dinheiro de muita gente da cidade. Fora a quantidade de jagunços pagos p/vigiar os novos "empreendimentos". Por mais que os promotores se esforcem, não conseguem, dentro das ferramentas que a lei oferece, sustentar denúncia suficiente que o faça ficar realmente no lugar onde deveria estar, o xilindró.
Mas agora que até o Maluf está preso os promotores estão animados, ele que fique de olho.
URGENTE E INADIÁVEL
No mês de julho de 2005 os EUA inauguraram uma base militar dentro do Paraguai e estacionaram ali 400 soldados.
Pergunta-se:
1) Porquê uma base militar americana no Paraguai?
2) Porquê a imprensa brasileira (especialmente a Globo) e latino americana em geral não noticiaram o fato?
3) O que podem os americanos ter levado para o Paraguai? Mísseis? Material atômico? O Brasil está em cima do aqüífero guarani (o maior do mundo), tem a quinta maior reserva de urânio do mundo e a Amazônia está na mira dos americanos há muito tempo.
Por muito menos invadiram o Iraque, passando por cima da oposição da França, da Alemanha e da Rússia. A oposição desses países europeus se deve certamente ao fato de que já notaram que a máfia de ultradireita instalada no Governo americano e na CIA já está colocando em prática seus planos de dominação elaborados desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Sobre o assunto há esse artigo aqui: http://www.espacoacademico.com.br/053/53bandeira.htm
O que fazia o filho de Zé Dirceu no planalto?
Documentos e depoimentos colhidos pela Procuradoria da República no Distrito Federal revelam que a Casa Civil da Presidência montou, entre 2003 e 2004, uma estrutura especial para atender ao filho do ex-ministro José Dirceu (PT-SP), José Carlos Becker de Oliveira, e facilitar a autorização de obras e a liberação de verbas para o noroeste do Paraná.
Becker de Oliveira, conhecido como Zeca Dirceu, é o atual prefeito de Cruzeiro d'Oeste (PR). A reportagem informa ainda que na pressa em atender o filho de José Dirceu, funcionários do extinto Ministério da Assistência Social montaram, de forma irregular, processos com datas retroativas.
O intermediário de toda a operação, segundo a reportagem da Folha, seria o então assessor de José Dirceu na Casa Civil, Waldomiro Diniz. De acordo com as investigações ele contatava nomes importantes nos ministérios, agendava audiências e providenciava o apressamento dos repasses de verbas, que beneficiariam parte do noroeste do Paraná, onde fica a cidade em que Zeca Dirceu é prefeito.
A reportagem revela ainda que em dez meses, entre 2003 e 2004, o filho de José Dirceu reuniu-se pelo menos quatro vezes com Waldomiro Diniz na Casa Civil, foi recebido por pelo menos sete ministros e visitou também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Fonte: Folha Online
segunda-feira, 10 de outubro de 2005
Época e IstoÉ Dinheiro optam pela ética ao abordar referendo
Estão nas bancas três novas edições de revistas com reportagens que abordam o referendo de 23 de outubro. Todas, ao contrário do que fez a Veja na semana passada, buscaram ouvir os dois lados e apresentam as informações de modo a deixar que o leitor decida se quer ou não a proibição do comércio de armas e munição para civis.
A revista IstoÉ vem com a frase "Só você decide" na capa. A matéria traz 7 razões para se votar "sim" e 7 para se votar "não", todas apresentadas por pessoas que já viveram algum tipo de situação envolvendo armas de fogo, a maioria vítimas ou parentes de vítimas. A revista também esclarece dúvidas e entrevista os presidentes das duas frentes parlamentares.
Em IstoÉ Dinheiro, o foco é sobre o impacto econômico da proibição para o mercado de pistolas e munição. A reportagem derruba o argumento de que suspender a venda de armas e balas para civis vá gerar mais desemprego:
"Quando se olha com lupa a possibilidade de perda de empregos, argumento crucial dos fabricantes, nota-se algum exagero. Eles calculam o desemprego de 27 a 40 mil pessoas ao longo de toda a cadeia produtiva. É estimativa inchada. As cinco empresas do ramo empregam, hoje, pouco mais de 6500 profissionais. Historicamente, à medida que o porte e a posse de armas são restringidos, a tendência é a reconversão da produção e comércio para outros produtos. É o que ocorre, já há algum tempo", diz a matéria.
A Revista Época traz reportagem de capa com o título "10 Mitos sobre as Armas", esclarecendo questões polêmicas com profundidade e isenção. Ao investigar a tese "Mais armas = menos crimes", por exemplo, a revista levantou toda a trajetória do seu autor:
"Trata-se de uma fraude. A pesquisa que diz isso foi criada pelo economista americano John R. Lott, em 1998, no livro chamado Mais Armas, menos Crime. (...) Estatísticos e sociólogos, porém, perceberam que os cálculos de Lott foram criados de forma a que os números disponíveis produzissem sempre determinado resultado. (...) Um painel da NAS (a Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos) concluiu que não havia evidência suficiente para sustentar as conclusões de Lott. Até aí, era apenas uma polêmica científica. O caso se agravou quando se descobriu que um número que Lott citara era inventado. (...) Pressionado para apresentar o estudo em detalhes, ele no início disse que o trabalho era de outro estudioso. Depois, alegou que ele próprio havia feito a pesquisa, mas perdera o disco rígido do computador que continha os dados. Pediram a Lott, então, o material bruto, anotações em papel ou registros de seus ajudantes, mas eles não apareceram. O economista americano não conseguiu dizer sequer quem teria financiado tal estudo. As desculpas foram definidas num editorial da revista Science como equivalentes a "o cachorro comeu minha lição de casa". Para se defender, em sites e blogs, o economista até hoje tem o hábito de conectar-se usando pseudônimos para defender a si próprio e xingar os adversários. (...) Longe das maiores universidades, onde não é mais levado a sério, Lott se dedica a aparecer em programas de rádio e trabalha numa ONG ligada ao movimento neoconservador."
FERNANDO SANTANNA, o Adorável Comunista, completa 90 anos
Por Nadja Rocha, do Portal do PPS:
Vadinho, Jubiabá, Pedro Arcanjo e Quincas Berro Da Água. Todos esses personagens jorge-amadianos estão encarnados em um certo comunista "arretado" chamado Fernando dos Reis Sant`Anna, um ser múltiplo e uno, uma síntese de muitos comportamentos e valores colocados a serviço do Brasil. São 90 anos bem vividos, comemorados com uma grande festança em Salvador, capital da imensa Bahia, onde o filho mais velho de "Seu" Pompílio e Dona Genésia estará recebendo, com a fidalguia e a distinção de sempre, no Hotel da Bahia, uma imensidão de amigos feitos ao longo da vida.
“Fernando é a fantástica manifestação de uma grande fidelidade a ideais maiores", sintetiza Roberto Freire, presidente nacional do PPS e companheiro de Constituinte. Nascido em berço de ouro em Purificação, hoje, Irará, em 1915, ano de seca braba no Nordeste, Fernando Sant`Anna, tomou caminho diferente de seus contemporâneos. Logo cedo, vendo que não veio ao mundo para ser mais um alienado na vida, começou a se indignar com as desigualdades sociais e a miséria. “Vai, Fernando, ser um comunista na vida”, teriam- lhe cochichado os orixás.
Seguiu para estudar em Salvador no Colégio da Bahia, no famoso Central dos irmãos Mangabeira (Octávio e João), Carlos Marighella, Mário Alves e tantos outros baianos ilustres. Logo estreou no movimento estudantil e torna-se um militante ativo do Partido Comunista Brasileiro. Daí em diante, Sant`Anna integrou-se completamente à vida da cidade. O interiorano transformou-se rapidamente num soteropolitano legítimo, descobrindo o que Salvador tinha e tem de mais importante: a sua cultura, a sua negritude, o seu gosto pela dança e o seu imenso amor pela vida. "Botei pra quebrar", confessou a Antonio Risério, seu biógrafo em "O Adorável Comunista".
“Quem andou por este país nos últimos 70 anos envolvido com qualquer coisa de política, já ouviu falar, conviveu, conversou, votou e se encantou com esta figura política e humana chamada Fernando Sant`Anna”, define Eduardo Santiago, o Dida, presidente do Diretório Metropolitano do PPS de Salvador. Deputado federal três vezes, um deles constituinte pelo Partidão, Fernando teve o mandato cassado pelo golpe militar de 1964. Exilou-se na então Iugoslávia de Tito, mas, um ano depois, retornou ao Brasil. Entendeu que sua trincheira era aqui. Foi preso e ficou incomunicável, mas isso não o amargurou nem o afastou da política, muito pelo contrário.
“Fernando é um homem de braços abertos para demonstrar sua solidariedade, de braços abertos para fugir dos sectarismos empobrecedores da ação política e abraçar todos os que se mostrem com disposição de lutar a mesma luta, o mesmo ideal, construir a mesma utopia, tudo sem hegemonia nem excludências”, define Arildo Dória, outro camarada velho de guerra.
Bom de papo, gosto refinado, tribuno respeitado, boêmio confesso, finíssimo no trato com as mulheres, o menino de Irará também se notabilizou na Câmara pela elegância. Andava numa “estica” de fazer inveja. Dava gosto vê-lo atravessar os corredores do Congresso a caminho do plenário. Vozeirão inconfundível e andar gingando como um ganso, lá ia Fernando, com seu terno branco de linho diagonal legítimo, sapatos lustrosíssimos e cabelos sempre penteados. Impecável.
Campanha Mantenha a Brazza Acesa
Campanha
MANTENHA A BRAZZA ACESA
"Contribua com o 8º e último filme de Affonso Brazza, "Fuga Sem Destino", que está inacabado por falta de recursos. Deposite qualquer valor na conta-poupança: 10221683-5 variação 01, agência 3476-2, Banco do Brasil. Ajude a preservar a obra de um dos artistas mais importantes de nossa cidade."
Saiba mais em http://www.abcv.com.br/
Toninho Horta no Clube do Choro
Pra colocar na agenda e comparecer:
Volta ao Clube do Choro o guitarrista e compositor Toninho Horta, que se apresenta nesta semana, pelo projeto Villa-Lobos. Ele apresenta um repertório com o maiores sucessos de sua carreira, além de versões para alguns clássicos do choro. Conhecido no meio musical brasileiro desde o final dos anos 60, quando, junto a nomes como Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Wagner Tiso, foi um dos formadores do antológico Clube da Esquina, Toninho Horta já acompanhou também estrelas como Gal Costa, Nana Caymmi e Elis Regina.
Paralelamente à sua carreira artístico-musical, Toninho Horta fundou no ano 2000 o selo Minas Records. Afora tantos projetos, Toninho Horta prepara o Livrão da Música Brasileira, o qual será um marco histórico para os apreciadores, pesquisadores e profissionais de música. Trata-se de uma compilação cronológica de 700 partituras, cifras, letras, além de informações sobre as principais composições que marcaram a história musical do país nos últimos 100 anos.
Horário: De quarta a sexta (12 a 14/10), às 21h30.
Endereço: Clube do Choro (Eixo Monumental, atrás do Centro de Convenções).
Preço: Limitados a R$ 10 e R$ 5 (meia).
Mais uma do Lula
Lula participou nesta segunda-feira do lançamento do edital de licitação para a construção de 26 navios, parte do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro.
Em uma referência indireta à oposição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou que "está cheio de gente" torcendo para que as coisas não dêem certo ao mesmo tempo em que reafirmou que não adotará medidas populistas para obter vantagens nas eleições do próximo ano.
"Está cheio de gente torcendo para as coisas não darem certo. Você já viu torcedor do Vasco torcendo para que o Flamengo ganhe?", reclamou Lula, dirigindo-se a cerca de 3 mil metalúrgicos em Niterói. "Vocês não sabem o que é urucubaca, é gente torcendo para que as coisa não dêem certo. Como Deus é brasileiro, é marinheiro, (...) é de todas as categorias, faz com que as coisas dêem certo", acrescentou o presidente.
Lula repetiu que o país vem atravessando um dos melhores momentos de sua história, entrando num ciclo de desenvolvimento sustentável e que não pode perder essa oportunidade.
"Agora é não permitir que o processo eleitoral venha exigir que o governo tome medidas populistas, algo como jogar para a galera", disse. "Não tomarei nenhuma atitude ou farei gesto para agradar alguns momentaneamente e prejudicar milhões futuramente."
... O Lula é, inegavelmente, uma figura. Mas, que uruca existe, ah, isso existe.
Mais notícias do referendo
Por Joel Alves, do PPS/DF:
Tenho participado de várias palestras e conversas e também percebo o crescimento do NÃO. No início do processo já havia uma previsão do crescimento do NÃO e que a disputa seria acirrada. O NÃO contratou o Chico Santa Rita, marketeiro conhecido, e tem investido pesado. Mas o que eu gostaria de dizer é que O REFERENDO JÁ GANHOU. Independente do resultado, o que a gente verifica é que o Brasil está discutindo este assunto até com certa paixão. Estamos discutindo nosso País e isto é muito importante. A surpresa de ver muitas pessoas, ainda com dúvidas é inevitável, mas a questão é complexa e gera dúvidas, mesmo. Nosso povo precisa de muitos esclarecimentos. A campanha tem apresentado várias falhas, mas é um aprendizado e o que precisamos mesmo é de mais referendos. É isso.
O Comitê Pró-Desarmamento do Guará estará hoje no Rotary Club de Taguatinga participando do debate; amanhã foi convidado para um debate na Bandeirantes com o Deputado Alberto Fraga (que vai ao ar Sábado), quinta-Feira, dia 13, vai ao ar a partir das 20 horas, programa gravado para a TV JUSTIÇA (canal fechado), em que terá do outro lado o pessoal do VIVA (Morra) Brasil. Quinta-feira haverá o show, já noticiado aqui no Café com Letras. A Valéria Velasco, jornalista responsável pela Frente, tem sido muito companheira e estamos trabalhando em sintonia com o CONVIVE e o VIVA RIO.
Show em favor da campanha do SIM
Na 5ª feira, 13/10, show em favor do voto SIM.
No próximo dia 13 de outubro (quinta-feira), às 20:00 hs., GUI NÓBREGA & BETO BUGARIN estarão tocando grandes sucessos da música pop no Café Com Letras (203 SUL). O show é um evento organizado e produzido pela assessoria cultural do Deputado AUGUSTO CARVALHO, no contexto da campanha em favor do "SIM" no referendo a realizar-se no próximo dia 23 de outubro. A entrada é franca.
Independentemente da opinião de cada um sobre o tema, a boa música representa um bom motivo para um encontro com pessoas interessantes, inteligentes e antenadas no mundo em que vivem.
Reunião do COMDEMA Paranoá
No próximo dia 14/10/2005 às 14:00h na Sala de Reuniões da Administração Regional do Paranoá, próximo à EMATER, haverá mais uma Reunião Ordinária da Comissão de Defesa do Meio Ambiente, COMDEMA-Paranoá.
A pauta será:
- Palestra sobre Licenciamento Ambiental c/a Palestrante: Gislene Maria dos Santos Nogueira da SEMARH;
- Discussão sobre o projeto do PDOT p/as áreas rurais do Paranoá;
- Assuntos gerais.
A reunião é aberta a todos os interessados, em especial aos moradores do Paranoá, Setor de Mansões MI do Lago Norte, Região da Ermida Dom Bosco, QI 29 do Lago Sul, Altiplano Leste e demais áreas rurais e urbanas pertencentes à região do Paranoá.
Mais informações no blog da APRALB.
Efeitos do referendo
Por Davi Emerich do PPS/DF:
É visível que o apoio ao "sim" vem caindo. Ao que parece, as forças democráticas não vem se esforçando o suficiente para garantir o que seria uma grande conquista de conteúdo democrático, o fim do comércio de armas e munições.
Enquanto isso, as indústrias vêm despejando dinheiro no mercado - basta ver a postura das revistas de grande circulação.
Quanto ao crescimento do não, entretanto, há um porém. O apoio a ele sempre foi muito grande entre os ricos e a classe média (esteja ela, por exemplo, no Plano, Taguatinga e Ceilândia). O sim tem mais apelo junto aos pobres e aos moradores da periferia, onde as famílias percebem que o caminho das armas está levando seus filhos à morte.
Uma vitória do não levaria a um estudo sociológico profundo. Seria o triunfo da direita, do reacionarismo, do senso comum errático contra todas as igrejas, quase toda a intelectualidade, contra quase todos os artistas, contra quase todas as famílias que tiveram entes queridos tragados pela violência, contra todas as direções partidárias. Se passar o não, que tal fazer um referendo sobre a pena de morte?
Quem defende o não dentro do PPS, infelizmente, do ponto de vista doutrinário não conhece o que pensamos quanto à paz e à democracia.
domingo, 9 de outubro de 2005
EU VOTO SIM NO REFERENDO!
EU VOTO SIM NO REFERENDO.
PORQUE SOU MILITANTE DESDE OS 15 ANOS DE UM PARTIDO QUE TEM A PAZ COMO UMA DE SUAS BANDEIRAS;
PORQUE NÃO ACHO QUE COM UMA ARMA EU POSSA RESOLVER UM PROBLEMA PESSOAL;
PORQUE NÃO ACHO QUE SOU TÃO RÁPIDA A PONTO DE CONSEGUIR ATIRAR ANTES DE UM BANDIDO QUE FAZ ISSO COM EXPERIÊNCIA, NATURALIDADE E FRIEZA;
PORQUE NÃO ME SENTIRIA BEM EM MATAR ALGUÉM MESMO SENDO UM BANDIDO;
PORQUE NÃO QUERO MORRER REAGINDO À ALGUÉM QUE NÃO TEM NADA A PERDER;
PORQUE, A DESPEITO DE TER O DIREITO DE POSSUIR UM OBJETO FEITO PARA MATAR, NÃO TENHO O DIREITO DE MATAR;
PORQUE TENHO AMOR À VIDA;
PORQUE NÃO CONSEGUIRIA CONVIVER COM A IDÉIA DE TER CAUSADO UMA MORTE ACIDENTAL ENTRE MEUS FAMILIARES;
PORQUE ACREDITO NA HUMANIDADE E NAS MIL E UMA POSSIBILIDADES QUE TEMOS A CADA DIA QUE ACORDAMOS E SEI QUE ENCONTRAREMOS UM CAMINHO MELHOR PARA NOS LIVRAR DA VIOLÊNCIA QUE NOS ASSUSTA TODOS OS DIAS;
PORQUE SOU PELO FIM DO PRECONCEITO, E DA INTOLERÂNCIA;
PORQUE SOU PELO FIM DO CONCEITO DE ESTRANGEIRO, PELO FIM DAS FRONTEIRAS E PELA UNIÃO ENTRE OS POVOS...
SONHADORA? PODE SER, MAS EU NÃO SOU A ÚNICA. ;-)
sábado, 8 de outubro de 2005
Viver ou morrer pelo São Francisco
Artigo do Dep. Fernando Gabeira
Depois de sobrevoar a caatinga por algumas horas e passar um dia em Cabrobó, o corpo pede água. Isso é pedagógico porque nos aproxima fisicamente de um problema estratégico do nosso século.
O tema está entrando na agenda por muitos lados, como a seca na Amazônia e a greve de fome do bispo Luiz Flávio Cappio. Tanto o tsunami como a inundação de Nova Orleans são expressões aquosas de um processo de mudança climática, mostrando-nos como o planeta depende de sua enorme porção líqüida.
A transposição do rio São Francisco mexe com toda a minha vida política. Acrescida de um novo componente, a greve de fome de dom Luiz Flávio Cappio, ela me pede respostas e me angustia porque as respostas não são fáceis.
Se entrasse hoje em greve de fome contra a transposição, estaria cometendo um equívoco. Preciso mais de conhecimento do que de jejum. O tema demanda uma abordagem mais ampla e um tempo razoável de estudo, que a crise política nos roubou.
Participei de três leis decisivas nesse campo: uma criou um sistema nacional de recursos hídricos, outra, a ANA (Agência Nacional de Águas), e uma terceira, em que fui relator, tratava da questão da outorga e do estímulo à criação dos Comitês de Bacia.
A idéia desta última é simples: cobrar pela água e destinar o dinheiro à bacia, para que recupere o rio. Quase todos os nossos rios estão pedindo socorro.
Se tanto o governo como o bispo nos dessem um pouco mais de tempo, talvez pudéssemos realizar um grande debate nacional, desta vez para além dos limites de audiências públicas com técnicos e militantes.
Na cadeia, tinha horror às propostas de greve de fome. Um tiro me levou um pedaço do estômago e tentava comer um pouco ao longo de cada dia.
Achava também que a greve de fome era uma forma de protesto político-religiosa, porque envolvia uma autoflagelação. Mais tarde, na história da Índia, compreendi as greves de fome de Gandhi, pois elas eram feitas pela encarnação da independência.
Mas já não tinha a mesma simpatia pela sua idéia de se abster de relações sexuais ainda com saúde. Isso não significa que não admire. Apenas a considero dentro de um quadro político-religioso, do qual me excluo, com minha visão laica do processo.
Considero um equívoco pensar que uma greve de fome pode tornar-se uma coisa comum, que se use diante de qualquer nova obra. Se isso acontecesse, a greve de fome simplesmente desapareceria como forma de luta, tornando-se banal e desinteressante.
O sacrifício do bispo colocou o tema da transposição na agenda, rompendo o bloqueio da crise política. O governo deveria aproveitar a oportunidade e ampliar o debate para além dos círculos especializados.
Observei entre os padres e romeiros uma grande simpatia por Lula. Um dos padres ao microfone, ouvindo um grito oposicionista, advertiu que o único grito autêntico ali era pelo rio São Francisco.
O governo está diante de um grupo que o apoiou e não rompeu com ele. Um grupo que enfatiza a revitalização e quer garantir que os projetos se destinem àqueles que mais precisam da água.
Esse problema, de levar o mínimo de água necessário para uma existência digna ao semi-árido, é um dos mais gigantescos desafios à nossa geração. Estamos de acordo quanto aos objetivos, mas divergimos quanto ao caminho. Quanto mais de acordo estivermos, menos penosa será a tarefa. Simples. O problema, no entanto, é colocar a simplicidade em marcha.
O primeiro passo é dar razões ao bispo para que se convença de que vale mais viver pelo rio São Francisco do que morrer por ele. Diante dele, como diante de Gandhi, meus argumentos partem da esfera rasa onde se não acredita em vida depois da morte.
Um dia, em Cabrobó, senti ao mesmo tempo saudade de água e percebi o que significa o São Francisco para aquelas pessoas. Acho admirável como não ficaram alucinadas naquele clima. Essas pessoas merecem saber direito o que acontecerá com seu rio porque, na verdade, é o que vai acontecer com suas vidas.
O proveito imediato que se pode tirar dessa greve de fome é a consciência de que a idéia de debate sobre o destino de um rio deve transcender os círculos estreitos. Nunca tivemos tão grande oportunidade de buscar consenso em dois temas que entram na agenda: o semi-árido e a revitalização do São Francisco.
Isso é uma novidade, pois a degradação dos rios brasileiros é um dado do cotidiano que jogamos num canto da memória, sobretudo quando não sentimos o cheiro.
Mistérios do caso Celso Daniel
Há muito tempo um conhecido militante do PPS vem fazendo denúncias a respeito do assassinato do Prefeito CELSO DANIEL. Algumas vezes as informações foram repassadas ao jornalista do JORNAL AGORA, Rogério Panda (falecido aos 33 anos) e ao jornalista Alexander Carvalho do DIÁRIO DE SÃO PAULO que sempre estiveram à procura de pistas sobre o crime. Porém, permanecem um mistério muitas questões que, não se sabe porque, a polícia jamais procurou investigar:
1 - Quem fez o pagamento do helicóptero que deu fuga ao preso que depois comandou o sequestro do prefeito;
2 - Onde foi parar o interrogatório do piloto do helicóptero;
3 - O que havia por trás da relação entre Celso Daniel e Sérgio Gomes (o Sombra);
4 - Porque razão a namorada de Celso Daniel arrancou as páginas do livro de visitas do apartamento dele;
5 - Porque Gilberto Carvalho que sempre foi ligado à Lula se transformou em chefe de gabinete do prefeito Celso Daniel, mesmo não tendo ligações anteriores com ele, e de quem partiu a indicação;
6 - Porque a namorada do prefeito foi trabalhar com Lula no palácio;
7 - Porque o PT e Delúbio Soares mais José Dirceu, contrataram o escritório do ex-procurador da república Aristides Junqueira por mais de R$ 500 mil para acompanhar o caso do prefeito assassinado;
8 - Qual a relação existente entre o dinheiro do Marcos Valério e este caso;
9 - Porque o advogado Greenhalg orientou a namorada do prefeito a mentir no inquérito afirmando que estava esperando Celso Daniel em sua casa sendo que ela própria comunicou o sequestro do prefeito estando neste momento fora de Santo André e tendo feito a comunicação uma hora e meia antes do sequestro ocorrer.
Estas informações estão nas investigações do ex-delegado Romeu Tuma Júnior. O delegado, durante reunião na Assembléia de São Paulo, expôs todas estas questões à um grupo de parlamentares avisando que estava sendo ameaçado de afastamento do caso o que aconteceu na realidade, seguido da declaração do Dep. Greenhalg afirmando à imprensa que o assassinato do prefeito não havia sido um crime político.
O ex-Juiz Rocha Mattos declarou à imprensa não ter cópias das fitas grampeadas pela PF, mas pessoas próximas afirmam que ele está aguardando o momento certo.
domingo, 2 de outubro de 2005
Traçando a vida
Aos amigos, informo que ele está bem, ainda internado, mas com previsão de alta em breve. Por enquanto ele não vai poder trabalhar mas eu retomo minhas atividades assim que ele estiver em casa c/a família (incluindo a atualização deste blog). Ele disse que assim que estiver melhor, vai voltar a desenhar, mesmo que ainda esteja em casa. Pra quem quiser mais notícias, o número é 34450000 quarto 205 Hospital Santa Lúcia (em Brasília).
Agradecemos a força e carinho dos amigos e pessoas que amam e admiram o Oscar. Publico também, texto do Amaro Júnior, colega dele do Correio Braziliense que conseguiu resumir essa história trágica de uma maneira, surpreendentemente bonita e, ao estilo do Oscar, com um traço de humor.
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Luís Fernando Pimentel Mendes, o Oscar. Cartunista, cidadão do mundo, como gosta de ser chamado. Naquela noite calçou as botas e iría para uma palestra do colega Jaguar. Ao abrir a porta de sua casa no Altiplano Leste, três homens mal intencionados lhe aguardavam. Tentou, de ímpeto, cerrar a porta. Mas foi alvejado com um tiro na face. Caiu! Os homens entraram e perguntaram: "Cadê as arma? Cadê as arma?". Do chão, balbuciou que não possuía armas. Enquanto um vasculhava a parte de baixo da casa, os outros dois subiram as escadas para procurar "as arma".
Oscar ficou deitado, observando, quieto e se questionava a respeito da chegada de sua hora. Na mente de desenhista e criador sua dúvida latejava mais que o tiro que entrara na bochecha e saíra atrás do ouvido, sem afetar nada! "Será que vou morrer? Preciso avisar a Juliana? Levarão minha Toyota? E Deus existe?" Se existe, com certeza Ele é um cartunista de mão cheia.
O sangue tomava conta do chão e o existencialismo, a mente. Não vou encontrar o Jaguar, mas acho que irei conhecer Outro desenhista, dono de rabiscos e traços de humor corrosivo. Mãos hábeis que desenharam toda a existência em sete dias, perfeitas para trabalhar em uma redação. Estaria tudo pronto, na rede, antes mesmo do pedido de algum jornalista afoito. Será o céu um grande periódico? Boys, secretárias, repórteres, fotógrafos, desenhistas, editores... Tenho certeza que ao lado direito do Criador, e escolhidos a dedo, estão o Nássara, Claudius, Fortuna, Alvarus, Mendez, Henfil, opa! Acho que o Henfil estará à esquerda. Só para contrariar. Acho que Ele não precisa de mim. Já existe muito criador, muito cartunista. Só vou se puder sentar em Seu lugar. Como isso é impossível, vou aproveitar que os dois bandidos estão lá em cima, e este que ficou aqui em baixo só tem um facão e levantar, sair pelos fundos.
O cara já morreu? - perguntaram os do segundo pavimento.
Tá fugindo! Tá fugindo! - gritou com faca em punho o desatento marginal.
O candidato ao posto de desenhista divino esqueceu sua pretensão e correu. Oscar passou por trás da geladeira e ainda sentiu o metal frio do facão em suas costas. Ouviu mais um tiro e correu mais do que a bala. Para aqueles que não conhecem o Oscar, saibam que seu metabolismo é mais lento que de um jabuti. Mas quis Aquele cartunista celestial que o Luís Fernando corresse bem mais que um projetil, pedisse (ele mesmo!) ajuda ao caseiro da chácara ao lado e fosse socorrido pelos bombeiros. Só rindo para acreditar que Oscar passa muito bem, obrigado!